Pós-graduandos em defesa da democracia na abertura de seu 25º Congresso

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Com um tom combativo, foi aberto nesta sexta-feira (10) o 25º Congresso Nacional de Pós-Graduandos, na Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), em Belo Horizonte. O evento tem como tema “Democracia para superar a crise e conquistar mais direitos” e atraiu estudantes de todo o Brasil em busca da discussão de meios para enfrentar o momento de crise política pelo qual passa o país.
Durante a cerimônia de abertura, Tamara Naiz, presidente da Associação Nacional de Pós-Graduandos (ANPG), ressaltou a importância do evento como um momento de reflexão e, mais que isso, de reinvenção das formas de participação política para conquistar mais direitos. A presidente lembrou que, em 1996, a UFMG foi cenário do 11º congresso dos pós-graduandos, com o tema de reestruturação da associação.

Segundo ela, desde essa data, a classe passou por um ciclo virtuoso que deve continuar avançando e se fortalecendo. “(O ciclo) não pode ser interrompido pelas ameaças à democracia no nosso país. Não pode ser promovido por uma política econômica que não coloque no seu centro o investimento em áreas estratégicas como a educação, a ciência e tecnologia”, disse. Tamara ainda ressaltou a inventividade dos jovens brasileiros, que podem ajudar a desenvolver cada região do país.  “Para conquistar o Brasil que a gente sonha é preciso muita luta”, afirmou.
Jaime Arturo Ramires, reitor da UFMG, destacou que além do importante debate acadêmico e a evolução da realização de uma mostra científica, é o momento para se debater política. “Não há como no nosso país discutir, hoje, educação, ciência, tecnologia, saúde, direitos de minorias, se não abordarmos a questão política. Não podemos aceitar, de forma alguma, aceitar os recuos, os graves retrocessos. O Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação é só um exemplo. A fusão do MCTI com o de Comunicações descaracteriza o ministério, que foi uma conquista da sociedade acadêmica e científica, há 31 anos estruturado”, disse.
A abertura contou ainda com a presença de Késsia Cristina, presidente da União Colegial de Minas Gerais (UCMG), Luanna Ramalho, presidente da União Estadual dos Estudantes (UEE), Luanna Bonone, secretária adjunta regional da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), Evaldo Vilela, presidente da Fundação de Amparo à Pesquisa de Minas Gerais (FAPEMIG) e Marcio Rosa Portes, subsecretário de ensino superior da Secretaria de Estado de Ciência e Tecnologia e Ensino Superior (SECTES).
As reflexões da presidente da ANPG e do reitor da UFMG estão em sintonia com os anseios dos pós-graduandos participantes do congresso. O mineiro Stephano Ridolfi, mestrando em ciências florestais na Universidade Federal de Lavras (UFLA), acredita que neste momento de crise política é importante defender os direitos dos pós-graduandos. Ele citou a discussão sobre a cobrança de mensalidades e os cortes nas bolsas sanduíches, essenciais para as qualificações dos doutores. “Vemos que a pós não é prioridade desse governo. Temos que discutir para tomar à frente e frear essa barbárie”, disse.
Já Eliseu dos Santos França, doutorando em matemática na Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), disse que além das questões políticas do país, tem como foco discutir a permanência estudantil, especialmente as cotas raciais. “O poder não é feito de vácuo. Se a gente não preenche o espaço, outros vão. É meu dever participar. Ainda mais numa situação de crise como essa, onde temos outro golpe acontecendo”, ressaltou.
São esperadas mais de 600 pessoas na 25ª edição do congresso da ANPG, que se estende até o domingo, 12.

Shirley Pacelli, Jornalista