UFRJ terá centro internacional de pesquisa para o pré-sal

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A Petrobras vai investir US$ 10 milhões na construção de um centro internacional de pesquisa para a área do pré-sal. O centro será construído no Parque Tecnológico da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), em uma área de 8 mil metros quadrados, ao lado do Laboratório Oceânico (Lab Oceânico) da Coordenadoria dos Programas de Pós-Graduação de Engenharia (Coppe).  Para isso foi assinado nessa quinta-feira (10) convênio entre a Petrobras, a UFRJ e a multinacional Schlumberger – empresa franco-americana da área de suprimento em tecnologia e soluções para a indústria de petróleo e gás.
 
O convênio é o primeiro resultado de um acordo de cooperação tecnológica firmado em fevereiro deste ano entre a Petrobras e a multinacional. Com o objetivo de desenvolver pesquisas para os reservatórios do pré-sal, foram negociados quatro projetos – de tecnologias elotromagnéticas para melhorias na caracterização de reservatórios profundos, de tecnologias de análise de dados sísmicos, também para melhorar a caracterização dos reservatórios, de tecnologia de ressonância magnética nuclear, destinado à caracterização de reservatórios complexos e de sensores eletroquímicos. Mais seis projetos estão em fase de negociação.
 
A instalação do centro de pesquisa para o pré-sal é parte de uma estratégia da Petrobras de fomento à formação de um parque tecnológico de ponta em território nacional que envolve três fatores: incremento da infraestrutura experimental da própria Petrobras; investimentos em universidades e institutos de pesquisa brasileiros para a construção de novos laboratórios de padrão internacional; e atração de fornecedores estratégicos da Petrobras em atividades voltadas para o desenvolvimento de tecnologia.
 
"A parceria entre a Petrobras, universidades e fornecedores é histórica. Agora, com o pré-sal, essa sinergia aumenta e será benéfica tanto para a Petrobras quanto para eles da Schlumberger – que é a primeira de muitas companhias de serviço que estabelece seu centro de pesquisas no Brasil. Esperamos que outras também façam o mesmo e já existem negociações em andamento", disse o gerente executivo do Centro de Pesquisas da Petrobras (Cenpes), Carlos Tadeu Fraga.
 
Segundo a Petrobras, a Schlumberger focará sua atuação no desenvolvimento de novas tecnologias na área de petróleo e gás no Brasil, em três áreas: desenvolvimento de software de geociências para o setor de exploração e produção; novas tecnologias para os desafios de produção e caracterização de reservatório no pré-sal; e a criação de um centro de excelência em processamento e interpretação geofísica, cobrindo tecnologias de 4D e medições sísmicas e eletromagnéticas.
 
Para o diretor do Parque Tecnológico da UFRJ, Mauricio Guedes, a chegada de um parceiro multinacional enriquece ainda mais a rede de pesquisa, desenvolvimento e inovação localizada no campus da Cidade Universitária. Além de soluções para os desafios tecnológicos do pré-sal, serão criadas grandes oportunidades para empresas de base tecnológica de menor porte e para pesquisas acadêmicas na universidade, prevê Guedes.
 
Ele adiantou que até o fim deste ano de quatro a cinco empresas nacionais e internacionais estarão instalando novos centros de pesquisa voltados para a exploração e a produção de petróleo na área do pré-sal no Parque Tecnológico da UFRJ, o que proporcionará investimentos de R$ 500 milhões nos próximos três anos.
 
"São centros voltados para o pré-sal, mas que atuarão também em outras áreas. Nós vamos criar aqui um ecossistema de muita vitalidade, envolvendo uma grande empresa como é a Petrobras, uma grande universidade como é a UFRJ, grandes empresas como a Schlumberger e um número cada vez maior de pequenas empresas, que possibilitarão a criação de um movimento virtuoso de tecnologia de inovação nessa área".
 
O diretor do Parque Tecnológico disse não ter dúvidas de que a descoberta do pré-sal está sendo fundamental para atrair esse grande número de empresas. "O Brasil passou a ser um país extremamente relevante para a indústria de petróleo no mundo e nós estamos sendo procurados por todas as grandes players dessa indústria".
 
Para ele, o Brasil tem "cada vez maior importância no cenário econômico-político internacional e a descoberta do pré-sal coloca o país em um patamar inimaginável até há bem pouco tempo no setor de petróleo e, por ser um petróleo localizado abaixo da camada do sal, se impõe às empresas um desafio tecnológico nunca antes enfrentado", avaliou.
 
Também presente à solenidade, o presidente da Schlumberger na América Latina, Cesar Jaime, destacou que o Brasil foi selecionado, entre outros países, "devido às suas características de talentos profissionais altamente qualificados provenientes de reconhecidas universidades, à grande disponibilidade de fornecedores de alta tecnologia e aos desafios apresentados pelos reservatórios localizados no pré-sal".
 
Estatal quer criar maior parque tecnológico de petróleo e gás
 
O gerente executivo do Centro de Pesquisa da Petrobras (Cenpes), Carlos Tadeu Fraga, disse que a estatal brasileira vem investindo cada vez mais em pesquisa tecnológica de ponta, principalmente nas universidades do país, para construir o maior parque tecnológico na área de petróleo, gás e energia do mundo.
 
Para isso, ressaltou, a empresa vem investindo na implantação de um conceito de rede temática, onde foram listados 39 temas de seu interesse, mapeadas as universidades com capacidade para trabalhar junto com os pesquisadores e ajudar a estatal em seu objetivo.
 
"Nós estamos trabalhando em rede com essas universidades como se fosse uma única equipe centrada naquele tema. Quando a gente olha os desafios tecnológicos que a Petrobras tem hoje, sabe que eles demandam recursos e integração com universidades do Brasil e do exterior. Para fazer frente, a Petrobras está construindo novos laboratórios e duplicando a sua capacidade de pesquisa, porque para superar esses desafios é preciso entendê-los e gerar soluções", disse.
 
O executivo da Petrobras lembrou que a empresa está investindo anualmente cerca de US$ 300 a US$ 400 milhões nas universidades brasileiras para adequá-las à nova realidade que surge com o pré-sal.
 
"Estamos investindo na adequação, modernização e construção de laboratórios nas universidades em cada um desses temas. A visão é ter no Brasil instalações experimentais que não fiquem nada a dever, nas áreas onde precisamos, às mais modernas instalações de ensino e pesquisa do mundo".
 
"Repito: a nossa ambição está se materializando e tem por objetivo criar no país o maior parque tecnológico na área de óleo, gás e energia no mundo. Estamos investindo nesse sentido. Não tem por que ser diferente: nós temos grandes desafios e estamos investindo nesse sentido".
 
As declarações do gerente executivo do Cenpes foram dadas durante a solenidade de assinatura de contrato entre a Petrobras, a Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e a Schlumberger para a instalação, no Parque Tecnológico da instituição, de um centro internacional de pesquisa para o pré-sal.
 
O centro está sendo criado para estimular a interação entre a universidade e empresas que investem na inovação. São 350 mil metros quadrados, destinados a abrigar empresas de setores intensivos em conhecimento, com prioridade para as áreas de energia, meio ambiente e tecnologia da informação.
 
"Este ambiente de convivência entre empresários, pesquisadores e estudantes de graduação e pós-graduação, além de estimular o empreendedorismo entre os alunos e gerar programas de estágio, garante às empresas um acesso privilegiado a laboratórios, profissionais de alta qualificação e novas oportunidades de negócios", disse Tadeu.
(Nielmar de Oliveira, Agência Brasil, 11/9)