Por que fomos às ruas no 1º de maio?

Por que fomos às ruas no 1º de maio?

*Foto ROBERTO PARIZOTTI/DIVULGAÇÃO/JC – Jornal do Comércio

 Por Marianna Rodrigues – Mestranda em Psicologia Social – UFRGS e Vice-Presidente Regional Sul – ANPG

Fortalecer as entidades representativas para defender a Previdência e derrotar as reformas contra o povo trabalhador!

Nos últimos anos, foi colocado em curso no país um projeto de desmonte do Estado, com grandes ataques aos direitos de nosso povo e as instituições públicas que são patrimônio brasileiro. Podemos citar como exemplo a quebra do monopólio de exploração do Pré-sal pela Petrobrás, a Emenda Constitucional 95, que congelou por 20 anos os investimentos em áreas sociais, mantendo intacto o desvio de dinheiro público para pagamentos de juros e amortização da dívida pública brasileira, ou então a Reforma Trabalhista, que sobrepôs o negociado ao legislado e instituiu os contratos de trabalho intermitente, favorecendo, na contradição entre capital e trabalho, o primeiro, sem falar nos ataques desferidos contra os próprios sindicatos, instrumentos históricos de luta e organização do povo trabalhador.

É nesse contexto, com mais de 13 milhões de brasileiros desempregados e altos índices de trabalhadores na informalidade (quase 40 milhões de pessoas), que o governo tenta impor uma Reforma da Previdência, com o objetivo de acabar com o sistema público de previdência baseado na solidariedade entre trabalhadores da ativa e aposentados e instituir um sistema previdenciário baseado na capitalização, onde cada trabalhador contribui individualmente (faz uma poupança) para o futuro, dinheiro esse que ficará nas mãos de instituições financeiras e fundos de investimento. Além disso, com o aumento do tempo de contribuição, especialmente nesse cenário de alta informalidade e desemprego, será ainda mais difícil conseguir se aposentar com o salário integral, isso se os trabalhadores e trabalhadoras conseguirem efetivamente se aposentar. No que diz respeito a pesquisadores e pós-graduandos, o tempo de contribuição fixado em 40 anos  pode ter dois desfechos: I. Ingressar na pós-graduação com trabalho (para desde já ser contribuinte); ou II. no caso de quem detém bolsa, estender o tempo de trabalho até mais do que 65 anos para receber 100% do que detém direito. Em ambos os cenários, a vida de quem optar pelo ingresso na pós-graduação no Brasil terá uma excessiva sobrecarga de trabalho e condições de sobrevivência ainda mais precárias.

Somam-se isso a nova investida contra os serviços públicos, com intenção de privatizá-los, principalmente o Sistema Único de Saúde (SUS) e as universidades públicas, essas últimas, diga-se de passagem, as melhores do país. O governo que tomou posse a um pouco mais de 100 dias, já apresenta sua face mais cruel, colocando sobre as costas do povo trabalhador brasileiro o peso da crise que vive nosso país… Por essas e outras, precisamos de muita articulação!

Entendemos que é preciso fortalecer as entidades representativas e ampliar a integração com os setores sociais mais atingidos por esse conjunto de ataques. Incentivamos a criação de  Associações de Pós-Graduandos e indicamos que as APGs façam parte de iniciativas como a do Fórum Sindical, Popular e das Juventudes em luta por direitos e liberdades democráticas, a fim de promover debates e ações estratégicas sobre a situação política do Brasil. No Rio Grande do Sul, por exemplo, a APG/UFRGS fez parte do lançamento do Fórum e realiza, neste dia 02 de maio, uma aula pública sobre os impactos da Reforma da Previdência na pós-graduação. Iniciativas como essa podem e devem ser multiplicadas pelo país!

É fundamental a participação dos pós-graduandos e das pós-graduandas na defesa da produção de ciência e tecnologia brasileira para interesses populares, da previdência pública, dos serviços públicos e do patrimônio brasileiro, como as universidades, o SUS, a Petrobrás e a Embraer. Nesse dia 1º de maio, dia internacional de luta dos trabalhadores e das trabalhadoras, todas e todos que defendem uma Universidade Popular estiveram nas ruas para demarcar que almejamos um futuro diferente para nosso país.

 

 

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