Olimpíada USP de Inovação, em sua segunda edição, fomenta ações criativas e empreendedoras

carteira de estudante

Estabelecer junto à comunidade estudantil a cultura da inovação tecnológica”. Esse é, segundo o professor Vanderlei Bagnato, coordenador da Agência USP de Inovação, um dos principais objetivos da Olimpíada USP de Inovação, promovida pela agência. A competição, que chega à sua segunda edição neste ano de 2011, busca, além de estimular a produção, atuar também na divulgação do material produzido na Universidade.

Procuramos mostrar como a inovação é benéfica para a USP e para a sociedade paulista e brasileira”, diz o professor Bagnato. Muitos dos projetos apresentados na Olimpíada são viabilizados e se tornam produtos que podem ser utilizados pela sociedade. Este foi o caso do dentifrício líquido (gel dental, mas com menor consistência) idealizado por Fabiano Vilhena, formado pela Faculdade de Odontologia de Bauru (FOB) da USP e vencedor da primeira edição da competição.

Vilhena criou um dentrifício que, mais ácido, tem a metade do flúor utilizado nos cremes convencionais – assim reduzindo o risco de fluorose (alterações na formação dos dentes), causado pela ingestão excessiva de flúor. O produto aguarda apenas a autorização da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) para começar a ser produzido. A previsão de Fabiano é que isso ocorra até o começo do segundo semestre. A ideia foi criada em parceria com a orientadora de Vilhena, a professora Marília Afonso Rabelo Buzalaf.

Inovação e inovador

Vanderlei Bagnato aponta que a transferência do que é estudado na pesquisa para a efetiva viabilidade mercadológica sustenta o conceito de inovação que a Olimpíada busca. “Inovação é o ato da criatividade humana para resolver um problema concreto. Quem inova na pesquisa já pensa em necessidades do mercado, de modo geral. Essa ideia deve ser expandida, pois os benefícios não são exclusivos das empresas produtoras. É um lucro do Estado e da sociedade”, afirma o professor.

Vilhena concorda: “o mais interessante da competição não é o prêmio, é sua capacidade de fazer as pessoas pensarem de modo diferente, com empreendedorismo. A USP já é muito forte na pesquisa, falta desenvolver nos alunos maturidade em negócios”. Depois da Olimpíada, ele percebeu novas possibilidades e portas se abrindo: começou um novo projeto, uma marca que disponibiliza kits que buscam melhorar a saúde bucal infantil e coletiva.

É exatamente esse espírito criativo que a competição e a Agência USP de Inovação procuram fomentar. “O inovador não nasce pronto. [A inovação] Pode ter a ver com características pessoais, mas, no geral, as pessoas são treinadas para se tornarem inovadoras e criativas”, atesta o professor Vanderlei. A Agência, criada em 2005, atua principalmente apoiando pesquisas realizadas na Universidade, de modo a incentivar a inovação desde os primeiros anos da graduação.

De empregado a empregador

Imagens: Gettyimages

A primeira edição da Olimpíada USP de Inovação, em 2008, recebeu mais de 400 inscritos e foi bem acolhida pela comunidade acadêmica. A ideia da competição foi nova e gerou expectativas para a segunda, de acordo com o professor Vanderlei Bagnato. “Nesta edição, vamos dar mais visibilidade aos competidores e destaque aos finalistas. Queremos motivar a participação, afirmando que é possível estabelecer uma carreira profissional sendo inovador”, diz o professor.

Segundo ele, só mais recentemente tem-se percebido certa movimentação diferente no mercado de trabalho. Os profissionais, que antes saíam das instituições de ensino apenas para procurar emprego, agora são geradores de vagas. “O Brasil acordou tarde para questões como essa. Somente quando isso for consolidado e virar corriqueiro, aí sim podemos esperar uma explosão de ações que resultarão em novos produtos, em inovação tecnológica”.

A Olimpíada USP de Inovação 2011 tem suas inscrições abertas até 16 de junho no site oficial. O participante deve ter vínculo formal com a USP (aluno, docente ou funcionário); em caso de equipe, ao menos um dos integrantes deve pertencer à Universidade.

A divulgação dos projetos que foram para a segunda etapa de cada categoria (Tecnologias Exatas, da Terra e Engenharias; Tecnologias da Saúde e Biológicas; Tecnologias Agrárias; e Tecnologias Sociais Aplicadas e Humanas) será feita em 16 de agosto.

A premiação geral ocorrerá em 17 de novembro. Para cada categoria, os vencedores ganharão visita a um centro de pesquisa no exterior e um relatório de "Inteligência Tecnológica" oferecido pela Clark, Modet & Co, caso o produto desenvolvido seja patenteável.

 

Fonte: Meire Kusumoto / USP Online