Grupos de trabalho do Seminário de Saúde formulam carta pública com possíveis diretrizes para melhora do SUS

carteira de estudante

Grupos de trabalho do Seminário de Saúde, organizado pela ANPG durante a 9a Bienal da UNE, criam carta à população, em busca de um Sistema Único de Saúde com mais qualidade

grupos de trabalho

Rio de Janeiro, 4 de fevereiro de 2015

Carta das Juventudes ao Jovem povo Brasileiro

Nos dias 3 e 4 de fevereiro, durante a 9ª Bienal de Arte e Cultura da União Nacional dos Estudantes (UNE), ocorreu o “Seminário Educação, Saúde e Desenvolvimento: A juventude por mudanças na saúde do Brasil para cuidar bem das pessoas”, realizado em uma parceria entre UNE e a Associação Nacional de Pós-Graduandos (ANPG) e idealizado pelo Fórum Nacional de Pós-Graduandos em Saúde (FNPGS) da ANPG e pelas lideranças ligadas a saúde da UNE. O evento contou com cerca de 300 jovens que representam as pluralidades da população brasileira. O seminário foi realizado em duas manhãs, sendo a primeira de um amplo debate com a participação do Ministério da Saúde, do Conselho Nacional de Saúde (CNS) e da Associação Brasileira de Saúde Coletiva (ABRASCO) e do público presente. Já na segunda manhã foram realizados quatro grupos de trabalho com os seguintes temas: Direito à saúde com ampliação do acesso e atendimento de qualidade; Financiamento adequado do SUS; Valorização do Trabalho e Educação em Saúde, Ciência, Tecnologia e Inovação no SUS; Fortalecimento da participação e controle social na saúde.

O Objetivo deste seminário foi a produção desta carta a ser disseminada a toda juventude do país. Queremos que os ecos das vozes do Brasil presentes no debate cheguem aos Centros Acadêmicos, Diretórios Centrais Estudantis, Executivas de Cursos, Associações de Pós-Graduandos e a toda a sociedade jovem organizada deste país continental que luta por um Sistema Único de Saúde Público, Equânime e Universal. Acima de tudo queremos incentivar que VOCÊ, jovem, participe das etapas da 15ª Conferência Nacional de Saúde que ocorrerão a partir de março nas Plenárias Populares Regionais, seguidas das Conferências Municipais, Estaduais, até culminarem entre os dias 23 e 26 de Novembro na Conferência Nacional.

O tema central do debate ocorrido foi sem dúvida a ampliação da participação popular na construção e na consolidação do Sistema Único de Saúde – SUS público. A presidenta do CNS, Maria do Socorro, evidenciou a vontade de participação da juventude na vida política do país a partir das mobilizações de junho de 2013. O Representante do Ministério da Saúde, Heider Aurélio Pinto, trouxe as mudanças ocorridas no último período em termos de saúde pública como a chegada de médicos a cerca de 50 milhões de brasileiros que estavam desassistidos, graças ao programa “+Médicos para o Brasil +Saúde para você”. Dados contestados pela representante da ABRASCO, Dra. Lígia Bahia, que trouxe em sua fala o grande desmonte do SUS idealizado pelo movimento de Reforma Sanitária dos anos 80 e a clareza de mercantilização da saúde e da privatização do setor no país. O debate girou em torno da necessidade de defender um SUS público gerido pelo estado e que a grande luta neste momento é sem dúvida ser contra as Privatizações que dilaceram o Sistema no país, através de Organizações Sociais (OS e OSCIP), Fundações e Empresas públicas (como a EBSERH).

Já os grupos de trabalho trouxeram as seguintes proposições e bandeiras em relação aos temas.

Direito à saúde com ampliação do acesso e atendimento de qualidade

– Garantir políticas públicas para formação e direcionamento adequado do profissional de saúde, técnico ou graduado, qualificando-os para as necessidades do SUS. Como estratégia para efetivação desta ação se faz necessário implantação de disciplinas específicas voltadas para os novos desafios do SUS, a ampliação das residências em saúde (médicas e multiprofissionais, de preferência integradas) e a capacitação continuada dos profissionais de saúde em todos os níveis.

