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Magdalena Bertola

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Fotos: Bruno Bou

No início de quarta-feira (15), pós-graduandos, graduandos e secundaristas uniram-se em um ato político, com o mote “Contra os Cortes, Por Mais Democracia e Mais Direitos”. O ato percorreu espaços da 67ª Reunião Anual da SBPC e foi realizado durante o 4º Salão Nacional de Divulgação Científica da ANPG, realizado na Universidade Federal de São Carlos (UFSCar).

Os presentes reuniram-se em uma marcha que saiu da tenda da ANPG, em frente ao prédio AT9 da UFSCar, e caminhou até a ExpoT&C (mostra de ciência, tecnologia e inovação). No evento, as entidades estudantis – ANPG, UNE, UBES, UEE e UPES -, munidas de bateria, microfone e caixa de som, caminharam por entre os estandes com palavras de ordem, como “Do corte, do corte, do corte eu abro mão. Eu quero mais dinheiro pra Ciência e Educação” e “Esse ajuste tem que parar! Sou estudante e eu quero pesquisar!”.

Dentro da feira, os manifestantes pararam em frente ao stand do Ministério da Educação, onde a presidenta da ANPG, Tamara Naiz, disse: “Esse é um dos ministérios mais afetados pelos cortes de verbas do orçamento de 2015. Estamos aqui para dizer que as entidades estudantis brasileiras são contra o ajuste e os cortes de verba, principalmente para a Educação e a Ciência, porque acreditamos que não é com cortes que se constrói o futuro desse país. Não vamos deixar que cortem as nossas oportunidades e sonhos!”. Na ocasião, Tamara aproveitou para chamar a atenção da CAPES para a questão das verbas do PROAP. “Nós queremos a PROAP a cem por cento, nada menos do que isso!”

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Angela Meyer presidenta da UPES, completou dizendo que: “Não é reduzindo a maioridade penal que vamos transformar a realidade do nosso país. Por isso somos contra qualquer tipo de corte que impeça os investimentos na educação, nas estruturas, na assistência estudantil e na pesquisa”.

O cortejo percorreu toda a feira científica, parando também em frente do stand do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação e do CineFinep, até percorrer a sessão de pôsteres, onde estudantes expunham seus trabalhos. No local, o movimento estudantil novamente gritou palavras de ordem e a presidenta da ANPG falou novamente sobre os cortes orçamentários: “Levy, guarde sua tesoura, não corte nossos sonhos!”.

Por todo o caminho, diversas pessoas pararam para ouvir as pautas do movimento, e muitas cantaram junto as palavras de ordem entoadas pelos manifestantes, como “Tira a tesoura da mão, investe na educação!”.

Após percorrer toda a ExpoT&C, o ato foi conduzido até a frente da área de alimentação da RA da SBPC, onde novamente discursaram. Leonardo Mendozza, diretor da ANPG, pontuou a questão dos cortes nas bolsas do Programa de Doutorado Sanduíche (PDSE), da CAPES, e dos estágios no exterior para pós-graduandos: “Por conta dos cortes orçamentários, os pós-graduandos não podem mais fazer estágio no exterior e atrasam suas pesquisas. Precisamos questionar a presença de Joaquim Levy no Ministério da Fazenda”. Já Giovanny Kley, também diretor da Associação, pontuou a questão da redução da maioridade penal. “O Governo, ao invés de investir em pesquisa e educação, quer investir em cadeias!”, afirmou Kley.

Ao fim do cortejo, aconteceu um “pipaço”. Os manifestantes soltaram pipas e balões como referência à juventude que “quer voar” e está sendo impedida por conta dos cortes no orçamento da Educação, Ciência e Tecnologia.

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O IV Salão Nacional de Divulgação Científica da ANPG vai até sexta-feira (17).

Por Magdalena Bertola, de São Carlos

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Fotos: Bruno Bou

A Mostra Científica do 4º Salão Nacional de Divulgação Científica da ANPG, realizada na segunda e terça-feira (13 e 14), reuniu pós-graduandos, graduandos e professores universitários que apresentaram trabalhos de diversas áreas do conhecimento e promoveram uma verdadeira troca de conhecimento. Além disso, os debates, surgidos a partir da apresentação dos trabalhos, contribuíram para a pluralidade e para o pensamento crítico e construtivo da educação.

