Abertura do 5º Salão da ANPG tem tom de críticas ao governo e Diretas Já

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“O quadro atual é muito ruim para a ciência brasileira. Mas eu quero aqui fazer a chamada da esperança. Nós podemos revertê-lo. E nós não podemos ser corporativistas e reclamar só dinheiro pra ciência. A crise na Educação e na Pesquisa brasileira passa pela grave crise que vive hoje a democracia brasileira”, afirmou o físico Ildeu de Castro Moreira, vice-presidente da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência, na mesa de abertura de 5º Salão Nacional de Divulgação Científica da ANPG (Associação Nacional de Pós-Graduandos).
A discussão sobre Os Impactos da Ciência na Sociedade contou também com a presença de: Maria Zaira Turchi, presidente do Confap (Conselho Nacional das Fundações Estaduais de Amparo à Pesquisa); Paulo Sérgio Lacerda Beirão, diretor da Fapemig (Fundação de Amparo à Pesquisa de Minas Gerais); e Tamara Naiz da Silva, presidenta da ANPG. O presidente eleito e ainda não empossado da SBPC, Ildeu Moreira, fez um balanço alarmante dos cortes na Educação do país e destacou a importância de a ciência se preocupar com o bem estar da população e o desenvolvimento do país. “A ciência não é neutra, a tecnologia não é neutra. Tudo depende muito de quem se apropria delas”, sustentou.
A presidenta da ANPG afirmou que não há saída para a crise brasileira que não seja através da democracia e defendeu eleições diretas já. “Esse governo só faz o que faz porque não teve que colocar seu projeto sob o crivo do voto popular. Se tivessem feito ele teria sido derrotado, como aconteceu em 2014”, declarou. Ela também ressaltou a relação longeva e frutífera entre a ANPG e SBPC: “É uma relação que se retroalimenta. Vocês dizem que nós trazemos energia para o debate, nós enxergamos um espelho e um exemplo de pessoas que dedicam a vida ao progresso da ciência e ao desenvolvimento de um país justo e soberano.”
Paulo Beirão traçou um histórico sobre os impactos da ciência na história da humanidade e ressaltou a força que algumas descobertas tiveram ao longo do tempo. “A ciência tem impactos culturais enormes, as pessoas não se dão conta. A terra não ser o centro do universo, isso tem um impacto enorme na nossa civilização. Depois a Teoria da Evolução diz que o homem é um primata. É outro impacto enorme”, discursou. O pesquisador lembrou o exemplo da Coréia do Sul, que em 1998, em meio a uma crise econômica aguda, investiu em Educação e Pesquisa e se tornou uma potência em tecnologia.
Maria Zaira defendeu que os cientistas se engajem na tarefa de visibilizar os impactos da ciência para a sociedade. “Falar que esse impacto é produzir tantos papers não diz nada para a sociedade”, argumentou. Ela afirmou que crê na capacidade da comunidade científica brasileira para superar crises: “Não é por acaso que em momentos de emergência a ciência brasileira responde com rapidez. Nós acreditamos muito na capacidade da comunidade científica. O caso da zika é um exemplo. Reagimos com rapidez, antes da comunidade internacional.”
 
Texto: Felipe Canêdo