ANPG participa da mesa de abertura da 66ª Reunião Anual da SBPC

carteira de estudante

66 RA da SBPC

66 RA da SBPC

Fotos: Natasha Ramos

A Associação Nacional de Pós-Graduandos participou da cerimônia de abertura da 66ª Reunião Anual da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), realizada na Universidade Federal do Acre (Ufac), em Rio Branco, na noite da última terça-feira (22). É a quarta vez que o evento é realizado na região norte do Brasil.

Além da presidenta da ANPG, Tamara Naiz, estiveram presentes na cerimônia o ministro de Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), Clelio Campolina, a presidente da SBPC, Helena Nader, e o reitor a vice-reitora da Ufac, Minouru Kinpara e Guida Aquino.

Participaram também o presidente da Academia Brasileira de Ciências (ABC), Jacob Palis; o representante do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), Paulo Beirão; o prefeito de Rio Branco, Marcus Alexandre Médici Aguiar; o secretário de C,T&I do Acre, Marcelo Mingueli; o presidente do Conselho Nacional das Fundações Estaduais de Amparo à Pesquisa (Confap), Sergio Gargioni; o deputado Sibá Machado (PT/AC), além de representante do Ministério da Defesa; dentre outras autoridades.

A vice-reitora da Ufac, Guida Aquino, foi a primeira a tomar a palavra. Lembrou que em 2014, a Universidade Federal do Acre (única instituição de ensino superior pública do Estado) completa meio século de sua história e comentou que o evento da SBPC proporciona de modo multiplicado a interação de diversos agentes da comunidade científica. “Estou muito feliz com a oportunidade de presenciar a 66ª Reunião Anual da SBPC aqui no Acre e, principalmente, aqui na Ufac. Isso é muito importante para nós acreanos que vivenciamos uma das maiores desigualdades sociais do país.”

A presidenta da ANPG, Tamara Naiz, tomou a palavra logo depois e lembrou que a entidade nasceu em uma reunião anual da SBPC, há 28 anos. Comentou sobre a importância da ciência para desenvolvimento do país e para a emancipação e felicidade humana, também destacou o papel dos pós graduandos nesse processo. Para encerrar sua fala, em homenagem à cultura local, leu o poema “Poeta Subversivo”, de J. G. de Araujo Jorge, intelectual e poeta acreano.

66 RA da SBPC

O reitor da Ufac, Minoru Kinpara, ressaltou em seu discurso a importância da ciência e tecnologia para diminuição das diferenças regionais. “Temos um país continental, com múltiplas realidades. A ciência e a tecnologia são imprescindíveis para o progresso do Brasil. O legado que a SBPC deixará para a Ufac é o de aproximar a ciência e tecnologia do cotidiano e da vida das pessoas”. Kinpara agradeceu a presença dos cientistas, estudantes, professores, pesquisadores e ressaltou que a Ufac recebe a todos com “muito carinho e hospitalidade”.

O prefeito de Rio Branco, Marcus Alexandre, deu início ao seu discurso na abertura do evento, como uma mostra inicial da grande mobilização que tomou conta da cidade para o maior evento científico do País e apontou os desafios encontrados no percurso: “Enfrentamos inúmeras dificuldades até chegar a este dia. Tivemos que atender a mais de 8 mil famílias desabrigadas e o acesso por nossas estradas ficou totalmente impossibilitado pela enchente do rio Madeira, que nos atingiu há apenas 4 meses. E hoje aqui está o povo acreano e rio-branquense a recepcionar esta 66ª. Reunião Anual da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC).”

O ministro de Ciência, Tecnologia e Inovação, Clelio Campolina, destacou em seu discurso que “a bioeconomia é hoje uma das fronteiras do conhecimento humano e, dessa forma, o patrimônio genético dessa região (Amazônica) deve ser visto com muita seriedade pelo Governo e pela sociedade.” Campolina ressaltou que “em algum momento estaremos (Governo) propondo um programa para que integre todos os países da região amazônica”.

