Petição "Em defesa da liberdade acadêmica e das ciências humanas e sociais" foi entregue hoje

carteira de estudante

Após 13 dias no ar, a petição on-line denominada “Em defesa da liberdade acadêmica e das ciências humanas e sociais”, iniciativa para reunir assinaturas e promover um encontro com o presidente da Capes, Jorge Guimarães, com o propósito de discutir o fomento para as ciências humanas, foi encerrada vitoriosamente.

Foram 8.469 assinaturas individuais, 188 Grupos de Pesquisa de 58 Instituições de Ensino Superior, 57 associações científicas, entidades, blogs e revistas e 23 Programas de pós-rgaduação, de todo o Brasil. A petição foi entregue à CAPES hoje (18), para reivindicar a liberdade acadêmica e maior apoio à pesquisa para as ciências humanas e sociais.

Essa petição foi encabeçada após notícia da negação de um projeto de pesquisa envolvendo três universidades públicas brasileiras, UnB, Uerj e UFRN, por parte da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), ligada ao Ministério da Educação (MEC). Segundo parecer da instituição, a negação do projeto se deu por este utilizar o marxismo “cuja contribuição à ciência brasileira parece duvidosa” como metodologia.

O projeto intitulado “Crise do Capital e Fundo Público: Implicações para o Trabalho, os Diretores e as Políticas Sociais” foi apresentado para um edital da Capes por 19 professores universitários, 9 doutorandos, 15 mestrandos e 27 graduandos da Universidade de Brasília (Unb), da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (Uerj) e da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN).

Os projetos avaliados pela Capes recebem um parecer de um acadêmico que não é identificado. Com o parecer negativo, a instituição não disponibiliza verba para a pesquisa. O parecerista negou o projeto por considerar que a metodologia marxista não viabiliza que a pesquisa atinja seus objetivos.
“A formação proposta estaria no âmbito do método marxista histórico-dialético, cuja contribuição à ciência brasileira parece duvidosa”, escreveu o parecerista que ao avaliar o mérito cientifico da iniciativa voltou a questionar a metodologia.

“Projeto afirma basear-se no método marxista histórico-dialética. Julgo que a utilização deste método não garante os requisitos necessários para que se alcance os objetivos do método científico”, acrescentou.
A pesquisadora Elaine Behring, da faculdade de Serviço Social da Uerj e uma das coordenadoras do projeto, afirma que houve um cerceamento aos marxistas.
“O parecer estava descuidado, mal escrito e inconsistente. É isso que estamos questionando. O sentimento é de cerceamento. O parecerista afirmou que nossa metodologia não é unânime, mas não existe unanimidade no meio nas ciências sociais. O que ocorreu foi um patrulhamento”, afirmou.
Dos 62 projetos aprovados, mais de 90% eram ligados as áreas das ciências exatas e biológicas. A pouca presença das ciências humanas também é uma crítica do grupo de pesquisadores.

Da redação com informações do Jornal da Ciência