Cientistas negros e negras na luta pela democratização na academia

Foto: Patricia Santos

O II Encontro de Jovens Cientistas Negros e Negras da ANPG somou os pós-graduandos na resistência unitária dos movimentos sociais contra a ofensiva conservadora no país. No mesa sobre conjuntura política, os representantes da UNPG, UNE, Unegro, Levante Popular da Juventude, RUA e parlamentares do campo progressista apontaram que a situação exige unidade de trabalhadores, estudantes e academia para impedir que os retrocessos se imponham em todas as áreas.

Para Verônica Lima, primeira mulher negra eleita na cidade de Niterói, amplos setores precisam se aglutinar para responder e derrotar o obscurantismo que emerge atualmente. “Precisamos de uma unidade ampla, porque nossos inimigos podem ter diferenças, mas eles têm unidade no programa que querem implantar no Brasil. Se eles têm unidade, temos que responder com a nossa, e não só para resistência, mas também para acumular força e reverter esse processo”, disse.

Dani Monteiro, eleita a mulher mais jovem deputada estadual da ALERJ, considerou que o atraso do Brasil em sua inserção econômica faz parte do projeto dos países ricos para manter a dependência de uma das maiores economias do mundo. “O que determina o preço do café não é o custo da mão de obra. É a empresa que domina a cadeia produtiva e define, compra o café aqui a vinte centavos e vende na Europa a 40 euros. É o processo do Brasil de extração de comodities que ainda existe no mundo globalizado”.

O discurso de ódio que tem ganhado peso e influência política na sociedade é resultado do esgotamento dos padrões da democracia liberal em tempos de crise do sistema capitalista, na opinião Thais Carvalho “A democracia liberal tornou-se inconciliável com o capitalismo. A “nova direita” canalizou o ódio para, ao invés de as pessoas serem contra o sistema, serem contra o outro. “O problema da luta das mulheres é que elas pegam um vagão para elas na hora que os trabalhadores estão voltando”, ironiza. Mas salienta que isso também é fruto da força que os movimentos sociais e as lutas contra hegemônicas ganharam no último período: “a reação da nova direita também é porque a gente é a juventude que foi pra universidade, que saiu do armário e não volta mais, que não vai largar nosso território”, conclui.

O II Encontro de Jovens Cientistas Negros e Negras da ANPG continua no domingo e deve aprovar propostas da entidade para a democratização da pós-graduação, entre eles a luta pela adoção da política de cotas.