O general Joaquim Silva e Luna, que estava representando o ministro da Defesa, Celso Amorim, comentou em seu discurso na abertura do evento que “o Brasil não deve fazer na ciência e tecnologia como fez a seleção brasileira, ou seja, querer acertar fazendo sempre o mesmo”. O general Luna lembrou que o País é pacífico, no entanto, não deve ser ingênuo. “Temos hoje um programa de defesa em curso, que está centrado em três grandes áreas, a cibernética, a nuclear, e a aeroespacial”, referindo-se ao programa END (Estratégia Nacional de Defesa).”

Encerrando a participação dos convidados, a presidente da SBPC, Helena Nader, começou sua fala, cumprimentado o Ministro Clelio Campolina, todos os presentes à mesa e os pós-graduandos, representados pela ANPG, na presença da presidenta Tamara Naiz, com quem “já há algum tempo, temos realizados algumas parcerias”.

Seu discurso foi voltado para recuperar fatos relevantes nas áreas de ciência, tecnologia, inovação e educação que ocorreram no País desde julho de 2013, quando aconteceu a reunião anual da SBPC em Recife. Ressaltou, entre outros pontos, que “o financiamento à ciência, tecnologia e inovação permanece como uma das grandes preocupações da comunidade científica e acadêmica. Na agenda deste ano, persiste a ameaça da extinção dos recursos dos royalties do petróleo. A atual redação da lei, que ainda não foi regulamentada, não destina recursos ao CT-Petro, tornando a sua receita nula, o que ocasionaria a extinção deste fundo setorial, com consequências nefastas para as atividades de C,T&I.”.

Nader comentou que o tema central do evento “Ciência e Tecnologia em uma Amazônia sem Fronteiras” reflete a realidade onde está inserido o estado do Acre, que integra diversas culturas em uma região multiétnica. “A Amazônia tem uma riqueza natural que transborda as delimitações da geografia política, já que esse acervo do planeta é cada vez mais reconhecido como imprescindível à preservação das espécies vivas. É nesse imenso laboratório natural que se integra o Acre e sua capital Rio Branco, onde realizamos a 66ª Reunião Anual da SBPC”, ressaltou. Finalizou sua fala com um trecho de “O Poeta Fala”, publicado na década de 1950 por J.G. de Araujo Jorge, mesmo artista escolhido pela presidenta da ANPG em sua fala.

Em meio às participações das autoridades convidadas para prestigiar o evento, o representante do CNPq, Paulo Beirão, e o ministro Clelio Campolina, foram chamados para entregar o prêmio José Reis de Divulgação Científica ao jornalista Herton Escobar. Herton é especialista em Ciência e Meio Ambiente e atua no jornal o Estado de São Paulo desde janeiro de 2000. Possui mais de 1.700 reportagens publicadas em formato impresso e digital.

Apesar das dificuldades do público de conseguir voo para Rio Branco, houve um grande número de inscritos para o evento: até o primeiro dia foram 5.480 inscrições para a reunião, sendo que desses, 2.942 somente do Estado do Acre.

Este ano, a reunião contou com algumas das atividades inéditas preparadas para o Acre, como a “SBPC Indígena”, a “SBPC Extrativista” e, principalmente, o Dia da Família na Ciência. Essas atividades têm uma motivação especial: envolver a sociedade na ciência, tecnologia e inovação (C,T&I). A intenção é despertar o interesse para essas áreas, que são de extrema importância para as pessoas em seu cotidiano, para a sociedade e para o País.

Amanhã (25), a ANPG realizará o Encontro Nacional de Jovens Cientistas, organizado em parceria com a União Nacional dos Estudantes (UNE) e a União Brasileira dos Estudantes Secundaristas (UBES), no qual os pós-graduandos trocarão experiências com estudantes do ensino fundamental, médio e os graduandos. A ideia deste encontro é estimular o contato dos jovens estudantes com os temas científicos.

Por Natasha Ramos, de Rio Branco