Mais direitos para os pós-graduandos deve ser principal bandeira da nova gestão, diz presidenta

carteira de estudante

Tamara

Terceira mulher a assumir, consecultivamente, o posto de presidenta da Associação Nacional de Pós-Graduandos, Tamara Naiz, diz que a principal luta dessa gestão certamente será por mais direitos para os pós-graduandos.

Eleita durante o 24° Congresso Nacional de Pós-Graduandos, Tamara, 29, é mestra em História pela UFG, e especializanda em Docência do Ensino Superior na FMU. Foi Diretora da União Nacional dos Estudantes (UNE) e na gestão 2012-2014 ocupou o cargo de Tesoureira da ANPG. Natural de Brasília, construiu sua militância no movimento estudantil em Goiás e, atualmente, mora em São Paulo.

Confira a entrevista com a recém-eleita presidenta:

Quais serão as principais lutas da sua gestão como Presidenta da ANPG? A principal bandeira da gestão, certamente, será pela conquista de mais direitos para os pós-graduandos, começando pelo direito à assistência estudantil. Além disso, devemos lutar pelo conjunto de resoluções aprovadas durante o 24° Congresso.

 Daqui a dois anos, a ANPG completa 30 anos de existência. O que você acha que avançou na luta dos pós-graduandos ao longo desse tempo, e o que acha que precisa avançar nos próximos anos?
A pós-graduação brasileira passou por muitas fases nestes 30 anos: um processo de expansão e interiorização, ainda insuficientes, para as necessidades de desenvolvimento do país, mas houveram conquistas importantes, sobretudo nos últimos anos. Como o direito à licença maternidade e a conciliação entre bolsa e vínculo empregatício, além do aumento do número de bolsas e dos reajustes dos valores. Esses avanços foram, de fato, conquistas, fruto da luta dos estudantes, no entanto, não há ainda a garantia em lei para sua manutenção. Precisamos consolidar em lei essas conquistas e lutar por mais direitos para os pós-graduandos, como seguro saúde, insalubridade, um mecanismo de reajuste permanente das bolsas de pesquisa, universalização das bolsas, mais modalidades de bolsas, e uma maior expansão e democratização da pós-graduação. Enfim, é preciso que haja uma agenda para a pós-graduação brasileira e os pós-graduandos devem participar e cobrar sua execução.

Nas últimas três eleições da ANPG, foram eleitas mulheres no posto de Presidência da entidade. Você acha que o machismo nas entidades e de forma geral tem diminuído? O que ainda é preciso se fazer nesse sentido?
O machismo na sociedade, de modo geral, tem sido combatido, e isso se reflete na ocupação de novos espaços pelas mulheres. Todavia, os espaços públicos ainda são carentes da participação feminina. A mudança desse estado de coisas é uma construção, é preciso que as mulheres conquistem ainda muitos espaços, sobretudo os públicos, e a equidade salarial. Para se ter uma ideia, segundo o livro “Mestres 2012”, da Capes, as mulheres mestres recebem em media 42% menos do que os homens com a mesma titulação. Também há muito o que combater quanto à objetização do corpo da mulher, quanto à violência, o patriarcalismo, enfim, estamos avançando nas conquistas dos direitos das mulheres, mas há ainda muito em que avançar.

Como você avaliou o 24º Congresso Nacional de Pós-Graduandos? Acredito que foi um congresso positivo, com ampliação das possibilidades de participação dos estudantes, por meio das eleições diretas. Pós-graduandos de instituições de ensino de todas as regiões do país cpmpareceram, os debates foram qualificados e aprovamos uma boa carta de resoluções e propostas para a gestão que se inicia. Além disso, pela primeira vez na história dos congressos da ANPG houve disputa de chapas para a diretoria, o que reforça o caráter representativo, participativo e democrático da entidade.

Qual a sua previsão de lutas e mobilizações do movimento dos pós-graduandos para este ano e para 2015? 2015? Acho que já temos que começar em 2014 a organização e a pressão pela aprovação das pautas indicadas pelo 24° Congresso. Além disso, devemos ter a capacidade de mobilizar e envolver cada vez mais o conjunto dos pós-graduandos nas campanhas e lutas da entidade, para fortalecer nossa organização e aumentar as possibilidades de conquistas.

Qual legado você quer deixar na história da ANPG? A ANPG é uma entidade que está em consolidação. Apesar de existir há 28 anos, foi apenas nos últimos anos que ela adquire um caráter mais abrangente. Creio que um legado dessa diretoria é contribuir para a consolidação da entidade, para uma maior articulação do movimento nacional de pós-graduandos, para a luta por mais investimentos na ciência e na pesquisa brasileira, de mais direitos para os pós-graduandos, enfim, contribuir para a pavimentação de um Brasil mais justo, que procure se desenvolver de modo mais sustentado, e que perceba a Educação, a Ciência, a Tecnologia e a Inovação, como eixos estruturantes desse novo projeto nacional de desenvolvimento. Essas áreas tem um enorme potencial de inclusão, de geração de riqueza e de distribuição dessa riqueza. Temos que sair do potencial e praticar esse novo Brasil, investir nele!

Da redação