Entrevista: Caiubi Kuhn, novo diretor de Políticas Educacionais da ANPG

carteira de estudante
Foto: Natasha Ramos/ANPG
Foto: Natasha Ramos/ANPG

“A luta pela garantia dos direitos é na verdade a luta pela democratização da pós-graduação”, diz Caiubi Kuhn, novo diretor de Políticas Educacionais da ANPG

Caiubi Kuhn é mestre em Geociências pela Universidade Federal de Mato Grosso, foi presidente da APG da UFMT por dois mandatos, período em que a entidade conseguiu muitas vitórias, como a garantia de cadeiras nos órgãos colegiados e acesso à assistência estudantil. “Agora, a APG está em processo de eleição e, com certeza, a próxima gestão continuará a luta junto a ANPG para que possamos, a cada dia, melhorar as condições para os pós-graduandos”, comenta Caiubi.

Durante a reunião da diretoria plena da Associação Nacional de Pós-Graduandos, Caiubi foi eleito para assumir a diretoria de Políticas Educacionais da entidade, no lugar de Luiz Gustavo de Souza Lima Junior.

Na entrevista a seguir, ele conta um pouco sobre suas perspectivas e planos como o novo diretor da ANPG:

ANPG: Durante a reunião da diretoria plena, você sugeriu que a ANPG realizasse eventos regionais. Quais são os debates que precisam ser levados às regiões?
Caiubi Kuhn: Nestes eventos, é possível aprofundar o debate sobre fomento à pesquisa em cada região e também sobre os direitos dos pós-graduandos, políticas de bolsas e assistência estudantil. Precisamos ampliar as relações e o debate com as Fundações de Amparo (FAPs), e uma das pautas que acredito ser importante é a luta por assentos nos conselhos curadores destas fundações para representantes dos pós-graduandos.

ANPG: Na sua opinião, qual a importância da Associação levar esses debates em âmbito regional?
C. K.: Acredito que os eventos regionais conseguem aproximar os estudantes além de fomentar o debate tanto em relação às pautas nacionais como locais. No Brasil, existem grandes diferenças regionais na pós-graduação e a ANPG tem que estar atenta e acompanhar de perto as diferentes realidades. Além disso, em vários estados ainda não temos o movimento de pós consolidado e uma atuação da nossa entidade nacional localmente fomentará a organização dos pós-graduandos e fortalecerá nossas lutas.

ANPG: Quais as regiões mais precisam aprofundar essas questões? Por quê?
C. K.: Os dados da CAPES demonstram que a pós-graduação está crescendo em todo país, mas o número de programas nota 3 esta concentrado nas regiões norte, nordeste e centro-oeste. Por outro lado ocorre a concentração de programas nota 7 na região sul e sudeste. Precisamos diminuir essas diferenças ampliando as políticas para as regiões que estão iniciando os programas de pós. Com isso, conseguiremos fortalecer muito o desenvolvimento da ciência no país e também ampliar a qualidade do ensino nas universidades, tendo em vista que estas são formadas pelo tripé de ensino, pesquisa e extensão e que estes três eixos estão interligados.

ANPG: Quais as suas perspectivas para a sua pasta? Quais ações estão previstas?
C. K.: Na diretoria de políticas educacionais teremos três eixos principais de ações que pretendemos desenvolver. A primeira delas é a luta pela garantia de assistência estudantil na pós-graduação, essa deve ser uma das prioridades. Outra luta é pela redução das assimetrias regionais na pós-graduação, pois vejo que este é um dos principais desafios no momento. E por fim, a luta pela implementação do Plano Nacional de Educação (PNE).

ANPG: Para você, qual a importância da ANPG no debate do financiamento de Ciência e Tecnologia e quais as contribuições da entidade para a sociedade de modo geral?
C. K.: A ANPG tem um importante papel para democratização da ciência no Brasil e para valorização da pesquisa e dos pesquisadores. A entidade possui hoje uma grande capacidade de interlocução com as agências de fomento e com o governo. Ao longo de sua história, garantiu muitas conquistas como reajustes nas bolsas, direito a licença maternidade, entre muitas outras, mas é preciso avançar mais. Hoje, os pós-graduandos não têm garantidos nem os diretos de profissionais e nem de estudantes. A luta pela garantia dos direitos é na verdade a luta pela democratização da pós-graduação.

Da redação