Saúde na roda do 25º CNPG

carteira de estudante

Pós-Graduandos(as) de Saúde debatem o tema “Desafios para a Formação em Saúde: Participação Social e Políticas de Equidade” no 25º CNPG

Os pós-graduandos da área da Saúde que vieram ao 25º Congresso de Pós-Graduandos, em Belo Horizonte, se encontraram neste sábado (11) em uma roda de conversa no Centro de Atividades Acadêmicas da Universidade Federal de Minas. No centro do círculo formado por pesquisadores de diversos cursos, de diversas regiões do país, um tema principal: a defesa do Sistema Único de Saúde (SUS) e a necessidade de transformar a formação acadêmica no Brasil em prol da saúde pública e do atendimento às comunidades mais vulneráveis.

Para trazer seus olhares e experiências na área, o professor João Henrique, do departamento de Odontologia da UFMG representou a Rede Unida, uma associação voltada a construção de projetos comuns de instituições, indivíduos, universidades e comunidades para o desenvolvimento da Saúde. “Temos como missão cuidar das pessoas não apenas na questão biológica em si. Apesar disso parecer uma coisa óbvia, ainda precisamos torná-la o grande pano de fundo do debate sobre a saúde no país”, disse.

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Professor João Henrique, Departamento de Odontologia da UFMG Foto: Guilherme Bergamini

Segundo ele, as questões sociais e de atendimento que envolvem o SUS precisam estar fortemente vinculadas à formação multidisciplinar das diversas especialidades da área da Saúde. Para isso é necessário enfrentar o preconceito que ainda existe com o sistema, assim como o lobby dos sistemas privados que fazem frente a consolidação do modelo público. “Nós que defendemos o SUS não deixamos de conhecer os seus problemas e desafios. Mas acreditamos nele e temos que promover a conscientização sobre a sua importância”, disse.

Outra entidade presente na conversa foi o Conselho Nacional de Saúde, por meio do representante Eni Carajá. Ele também problematizou a formação dos cursos da área e lembrou a necessidade de superar a dependência da Atenção Básica com a promoção da saúde preventiva. “Sabemos que a Atenção Básica é a porta de entrada no sistema, mas precisamos de um modelo de saúde que comece antes, que evite que as pessoas precisem procurar a saúde pública porque já estão livres da doença”, disse.

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Foto: Guilherme Bergamini

Ele lembrou que o Brasil vive um quadro epidemiológico grave e preocupante, com o surgimento de novas patologias e novos problemas para os quais não estamos preparados. Lembrou que esse é um cenário que interessa somente à indústria farmacêutica e outros grandes grupos como o do setor dos agrotóxicos no alimentos. “Quando há uma morte causada por doenças dos agrotóxicos, a causa mortis não é registrada em nome do produto que a provocou”, declarou.

Entre os outros temas que permearam a discussão estiveram os parâmetros curriculares dos cursos da área, a valorização profissional das diversas categorias da Saúde, a integração do sistema com a comunidade, a mudança na formação dos docentes e no modelo de residência médica do país.

Por Artênius Daniel, de Belo Horizonte