Pós-graduandos e pós-graduandas contra o golpe, em defesa dos direitos sociais e das instituições democráticas

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Neste momento complexo da conjuntura brasileira a Associação Nacional de Pós-graduandos, entidade representativa de milhões de pós-graduandos no Brasil, se coloca no lado mais coerente da história e repudia o enredo político que promete levar o Brasil à deposição da democracia tão duramente conquistada e a um retrocesso nos direitos sociais e investimentos públicos no Brasil. Os dias que se avizinham valerão por anos e a sociedade brasileira tende a assistir uns dos ataques mais recentes à nossa nova democracia. Os grandes marcos civilizacionais e os direitos sociais garantidos pela Constituição Federal de 1988 estão em risco.

Está em curso um golpe perpetrado contra uma presidenta que não cometeu crime nenhum, como demonstra amplamente todas as investigações e laudos técnicos apresentados até aqui, tanto pelos peritos do Senado Federal quanto pelas conclusões do Ministério Público Federal. O cenário político permite entrever que o julgamento contra a presidenta é um julgamento contra um colégio eleitoral de mais de 100 milhões de eleitores que, em outubro de 2014, foram às urnas depositar o seu direito democrático e soberano de escolher o próximo presidente da República. Um julgamento sem crime que busca vitimar uma presidenta democraticamente eleita é mais do que um julgamento puramente político, mas é um julgamento que leva o Brasil a uma democracia sem povo e, portanto, à destruição das instituições democráticas. De modo que é preciso que a sociedade brasileira reaja contra a dissimulação daqueles que nunca tiveram responsabilidade com a democracia e a conquista de direitos.

A ANPG completou 30 anos em 2016 e só pôde ser fundada graças a redemocratização do país. Em coerência com nossa história, é de nosso dever repudiar e combater qualquer golpe, mesmo travestido em instituições democráticas que deveriam prezar pela defesa do Estado de direito. De outro modo, um ataque à democracia também coloca em risco os investimentos estratégicos que o país vinha fazendo em ciência e tecnologia na última década.

Outrossim, nos solidarizamos com as questões que envolvem a crise econômica que atravessamos e nos colocamos no esforço de discussão de medidas para o Brasil superar a crise, unindo o povo brasileiro, buscando retomar as obras e projetos para o desenvolvimento do país, incluindo a expansão da pós-graduação e a formação de quadros científicos especializados, bem como continuidade de grandes obras na área de ciência e tecnologia. No entanto, acreditamos que só defendendo a democracia e combatendo essa nociva crise política, faremos o Brasil crescer novamente. Essa luta passa pela defesa de um mandato legitimamente conquistado pela primeira mulher a presidir o Brasil.

Por isso, e por fim, e para repactuar nossa democracia, acreditamos que o povo brasileiro deva ser consultado sobre a realização de novas eleições através de um plebiscito. Se todo poder emana do povo, como apresenta nossa Constituição, que a população brasileira decida os rumos para o país, fortalecendo nosso projeto democrático. O povo é soberano e assim deve ser tratado. A Associação Nacional de Pós-graduandos convida os pós-graduandos e a sociedade brasileira a se mobilizar contra o golpe e se coloca na resistência contra qualquer ataque à nossa ainda jovem democracia.

Associação Nacional de Pós-graduandos, 24 de agosto de 2016