“Como atividade já consolidada dentro dos Salões da ANPG, a Mostra Científica configura-se como um espaço bastante interativo, dinâmico e colaborativo, onde pós-graduandos, graduandos e professores podem expor seus trabalhos, de forma a divulgar e compartilhar conhecimento com a comunidade acadêmica e a sociedade em geral”, diz Lenilton Silveira, vice-presidente Regional Nordeste da ANPG e coordenador da Mostra Científica.

Bruno Floriani, doutorando em Engenharia Mecânica pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) e avaliador da Mostra pela segunda vez, acredita que um evento como esse é importante para trazer a tona o que temas pesquisados no Brasil.

“Em alguns congressos, as pessoas ficam fechadas em suas áreas de atuação. No caso da Mostra Científica da ANPG, temos a chance de caminhar por outras estradas do conhecimento. Isso nos faz refletir novas formas de pensar as áreas da Ciência, e isso é muito construtivo”, afirma.

Bruno, avaliador da Mostra
Bruno Floriani, avaliador da Mostra

“Se pensarmos no desenvolvimento do país, vemos que precisamos educar as pessoas. E essa educação também parte do pressuposto de conhecer um pouco da Ciência e da Tecnologia. Quando nos reunimos para esse tipo de evento, estamos dando um sinal para o país do que queremos e como queremos chegar lá. Por esse motivo, essas Mostras são tão importantes para o desenvolvimento e fortalecimento da pesquisa”, completa.

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Os trabalhos apresentados provam tal pluralidade salientada pelo organizador e avaliador da Mostra. Na grade de apresentações: ciências sociais, física, ciências da saúde, biológicas e muitas outras.

Rívia de Jesus Santos, da Universidade Estadual de Santa Cruz (UESC), apresentou sua pesquisa sobre a Cultura Popular no âmbito educacional. O trabalho consistiu em avaliar a utilização da cultura e folclore afro-brasileiros no sistema de ensino de três escolas públicas da cidade e Itabuna, na Bahia. “Itabuna é um local onde identificamos várias tradições artísticas da cultura popular, então busco saber como essas escolas estão trabalhando esses elementos”, afirma.

Para Rívia, que participou da Mostra pela primeira vez, é importante expor sua pesquisa na Mostra, pois o contato com as pessoas presentes traz troca de conhecimentos. “Acredito que outras pessoas que ouviram minha pesquisa possam contribuir para o trabalho”, afirma.

Enquanto Rívia falava sobre educação, Rafael Veloso Luz, da Universidade Federal do Rio de Janeiro, falava sobre o tempo nas suas mais variadas formas, a partir da Física. “Como faço minha pesquisa no Museu de Astronomia e Ciências Afins (MAST), que além de ser uma instituição de pesquisa, é um museu de ciências, ou seja, um local que mistura Física com Educação, então tudo o que fazemos lá é com o intuito de popularizar nossas pesquisas. Por isso fizemos uma exposição”, explica Veloso, que trabalha a questão a partir de uma exposição onde as pessoas descobrem mais sobre o que é o Tempo. Para ele, falta divulgação da área de Ciências Exatas e, portanto, um evento como esse é importante para divulgar as pesquisas realizadas no Brasil e a importância desses trabalhos.

A Mostra de Ciência e Tecnologia aconteceu durante o IV Salão Nacional de Divulgação Científica da ANPG, que está acontecendo desde segunda-feira (12) e vai até sexta (17), na Universidade Federal de São Carlos (UFSCar), em São Paulo.

Por Magdalena Bertola, de São Carlos

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ANPG se reúne com MEC e MCTI e tem comissões de trabalho para discutir pautas da pós-graduação aprovadas

Os diretores da ANPG e representantes de APGs reuniram-se com o ministro interino, Luiz Cláudio Costa, no Ministério da Educação, na tarde de quarta-feira (29). Na oportunidade, as APGs trouxeram um pouco da realidade de suas universidades e foram ouvidas por Luiz Cláudio, que ratificou a criação de um grupo de trabalho para discutir as demandas trazidas pela ANPG.

