Com campus interditado, alunos da USP Leste terão aulas em universidade particular

carteira de estudante
 Estação USP Leste

Estação USP Leste

Maioria dos cinco mil alunos da unidade estudará na zona leste; instituição ainda tenta desbloquear campus na Justiça

Para abrigar as aulas do campus Leste da Universidade de São Paulo (USP), interditado judicialmente há mais de dois meses por problemas ambientais, a reitoria recorreu a uma instituição privada, uma Faculdade de Tecnologia (Fatec) e outras escolas da universidade. A decisão de espalhar temporariamente os cerca de 5 mil alunos da unidade só foi anunciada nesta quinta-feira, 20, a quatro dias do começo das atividades acadêmicas, previsto para segunda-feira (24).
As outras unidades da USP já têm aulas desde 17 de fevereiro, como determinava o calendário oficial. O início do ano letivo do campus Leste havia sido adiado duas vezes por dificuldades da reitoria para encontrar espaço adequado. Com o atraso, as férias de julho da unidade também devem ser prejudicadas.
Os alunos dos cursos da manhã e da tarde terão aulas em um prédio da Universidade Cidade de São Paulo (Unicid), instituição particular próxima ao metrô Carrão, na zona leste da cidade. Já as graduações noturnas ficarão mais distantes e divididas. Parte ficará na Fatec Itaquera, também na zona leste, e outros irão para o quadrilátero de Saúde da USP, na zona oeste, que reúne as escolas de Medicina, Enfermagem, Saúde Pública e o Instituto de Medicina Tropical, a mais de 25 quilômetros da USP Leste. Os ingressantes em Engenharia de Computação também estudarão longe: na Escola Politécnica, no campus Butantã, também na zona oeste.
Em comunicado aos professores, alunos e funcionários, a diretoria da unidade esclareceu que os locais atendem aos apelos de que as aulas se mantivessem na zona leste. A escolha dos prédios também se orientou pelas possibilidades de acesso: as áreas emprestadas ou alugadas ficam próximas a estações de metrô. A diretoria disse ainda que o esforço era de alocar mais cursos no campus Butantã, mas essa alternativa não obteve sucesso.
“O problema é que não levaram em conta na transferência a infraestrutura para aulas práticas, além das atividades de pesquisa, cultura e extensão”, criticou a professora da USP Leste Adriana Tufaile. Docentes, alunos e funcionários já marcaram assembleias hoje para discutir o “plano B”. Estudantes também convocam nas redes sociais novo ato na terça-feira (25) contra a postura da reitoria para resolver os problemas do campus.
“Essa resolução não agrada a Comissão de Graduandos, que achou a medida inviável. Ainda não temos um comunicado oficial, pois estamos aguardando um posicionamento de cada categoria”, explicou Maria Salete Perrone, representante dos estudantes, à ANPG.
Desbloqueio
A USP ainda tenta na Justiça reabrir o campus Leste, interditado pela contaminação por gás metano e presença de óleos minerais cancerígenos, causada pelo depósito de terra de origem desconhecida na unidade em 2010 e 2011. Em contestação à Justiça no começo do mês, a USP alegou que os problemas ambientais são anteriores à instalação do campus e que não representam riscos à saúde. Segundo professores da USP Leste, o Ministério Público Estadual, que pediu o fechamento do campus no ano passado, está disposto a firmar termo de ajustamento de conduta com a USP, mas ainda não vê medidas suficientes para recomendar a liberação do terreno.
Da Redação com informações do jornal O Estado de S.Paulo