8 de março: Ciência também é lugar de mulheres

carteira de estudante

O 8 de março, Dia Internacional da Mulher, é um dia marcado por manifestações e homenagens mundo afora. Tal data

Embora hoje as mulheres componham metade do total de pesquisadores, sua distribuição é desigual dentro das grandes áreas de conhecimento. No campo de linguística, letras e artes, elas chegam a 67% e nas ciências da saúde, a 60%. Nas ciências exatas, porém, são apenas 33% e nas engenharias, 26%.¹

surgiu pela luta por melhores condições de trabalho, historicamente precarizadas em relação à condição masculina. A realidade feminina ainda é a de quem vive em um mundo com cultura patriarcal. Assim, as mulheres ainda são discriminadas sexualmente, no mercado de trabalho, nos espaços de poder e em todos os aspectos da vida pública. Entretanto, há ícones importantes da contribuição das mulheres em todos os campos, inclusive na ciência.

Mayana Zatz, geneticista pioneira; Káthia Maria Honório, professora da USP – foi a laureada na área de Ciências Químicas na edição 2010 do Prêmio L’Oréal/UNESCO “Para Mulheres da Ciência”; Marilena Chauí, filósofa de reconhecimento internacional; Maria da Conceição Tavares, que chegou a participar da elaboração do Plano de Metas do governo JK; Wrana Panizzi, presidenta da Andifes na ocasião da primeira reunião da entidade com um presidente da República e depois vice-presidente do CNPq, são apenas alguns exemplos contemporâneos.

As mulheres já são maioria dentro das universidades. Entretanto, a realidade é que são minoria em cargos de chefia. Além do mais, estar no campo das ciências significa estar em todas as áreas, e isso ainda não é uma realidade para as mulheres. Os estereótipos ainda são muito fortes dentro da academia (e na sociedade como um todo), de forma que áreas como engenharias e tecnologia ainda são majoritariamente ocupadas por homens.

A jornada tripla de trabalho (estudos, casa e emprego) apresenta-se como obstáculo para a garantia do aumento do número de mulheres à frente de pesquisas de ponta. O Estado não oferece suporte suficiente para que a mulher se desobrigue de funções que lhe foram historicamente atribuídas de forma exclusiva, como o cuidado com os filhos. A menor remuneração delas nos mesmos postos de trabalho que eles e as barreiras sociais também impedem uma participação mais protagonista das mulheres na vida pública.

Ganha força a ideia de que a sociedade precisa avançar em termos de emancipação das mulheres, desde o que as nossas crianças aprendem e apreendem (afinal, as meninas brincam de cozinhar enquanto os meninos brincam de carrinhos), até o que publicamos nos livros de História, onde quase sempre o papel da mulher nos grandes acontecimentos é apagado. Mas, principalmente, é preciso fornecer as condições para revelar os talentos e potenciais oprimidos em séculos de confinamento doméstico.

ANPG para as mulheres

O dia 16 de novembro de 2010 marca uma conquista contemporânea grande importância. Nesta data foi publicada, no Diário Oficial da União, a Portaria n° 220, que concedeu licença maternidade às bolsistas da Capes, nos moldes do que já ocorria com bolsistas do CNPq.

Essa vitória é significativa pelo que representa para as centenas de bolsistas pelo país que passam a gozar do direito de serem mães (ao invés de serem condenadas pelo atraso do seu programa de pós-graduação, como até então ocorria), e também porque se deu sob a presidência de uma mulher à frente da ANPG, Elisangela Lizardo.

Ainda há muito que se conquistar no rumo de uma sociedade onde cada um e cada uma tenha a liberdade de ser o que é, contribuindo para o desenvolvimento coletivo com suas qualidades mais próprias.

Emancipação das mentes

 
Marie Curie, Nobel de Física (1903) e Química (1911).

Neste 8 março, a ANPG se imbui do espírito pioneiro e revolucionário de Marie Curie, a primeira pessoa a ser duas vezes laureada com o Nobel de Física (1903 e 1911), e que almejava transformar a ciência. É com este pensamento avançado e ousado que as mulheres poderão conquistar transformações realmente significativas, para elas e para o conjunto da sociedade, que só tem a ganhar com emancipação de mentes e com a diversidade das qualidades daqueles (as) que a conduzem.

Um belo 8 de março a todas as mulheres e a todos os homens que trabalham por um Brasil democrático e um povo livre!

História do 8 de março

No Dia 8 de março de 1857, operárias de uma fábrica de tecidos situada na cidade norte americana de Nova Iorque, fizeram uma grande greve. Ocuparam a fábrica e começaram a reivindicar melhores condições de trabalho, tais como, redução na carga diária de trabalho parada de dez horas (as fábricas exigiam 16 horas de trabalho diário), equiparação de salários com os homens (as mulheres chegavam a receber até um terço do salário de um homem, para executar o mesmo tipo de trabalho) e tratamento digno dentro do ambiente de trabalho.
A manifestação foi reprimida com total violência. As mulheres foram trancadas dentro da fábrica, que foi incendiada. Aproximadamente 130 tecelãs morreram carbonizadas, num ato totalmente desumano.

Porém, somente no ano de 1910, durante uma conferência na Dinamarca, ficou decidido que o 8 de março passaria a ser o "Dia Internacional da Mulher", em homenagem as mulheres que morreram na fábrica em 1857. Mas somente no ano de 1975, através de um decreto, a data foi oficializada pela ONU (Organização das Nações Unidas).

 

ANPG

 

¹ Os dados são do estudo “A participação feminina na pesquisa: presença das mulheres nas áreas do conhecimento”, conduzido por Isabel Tavares, coordenadora da área de iniciação científica do CNPq. Ela se baseou em números de 2006 do Diretório de Grupos de Pesquisa (DGP) da instituição, da Plataforma Lattes e da Coleta/Capes.