Tamara Naiz, presidenta da ANPG, elencou algumas das pautas que fazem parte da Campanha e explanou rapidamente sobre cada uma delas. “Essa pauta [de mais direitos aos pós-graduandos] tem muitas particularidades. Elencamos algumas delas como a universalização e o estabelecimento de um mecanismo de reajuste anual das bolsas de pesquisa, assistência estudantil para pós-graduação, afinal a permanência do pós-graduandos em seu curso precisa ser garantida, além de melhores condições de pesquisa e mais verbas para Ciência e Tecnologia”, disse.

Na reunião, foi ressaltada a criação da Frente Parlamentar Mista em Defesa da Ciência, Tecnologia e da Pós-Graduação, uma grande vitória da ANPG durante a Caravana, com a obtenção de cerca de 300 assinaturas de deputados para a criação desta Frente Parlamentar, superando a meta de 200 assinaturas. Este feito foi graças ao empenho dos pós-graduandos que na terça e quarta-feira (28 e 29/04), realizaram uma blitz no Congresso para a coleta das assinaturas. A conquista foi saudada pelo Ministro Interino.

Luiz Cláudio enfatizou que apoia as pautas trazidas pela ANPG. Ele ainda informou que aprova a comissão com participação da ANPG e da CAPES. O grupo, que já havia sido, anteriormente, aprovado pelo Ministro Paim e lançado no Diário Oficial, mas não tinha se concretizado por questões de mudança ministerial, irá discutir os esses pontos elencados pelos diretores da entidade representativa dos pós-graduandos. O ministro interino ainda comentou que essa comissão é importante para traçar um retrato da pós-graduação brasileira. “Essa comissão é importante, principalmente, para quantificarmos essas demandas trazidas por vocês”, disse.

Os diretores e representantes de APGs presentes na reunião explanaram sobre as pautas relacionadas à Campanha por Mais Direitos, em especial as de assistência estudantil, tomando como gancho as dificuldades vivenciadas por eles no cotidiano de suas pesquisas. Dentre os temas abordados pelos presentes estão a inclusão do pós-graduando no PNAES, a qualidade da pós-graduação e as assimetrias regionais.

CARAVANA À BRASÍLIA: ANPG se reúne com MEC e MCTI

Já hoje (30), a ANPG se reuniu com o Ministro da Ciência, Tecnologia e Inovação, Aldo Rebelo. Na reunião, foram discutidas todas as pautas da Campanha por Mais Direitos e, principalmente, o financiamento para a Ciência e Tecnologia. O Ministro levantou a necessidade de incluir a C,T&I no Programa de Aceleração do Crescimento (PAC). Como já havia feito anteriormente, Rebelo mostrou-se, também, preocupado com a questão da licença maternidade e demonstrou apoio à essa necessidade das pós-graduandas de todo o Brasil. Na mesma oportunidade, foi entregue à ele um dossiê sobre a redução das vagas das creches da Universidade de São Paulo (USP).

Os pós-graduandos saíram da reunião com Aldo Rebelo com a aprovação de outro grupo de trabalho que terá participação da ANPG e do CNPq e que irá tratar das pautas levadas pela ANPG e pelo movimento de pós graduandos.

Conheça as pautas da Campanha por Mais Direitos: https://www.anpg.org.br/?p=6114

Por Natasha Ramos e Magdalena Bertola 

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Erica Pereira de Morais apresentando seu trabalho, na Mostra de Ciência e Tecnologia

Foto: Eduardo Paulanti

Na tarde da última quinta-feira (05), aconteceu a última sessão da Mostra de Ciência e Tecnologia, organizada e coordenada pela ANPG durante a 9ª Bienal da UNE. O evento contou com a apresentação de trabalhos, nos formatos comunicação oral e paineis gráficos, que abordaram diversas áreas da Ciência, e tiveram dentre os autores alunos da graduação e da pós-graduação.

Cem trabalhos foram selecionados para apresentação após apreciação dos resumos, anterior ao evento. Os estudantes se apresentaram na segunda (2), terça (3) e quinta-feira (5), na Fundição Progresso, Lapa, Rio de Janeiro.

