ANPG participa do ATO de manifesto em apoio à reitoria da UnB e em defesa do ensino público

carteira de estudante

Hoje, 27 de abril, aconteceu na Universidade de Brasília, UnB, um ato para o lançamento do manifesto em defesa do ensino público. A presidenta da ANPG, Tamara Naiz, participou do evento e representou a entidade que se solidariza com a causa.
Leia o manifesto:
Manifesto de apoio à Reitoria da UnB e em defesa do ensino público superior brasileiro: A quem interessa que a crise seja entendida como um problema de gestão?
Nós, professores(as), técnicos(as) administrativos e estudantes da Universidade de Brasília, nos manifestamos publicamente em defesa da Universidade de Brasília e das medidas adotadas pela Reitora Márcia Abrahão e sua equipe de gestão para tentar reverter o quadro de crise que assola a UnB e o ensino público superior brasileiro.
Compreendemos que o foco do conflito não é interno à UnB, pois a razão da crise econômica é a Emenda Constitucional 95 aprovada em dezembro de 2016, que impõe limite aos gastos públicos por vinte anos. Considerar a educação pública como gasto e não como investimento é um equívoco político, que só faz sentido na medida em que a opção defendida é a da privatização das universidades públicas brasileiras.
O Ministério da Educação do governo Temer regride as políticas públicas de democratização ao ensino superior e impede que as universidades utilizem os recursos que arrecadam sob a alegação que cumpre as diretrizes da referida Emenda Constitucional 95. Ao mesmo tempo as universidades se tornam alvo de manobras arbitrárias de setores do poder judiciário e espetacularizadas pela  mídia, como as conduções coercitivas que ocorreram com reitores da UFSC e UFMG.
Compreendemos que a ocupação da Reitoria, por um grupo que se identifica como autonomista, nesse momento, torna vulnerável a UnB aos interesses privatistas e neoliberais do MEC e foca no alvo errado. As expectativas de solução dos problemas que vivenciamos, identificadas nas notas do movimento ocupante, apontam, em grande parte, para problemas que só podem ser resolvidos estruturalmente pelo MEC e não por um ato de gestão interna à UnB.
A demonstração de força por meio da unidade da comunidade acadêmica da UnB é uma providência necessária diante dos riscos eminentes de paralisação das atividades da universidade. Para que isso ocorra será necessário a potencialização do diálogo interno, a ampliação de nossa capacidade de diálogo com a sociedade, e a demonstração de força coletiva da UnB em novos atos conjuntos.
O ato convocado pelo DCE e pelo SinTFUB no MEC, no dia 10 de abril, foi bem sucedido em termos de quantidade e qualidade das representações presentes – com exceção da omissa diretoria atual da Associação dos Docentes da Universidade de Brasília (ADUnB). E aponta para a possibilidade de fortalecermos a unidade interna. Entretanto, o grupo que desrespeitou o comando unificado do ato foi o mesmo que ocupou a Reitoria, e embora pouco representativo, sem respaldo das entidades representativas, procura de forma unilateral e por isso autoritária impor à Reitoria os termos do diálogo possível. A quem interessa a UnB paralisada nesse momento em que é acusada falsamente de má gestão de recursos públicos?
Compreendemos que a atual gestão tem se mostrado aberta ao diálogo, tem convidado a comunidade acadêmica para plenárias sobre a situação da crise financeira da UnB, não se recusa a receber as entidades representativas dos três segmentos, tem solicitado aos donos das empresas terceirizadas a revisão dos contratos de modo que se evitem as demissões de funcionários, e tem envidado esforços junto à Andifes e à imprensa para esclarecer a sociedade do que está ocorrendo.
Por fim, não é possível deixar de observar a semelhança da tática utilizada para desqualificar mulheres em cargos de gestão utilizada pelo grupo que tomou de assalto o poder a partir do impeachment da primeira mulher eleita presidenta do Brasil, com 54 milhões de votos. O Ministério da Educação desse governo procura sustentar a narrativa que o problema da UnB é de gestão com manchetes irresponsáveis em anúncios pagos com recurso público, como “A verdade sobre a UnB”.
À primeira mulher eleita para o cargo de Reitora da UnB – que já foi no período do Reuni a Decana responsável pelo planejamento e execução das obras de ampliação da Universidade de Brasília – não cabe a acusação de incompetência na gestão dos recursos destinados ou arrecadados pela Universidade.
Para que o diálogo entre os três segmentos da UnB possa ser fortalecido por meio de suas entidades representativas, e para que a Reitora Márcia Abrahão e sua equipe possam dar continuidade às diversas frentes de ação em defesa da UnB, com o apoio da comunidade acadêmica, solicitamos que àqueles que hoje ocupam a Reitoria considerem nossos argumentos e a desocupem, para que possamos nos manter em luta, unificados em defesa da UnB e do ensino público superior brasileiro.
Brasília, 23 de abril de 2018.
Assine o manifesto aqui:  https://goo.gl/forms/CxXdKRmXd7Ud4dCz1