– Garantia de atendimento qualificado a todas as populações de modo a considerar as vulnerabilidades, levando em conta suas subjetividades e especificidades, tais como: população LGBT, juventude negra, pessoas em situação de rua, gestação não desejada, entre outras. Para esta ação se faz necessária a ampliação das especialidades médicas voltadas para juventude, para a população LGBT, bem como revisão da metodologia de acolhimento, humanização e classificação de risco nas unidades básicas de saúde para estas populações, em especial nas especificidades das pessoas trans e das em situação de rua. Além de mais consultórios de rua e unidades móveis de testes rápidos voltados para estes públicos.

– Promover a integração entre o sistema de saúde e educação, garantindo  o acesso a informação em saúde desde os primeiros anos escolares do indivíduo. Para tal ação propomos a estratégia de implementação de ações (disciplinas ou espaços de debate) que tragam temas relacionados a saúde pública no contraturno das escolas integrais. Garantir dentro dos conselhos de saúde cadeiras para o movimento estudantil local, assim como para representação juvenil. Criar conselhos de saúde infanto-juvenis para que crianças e adolescentes conheçam o funcionamento dos conselhos, a fim de promover o interesse pela causa desde cedo; e aumento no financiamento nas pesquisas voltadas para educação em saúde.

Financiamento adequado do SUS

– Reafirmamos a necessidade dos 10% do Produto interno Bruto Nacional para financiamento adequado da Saúde Pública. Somamos força a grande mobilização em torno do projeto Saúde +10, contudo colocamos o posicionamento de que este dinheiro seja aplicado em saúde pública estatal. Além de termos a clareza da necessidade de uma auditoria popular da dívida pública, para que os ralos de dinheiro da nossa nação sejam esclarecidos.

– A efetivação da Lei complementar nº141/12, pela perspectiva da equidade. Na garantia de recursos para políticas para adolescentes e jovens, bem como a participação dos mesmos nos espaços deliberativos com direito a voto.

– Garantir a participação ativa de jovens, em seus diferentes contextos e realidades sociais, nos espaços de cogestão da saúde. Inclusive nas ações, deliberações, fiscalização e acompanhamento de políticas públicas de saúde em todos os níveis.

Valorização do Trabalho e Educação em Saúde, Ciência, Tecnologia e Inovação no SUS

– Valorização do SUS pela Educação em Saúde em todos os níveis de escolaridade, desde o ensino fundamental, perpassando pela graduação até a pós-graduação em saúde, utilizando práticas interdisciplinares supervisionadas desde os anos iniciais da formação profissional, embasadas em projetos em rede entre universidade/escola – serviços de saúde/SUS, tais como saúde na escola, VER SUS, ligas acadêmicas, entre outros.

– Combate a terceirização e precarização do trabalho, por via da criação de carreira de Estado para profissionais de nível médio e superior, nas instâncias municipal, estadual e federal, admitidos por concurso público e apoio às lutas de categorias em prol da jornada de 30 horas semanais.

– Aprimoramento dos mecanismos de gestão dos SUS, dos processos de trabalho e instrumentos de avaliação do serviço, com a participação de todos os atores sociais: usuários, trabalhadores, gestores, graduandos e pós-graduandos.

Fortalecimento da participação e controle social na saúde

– Realização de uma conferência livre entre UNE e ANPG, mesmo que virtual, para pautar a Conferência Nacional de Saúde

– Fomentar e tencionar espaços de participação social como Fóruns e Conselhos, em diálogo com instituições acadêmicas e científicas como ABRASCO, CEBES, Universidades e executivas de cursos de saúde.

– Fomentar espaços formativos de incentivo à participação popular nas questões de saúde.

Estas foram as propostas que o conjunto de jovens traz para serem colocadas no relatório final da 15ª Conferência Nacional de Saúde, contudo, para que isto se efetive precisamos que você jovem esteja presente e nos ajude a colocar estas pautas nos relatórios das conferências municipais e estaduais. Estamos em ano de mobilização, contamos com VOCÊ e sua mobilização, para cada vez mais efetivarmos um SUS público que cuide cada vez mais e melhor do nosso bem mais precioso, o POVO BRASILEIRO.

União Nacional de Estudantes

Associação Nacional de Pós-Graduandos