Os painéis são apresentados diretamente aos interessados, mas deve independer do interlocutor “quem está lendo deve conseguir entender o trabalho através das informações textuais e gráficas contidas no painel, ou seja, deve ser uma forma de comunicação efetiva per si”. diz Phillipe Pessoa, Diretor de Cultura e Eventos Científicos e coordenador Geral da mostra científica da ANPG.

Nas sessões de comunicação oral, o estudante não apenas traz instrumentos visuais, como apresentações de slide, mas precisa apresentar e explicar o conteúdo e a ideia de sua pesquisa para o público. Além do conteúdo do trabalho, são observados a clareza dos slides, a postura e domínio do objeto de pesquisa. Os avaliadores trocam experiências, dicas e dão sugestões nos trabalhos ao longo da arguição.

Um dos trabalhos de comunicação oral da Mostra foi o de Felipe Almeida, graduando de engenharia civil da Universidade Federal de Uberlândia (MG), com o tema “Viabilidade técnica dos solos das regiões sul e sudeste de Uberlândia para aplicação em pavimentos rodoviários”, uma pesquisa de geotecnia que, segundo o próprio Felipe, tem mais relevância do que ele imaginava. “Eu não sabia que podia ser assim tão importante. Por isso é bom participar desse tipo de evento, pois a partir das críticas dos avaliadores, descobri que posso continuar aprimorando minha pesquisa”, conta o rapaz que, agora, pretende seguir para o mestrado com seu trabalho, que consiste em avaliar como o solo da região reage nos mais diversos testes, como de plasticidade, para possível uso da construção civil de maneira mais barata e com qualidade.

Já o trabalho de Érica Pereira de Morais consistia em uma avaliação do lixo proveniente de áreas ligadas à saúde. Com o tema “Diagnóstico de resíduos de saúde em Barreiras-Bahia”, a graduanda de Engenharia Sanitária Ambiental da Universidade Federal do Oeste da Bahia percorreu 100 estabelecimentos na cidade para descobrir como o lixo tóxico e de saúde estava sendo descartado e quais impactos este poderia ter na população e na vida de quem vive e trabalha a partir do lixão instalado no local.

“A cidade não tem nenhum plano municipal que gerencie os resíduos em geral e nem os de saúde”, diz Erica. Segundo ela, a maior dificuldade para a realização da pesquisa teria sido o fato de que não haveria nenhum tipo de bibliografia sobre o assunto e o local. Apesar disso, a Mostra de Ciência e Tecnologia não foi o primeiro evento no qual o trabalho foi apresentado. “Fomos para o Congresso Baiano de Engenharia Sanitária, em Feira de Santana e em outras cidades. É trabalhoso, mas vale a pena ”, afirma.

A pesquisa do doutorando em Geotecnia e Recursos Naturais, Pedro Luis Teixeira de Camargo, da Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP), teve como tema “A Utilização do Mapeamento Pedológico e do Banco de Sementes na área da Região de Proteção Ambiental do Rio Pandeiros, no Vale do Jequitinhonha”; e como intuito gerar mapas de futuro para projetos de preservação ambiental que poderiam identificar o banco de sementes do bioma proposto, além do zoneamento socioeconômico da região. Segundo Camargo, que é formado em Biologia, o tema foi escolhido pois ele acredita que a ciência deve ter não somente uma contribuição acadêmica, mas também social.

“Essa é uma das regiões mais pobres do Brasil e os financiamentos para áreas como essa são menores, tendo em vista a falta de políticas públicas em Minas Gerais ao longo dos últimos doze anos”, completa o doutorando. Segundo ele, esse trabalho poderia contribuir para a preservação de um bioma e ajudaria na melhora de vida das pessoas residentes na área.

Finalizando a Mostra de Ciência e Tecnologia, que homenageou, na terça-feira, um dos grandes nomes da ciência nacional, o físico e professor Ildeu de Castro Moreira, o evento contou com cerca de 20 apresentações em painel e cerca de 10 comunicações orais por dia, trazendo uma maior aproximação dos pesquisadores com o público estudantil. “Sempre é muito produtivo acompanhar os trabalhos dos estudantes. A mostra científica cumpre esse papel de permitir a interação entre esses jovens pesquisadores e o intercâmbio de diferentes experiências cientificas. Em suma, é um evento que contribui para o avanço científico e tecnológico, incentivando a jornada de novos cientistas”, finaliza o coordenador geral, Phillipe Pessoa.

