Seminário de Internacionalização da Ciência Brasileira abre as atividades da ANPG na 9ª Bienal da UNE

carteira de estudante

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Fotos por Eduardo Paulanti

Na manhã dessa segunda-feira (02), teve início o seminário “A Internacionalização da Ciência Brasileira: Realidade e Desafios”, realizado pela ANPG durante a 9ª Bienal da UNE, que está acontecendo no Rio de Janeiro entre hoje e sexta-feira (06/02).

O seminário contou com a presença do Secretário Nacional de Desenvolvimento Tecnológico e Inovação, Armando Zeferino Milioni, e do Diretor de Cooperação Institucional do CNPq, Prof. Dr. Paulo Sérgio Lacerda Beirão, e foi mediado pela presidenta da ANPG, Tamara Naiz. Ela  apresentou o tema, frisando a importância dos pós-graduandos para a ciência brasileira e contextualizou essa fala a partir do crescimento, tanto em quantidade, quanto em qualidade, do estudo científico no Brasil.

Logo no início do seminário, Armando Zeferino afirmou que sentia que os pós-graduandos que lutam por mais direitos são seus “netos de movimento estudantil”: “é uma satisfação estar aqui”, diz. O Secretário começou o debate levantando questões sobre a educação, indagando a seguinte questão: “o que faz com que somente cerca de 50% dos jovens brasileiros entrem no ensino superior?”, e comparou a educação pública e privada, que prepara, proporcionalmente, menos cientistas do que a primeira. “Na rede pública, são formados 24 bacharéis em Direito para cada bacharel em Física. Enquanto na privada, essa proporção passa a ser de 01 para 2.214, respectivamente”, afirma.

“Números como esse geraram o REUNI, o plano de expansão das vagas de ensino das universidades federais no Brasil, posto em prática em 2007. Em cinco anos, o número de vagas no ensino superior público cresceu a taxa média de 3,3% ao ano”, completa.

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A fala de Zeferino também trouxe outro tema para debate: a expansão da oferta de pós-graduação nas universidades federais brasileiras. Para ele, a expressão que mais descreve o Brasil é “variância muito grande” (sic): “quando falamos de internacionalização da ciência brasileira, é preciso explicar de qual ciência se está referindo”, afirma.

Já o professor Paulo Sérgio Beirão iniciou sua fala com a questão “Por que internacionalizar?”, apontando que pensar políticas de internacionalização atualizaria o país em relação aos programas científicos e tecnológicos mundiais, além de detectar desafios e oportunidades nas áreas de Ciência e Tecnologia, cotejar a qualidade da nossa produção científica e adquirir capacitação em áreas as quais ainda somos carentes. Beirão também afirmou que o Brasil está atrasado em relação a outros países quando o assunto é número de pesquisadores: “apesar de termos bastante doutorandos e mestrandos, devemos investir na formação de pessoas qualificadas, focando nos grandes desafios nacionais”, afirma.

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Beirão ainda citou o programa Ciência sem Fronteiras, criado para estimular a relação com o exterior. Segundo ele, dos alunos brasileiros que participaram de programas de pós-graduação no exterior, 82% foi avaliado com desempenho bom ou ótimo pelos institutos estrangeiros: “universidades de fora do país pedem para que continuemos enviando mais estudantes, pois são considerados esforçados e muito interessados” afirma.

Paulo Sérgio diz que é necessário e importante desenvolver a tecnologia no Brasil para que não seja preciso sua importação. Além disso, diz que a melhora das universidades, que as qualificaria como referência mundial, aumentam, inclusive, a busca de empresas estrangeiras pelo país. “Mais do que um privilégio, é um encargo. As universidades serão cobradas para a criação de pesquisa de fronteira, para ter um corpo docente, técnico e administrativo qualificado e atrair estudantes estrangeiros a partir de aulas ministradas em inglês”, disse o professor.

Segundo ele, a meta do Ciência sem Fronteiras é abrir mais 100 mil bolsas, trazendo estudos em segunda língua para os pós-graduandos, ênfase em estudos técnicos e atração de pesquisadores estrangeiros. Ao fim do encontro, o professor se emocionou ao pedir aos pós-graduandos que estudassem e trabalhassem pelo nosso país.

No final do debate, os pontos levantados pelos pós-graduandos foram críticas como a falta de direitos da categoria, a falta de diálogo entre universidades brasileiras, sul-americanas e africanas, o projeto de lei que limita o acesso a periódicos, e o despertar do interesse pela pesquisa nos estudantes. A questão levantada pela presidenta da ANPG, Tamara, foi como ter mais doutores em um país onde a maioria dos jovens não termina o ensino médio e qual o papel do Brasil na ajuda a outros países em desenvolvimento.

Os dois palestrantes expressaram satisfação em participar do seminário. “Sinceramente gostei muito. Vi preocupação genuína dos presentes e suas questões foram pertinentes. Só tenho aplausos”, finaliza Zeferino. Beirão concordou com o colega, “foi excelente. As perguntas mostraram envolvimento muito grande dos pós-graduandos nas questões nacionais. A iniciativa da ANPG foi muito oportuna em promover esse debate, o que mostra que a Associação está bastante engajada na questão nacional”, diz.

O seminário “A Internacionalização da Ciência Brasileira” continua na amanhã (03), a partir das 10 horas, com o tema “Internacionalização, formação e contratação de recursos humanos e questão das Organizações Sociais na política nacional de desenvolvimento científico”, e vai até quinta (05), no campus ESDI (Escola Superior de Desenho Industrial), da UERJ, na rua Evaristo da Veiga, 95, Lapa, Rio de Janeiro.

Por Magdalena Bertola, do Rio de Janeiro