Por Magdalena Bertola, do Rio de Janeiro

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Grupo de trabalho sobre financiamento adequado do SUS, com Dalmare Sá ao centro

Foto: Eduardo Paulanti

Nesta quarta-feira (04), durante a 9ª Bienal da UNE, aconteceram discussões sobre saúde pública no Brasil, parte do seminário coordenado pela ANPG, “Educação, saúde e desenvolvimento: a juventude por mudanças na saúde do Brasil para cuidar bem das pessoas”, que ocorreu no dia anterior (03), na Fundição Progresso, Rio de Janeiro.

Os grupos de trabalho temático (GTT) deveriam discutir e levantar três propostas para a saúde pública brasileira, a partir de um embasamento teórico. Coordenados pelo Diretor de Saúde da Associação Nacional de Pós-Graduandos, Dalmare Sá, que também esteve presente em um dos grupos, os quatro GTTs  foram divididos entre os temas ‘Financiamento adequado do Sistema Único de Saúde’; ‘Valorização do Trabalho e Educação em Saúde, Ciência, Tecnologia e Inovação no SUS’; ‘Fortalecimento da participação e controle social na saúde’ e ‘Direito à saúde com ampliação do acesso e atendimento de qualidade’.

As propostas debatidas pelo grupo de Dalmare, que também é residente em Saúde Mental da UFS, tinha como tema o financiamento adequado do SUS, e passam pelo aumento do investimento do Produto Interno Bruto brasileiro de cerca de 4% para 10%. “Nossa proposta traz necessidade de uma auditoria da dívida pública, pois essa pode comprometer o financiamento adequado do Sistema Único de Saúde”, afirma. Segundo ele, os países desenvolvidos que teriam sistemas universais de saúde de qualidade chegam a investir de 10 a 15% em saúde pública. As outras propostas permeiam a participação dos jovens na saúde, buscando ideias novas para rejuvenescer a militância. “Trabalhamos em propostas que atenderiam a maioria e aumentariam as formas de participação juvenil nos espaços”, completa Dalmare.

O segundo grupo debateu pensamentos relativos ao controle e participação social na saúde. Segundo uma das coordenadoras, Manoela Mathias, as propostas dos presentes consistiam em estimular a participação da sociedade geral, mas principalmente a dos pós-graduandos, o que influenciaria diretamente nas políticas de saúde. “Apresentamos a proposta de uma conferência livre de estudantes, unindo UNE e ANPG, para podemos pensar em maneiras que ajudariam no debate da 15ª Conferência Nacional de Saúde”, afirma a mestranda da UERJ. Para ela, a sociedade estaria distante dos mecanismos de participação social na área de saúde. “Acreditamos que o SUS foi uma conquista do povo brasileiro e que devemos tensionar as bases para efetivamente construir políticas maiores”, finaliza.

Já o grupo relativo a discussões da valorização do trabalho e educação em saúde criaram propostas baseadas em formação dentro do próprio SUS, percorrendo todos os níveis de ensino dos profissionais da área. “Trabalharíamos com a questão da interdisciplinaridade em processos ativamente ligados à sociedade e que entrem em contato com o SUS na realidade”, afirma Claudimar Amaro, pós-graduando da USP Ribeirão Preto e um dos coordenadores do grupo, “com as discussões, percebemos que existe um déficit na formação quando se fala do que é ensinado teoricamente e a verdadeira prática do SUS, portanto acreditamos que desde os primeiros anos da graduação, o estudante tenha essa vivência, mesmo que não em toda sua complexidade”, diz. Segundo ele, tal ação traria uma ressignificação do futuro profissional e  combateria o impulso da especialização precoce. “É a relação de saúde que vai além do biológico e se torna uma intervenção da pessoa no seu contexto dentro da sociedade”, completa Claudimar.

O último grupo de trabalho tinha como tema o direito à saúde e a ampliação do acesso, e trouxe pautas que buscam garantir o acesso universal ao cuidado. “Consideraríamos os coletivos da sociedade, como os moradores de rua, a população LGBT, os soropositivos, entre outros”, diz Marianne Rocha, da APG FIOCRUZ . Segundo ela, a proposta traria a criação de estratégias que garantiriam um atendimento médico mais humanizado e diferenciado, “mas respeitando a questão da universalização do sistema”, completa. Além disso, o grupo também discutiu propostas acerca da melhor capacitação do profissional e uma melhora na informação. “A ideia é introduzir nas escolas de ensino médio a questão da saúde, para que os mais jovens passassem a entender mais cedo a importância da participação do cidadão na sua construção”, finaliza Marianne.

As ideias surgidas nos debates entre os presentes irão compor uma carta à sociedade, com propostas de diretrizes da juventude para a juventude e a construção de conferências futuras, além de criar um documento de orientação às diversas entidades estudantis para a 15ª CNS, sendo, também, um possível estopim para a criação de novas políticas públicas.

Por Magdalena Bertola, do Rio de Janeiro

Matéria relacionada:

04/02/2015 – Primeiro dia do seminário “Educação, Saúde e Desenvolvimento” traz debates sobre a universalização da saúde

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Tamara Naiz, presidenta da ANPG, na abertura do Seminário “Educação, Saúde e Desenvolvimento: a juventude por mudanças na saúde para cuidar bem das pessoas”

Fotos por Eduardo Paulanti

Na manhã dessa terça-feira (03) teve início o seminário “Educação, saúde e desenvolvimento: a juventude por mudanças na saúde para cuidar bem das pessoas”, organizado pela ANPG e pelo Fórum Nacional de Pós-Graduandos em Saúde durante a 9ª Bienal da UNE. O seminário, seguido de debate com o público, foi realizado na Fundição Progresso, no Rio de Janeiro, e terá continuação hoje (04) a partir das 10 horas.

Com o debate acerca da qualidade do serviço público no Brasil e a reforma sanitária que trouxe o Sistema Único de Saúde (SUS), o evento contou com a presença da Presidenta do Conselho Nacional de Saúde, Maria do Socorro de Souza, a professora da UFRJ e representante da Associação Brasileira de Saúde Coletiva (ABRASCO), Ligia Bahia, e com o Secretário de Gestão do Trabalho e da Educação do Ministério da Saúde, Hêider Aurélio Pinto. O seminário foi dirigido por Dalmare Sá, diretor de Saúde da ANPG.

Abrindo as discussões, Maria do Socorro afirmou que o tema da mesa dialoga com o tema da Bienal, ‘Vozes do Brasil’ e evidencia duas políticas públicas fundamentais para o desenvolvimento do país. Reconheceu falhas do movimento de saúde em politizar a sociedade para suas pautas e destacou a necessidade de fazer a disputa simbólica resistindo aos ataques à educação pública e ao SUS. Além disso, a presidenta do CNS defende a ampliação da concepção da saúde, abrangendo discussões sobre drogas, aborto, violência, discriminação, preconceito, sexualidade, reforma agrária, alimentação saudável e passando a enxergar a saúde como promoção da vida. Reforça a importância de realizar esta defesa frente a uma ideologia que vê a saúde como negócio e desestabiliza o papel do estado na garantia desse direito. Ao final, reclamou da ausência da juventude nos espaços de representação do movimento de saúde e convocou os estudantes a estarem dentro destes movimentos para lutar por essas mudanças.

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Da esquerda para a direita: Ligia Bahia, Dalmare Sá e Heider Aurélio Pinto

Continuando o seminário, Hêider Aurélio afirmou que existe um conjunto de questões simbólicas em disputa no momento atual, com o avanço de forças conservadoras. Defendeu reforma política e do fim do financiamento empresarial de campanhas, mudanças no sistema tributário com impostos regressivos e taxação do capital e o fim dos monopólios das comunicações. Destacou os resultados do programa ‘Mais Médicos’, que teria levado a atenção básica a 50 milhões de brasileiros, e afirmou que um de seus legados seria o de mudar a representação social do que é ser médico. “Ser médico não é ser distante das pessoas. Ser médico é construir um cuidado com o outro em função das necessidades do outro”, diz. Adicionalmente, ressaltou que a lei amplia a perspectiva de mudanças na formação dos médicos, orientado-a para a atenção básica. Enfatizou a importância do debate sobre a formação da graduação com a UNE e a dos residentes com a ANPG, principalmente com o início do programa ‘Mais Especialidades’. Sobre este último, afirmou a necessidade de alterar a lógica de pagamento por procedimentos, não respeitando os cidadãos como sujeitos no seu contexto.

Danto sequência às falas, Ligia Bahia convidou os estudantes a participarem do seminário da ABRASCO e fez severas críticas ao governo, que teria aberto o SUS ao capital estrangeiro. Afirmou que não é preciso estar alinhado com o governo para ser a favor do SUS. Falou de pautas ligadas à juventude, defendendo a legalização do uso da maconha, mas criticando o patrocínio de festas estudantis por cervejarias, que estimulariam o alcoolismo. Também enalteceu a luta pela diversidade sexual nas universidades, que hoje tem grupos que discutem a convivência e rituais de passagem. Sobre a formação do profissional em saúde, criticou o programa ‘Mais Médicos’, pois seria insuficiente e não discute a carreira do profissional. “Carreira não é dinheiro, carreira é identidade, é gostar de ser da saúde. Em seguida, teceu críticas à Conferência Nacional de Saúde, que teria membros cooptados pelo governo, que não reconheceria os empresários da saúde como inimigos e sim setores da sociedade. Ressaltou que a energia das pessoas deve ser colocada a favor da transformação da sociedade brasileira, reconhecendo avanços na área da saúde como a liberação da maconha para uso medicinal. Ao final, declara acreditar que a sociedade brasileira não é conservadora e não é inimiga do público.

Após as intervenções dos convidados, Dalmare faz algumas considerações, ressaltando a importância do debate neste ano em que ocorre a Conferência Nacional e que determina o plano de saúde para os próximos quatro anos. Reconhece a precarização do trabalho no SUS, mas acredita no potencial e nos trabalhadores da rede pública, que lutam para elevar a qualidade dos serviços.

Passando ao público, seguiu-se um debate polarizado entre os presentes, com polêmicas acerca da representação estudantil nos conselhos e das políticas do governo federal. Houve consenso no repúdio a entrada do capital estrangeiro no SUS e a falta de estrutura das universidades públicas para o ensino das áreas ligadas à saúde. Também foi discutida a falta de reconhecimento e a falta de direitos dos pós-graduandos das áreas médicas. A falta de comunicação entre profissionais e entre os órgãos do SUS, com setores fragilizados e de excelência, também foi lembrada pelos debatentes.

Por Phillipe Pessoa e Magdalena Bertola, do Rio de Janeiro

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Fotos por Eduardo Paulanti

Na manhã dessa segunda-feira (02), teve início o seminário “A Internacionalização da Ciência Brasileira: Realidade e Desafios”, realizado pela ANPG durante a 9ª Bienal da UNE, que está acontecendo no Rio de Janeiro entre hoje e sexta-feira (06/02).

O seminário contou com a presença do Secretário Nacional de Desenvolvimento Tecnológico e Inovação, Armando Zeferino Milioni, e do Diretor de Cooperação Institucional do CNPq, Prof. Dr. Paulo Sérgio Lacerda Beirão, e foi mediado pela presidenta da ANPG, Tamara Naiz. Ela  apresentou o tema, frisando a importância dos pós-graduandos para a ciência brasileira e contextualizou essa fala a partir do crescimento, tanto em quantidade, quanto em qualidade, do estudo científico no Brasil.

Logo no início do seminário, Armando Zeferino afirmou que sentia que os pós-graduandos que lutam por mais direitos são seus “netos de movimento estudantil”: “é uma satisfação estar aqui”, diz. O Secretário começou o debate levantando questões sobre a educação, indagando a seguinte questão: “o que faz com que somente cerca de 50% dos jovens brasileiros entrem no ensino superior?”, e comparou a educação pública e privada, que prepara, proporcionalmente, menos cientistas do que a primeira. “Na rede pública, são formados 24 bacharéis em Direito para cada bacharel em Física. Enquanto na privada, essa proporção passa a ser de 01 para 2.214, respectivamente”, afirma.

“Números como esse geraram o REUNI, o plano de expansão das vagas de ensino das universidades federais no Brasil, posto em prática em 2007. Em cinco anos, o número de vagas no ensino superior público cresceu a taxa média de 3,3% ao ano”, completa.

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A fala de Zeferino também trouxe outro tema para debate: a expansão da oferta de pós-graduação nas universidades federais brasileiras. Para ele, a expressão que mais descreve o Brasil é “variância muito grande” (sic): “quando falamos de internacionalização da ciência brasileira, é preciso explicar de qual ciência se está referindo”, afirma.

Já o professor Paulo Sérgio Beirão iniciou sua fala com a questão “Por que internacionalizar?”, apontando que pensar políticas de internacionalização atualizaria o país em relação aos programas científicos e tecnológicos mundiais, além de detectar desafios e oportunidades nas áreas de Ciência e Tecnologia, cotejar a qualidade da nossa produção científica e adquirir capacitação em áreas as quais ainda somos carentes. Beirão também afirmou que o Brasil está atrasado em relação a outros países quando o assunto é número de pesquisadores: “apesar de termos bastante doutorandos e mestrandos, devemos investir na formação de pessoas qualificadas, focando nos grandes desafios nacionais”, afirma.

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Beirão ainda citou o programa Ciência sem Fronteiras, criado para estimular a relação com o exterior. Segundo ele, dos alunos brasileiros que participaram de programas de pós-graduação no exterior, 82% foi avaliado com desempenho bom ou ótimo pelos institutos estrangeiros: “universidades de fora do país pedem para que continuemos enviando mais estudantes, pois são considerados esforçados e muito interessados” afirma.

Paulo Sérgio diz que é necessário e importante desenvolver a tecnologia no Brasil para que não seja preciso sua importação. Além disso, diz que a melhora das universidades, que as qualificaria como referência mundial, aumentam, inclusive, a busca de empresas estrangeiras pelo país. “Mais do que um privilégio, é um encargo. As universidades serão cobradas para a criação de pesquisa de fronteira, para ter um corpo docente, técnico e administrativo qualificado e atrair estudantes estrangeiros a partir de aulas ministradas em inglês”, disse o professor.

Segundo ele, a meta do Ciência sem Fronteiras é abrir mais 100 mil bolsas, trazendo estudos em segunda língua para os pós-graduandos, ênfase em estudos técnicos e atração de pesquisadores estrangeiros. Ao fim do encontro, o professor se emocionou ao pedir aos pós-graduandos que estudassem e trabalhassem pelo nosso país.

No final do debate, os pontos levantados pelos pós-graduandos foram críticas como a falta de direitos da categoria, a falta de diálogo entre universidades brasileiras, sul-americanas e africanas, o projeto de lei que limita o acesso a periódicos, e o despertar do interesse pela pesquisa nos estudantes. A questão levantada pela presidenta da ANPG, Tamara, foi como ter mais doutores em um país onde a maioria dos jovens não termina o ensino médio e qual o papel do Brasil na ajuda a outros países em desenvolvimento.

Os dois palestrantes expressaram satisfação em participar do seminário. “Sinceramente gostei muito. Vi preocupação genuína dos presentes e suas questões foram pertinentes. Só tenho aplausos”, finaliza Zeferino. Beirão concordou com o colega, “foi excelente. As perguntas mostraram envolvimento muito grande dos pós-graduandos nas questões nacionais. A iniciativa da ANPG foi muito oportuna em promover esse debate, o que mostra que a Associação está bastante engajada na questão nacional”, diz.

O seminário “A Internacionalização da Ciência Brasileira” continua na amanhã (03), a partir das 10 horas, com o tema “Internacionalização, formação e contratação de recursos humanos e questão das Organizações Sociais na política nacional de desenvolvimento científico”, e vai até quinta (05), no campus ESDI (Escola Superior de Desenho Industrial), da UERJ, na rua Evaristo da Veiga, 95, Lapa, Rio de Janeiro.

Por Magdalena Bertola, do Rio de Janeiro