Category

Sem categoria

Category

Primeira edição latinoamericana do evento acontecerá na USP

No próximo dia 16 de novembro, acontecerá, na Universidade de São Paulo (USP), a conferência “Destination Europe”, organizado pela comissão europeia da EURAXESS Links, responsável pela divulgação do concurso EURAXESS Science Slam Brazil. O objetivo do evento é apresentar as oportunidades de financiamento e de carreira na Europa para estudantes de pós-graduação e pesquisadores de qualquer nacionalidade e de todos os níveis de pesquisa. Além da feira, na qual os pesquisadores poderão conversar diretamente com os representantes da Comissão europeia e de 9 países europeus, cada um fará uma apresentação dos seus programas e iniciativas em 20 minutos. O evento ainda trará pesquisadores que realizaram parte das suas carreiras na Europa e fornecerão depoimentos sobre suas experiências.

Desde seu lançamento, em 2012, mais de 2000 pessoas já participaram do Destination Europe, que terá sua primeira edição na América Latina e contará com tradução simultânea inglês/português.
Para participar, o interessado deve se inscrever previamente pelo site https://destinationeurope-saopaulo.teamwork.fr/en/, onde é possível achar mais informações.

Além do evento principal em São Paulo, EURAXESS Links organiza duas sessões de informação com representantes da União Europeia sobre financiamentos e suporte oferecidos aos pesquisadores. Estas sessões ocorrerão em Florianópolis no dia 17/11, na Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), e no Rio de Janeiro no dia 19, na Casa Europa, das 9h30 às 11h45, e serão abertas a todos os pesquisadores e estudantes.

Da redação

Pedro Jatobá, que vai apresentar seu trabalho no Fórum
Pedro Jatobá, que vai apresentar seu trabalho no Fórum

Nome: Pedro Henrique Gomes Jatobá
Área: Tecnologia da Informação

Instituição: Instituto Intercidadania – www.intercidadania.org.br / Cooperativa E.I.T.A. (Educação, Informação e Tecnologia para Autogestão) – www.eita.org.br
Formação: Mestre em Gestão e Desenvolvimento Social pela UFBA e Bacharel em Ciência da Computação pela UNICAP.

ANPG: Fale um pouco sobre o que é o projeto que você irá apresentar durante o Fórum.
Pedro Jatobá: Estarei apresentado o desenvolvimento de ambientes vituais de aprendizado e gestão colaborativa utilizando o software livre CORAIS.ORG. Este foi o objeto do meu mestrado na escola de Administração da UFBA (http://www.iteia.org.br/textos/ambientes-virtuais-de-aprendizagem-e-gestao-colaborativa). Possibilita a criação de ambientes digitais para troca de conhecimentos, comunicação interna, gestão de moedas sociais digitais, tomada de decisão coletiva e gestão conjunta de empreendimentos criativos.

ANPG: Na sua opinião, qual a importância de cooperação científica entre os países dos BRICS e da União Eurosiática?
P.J.: Para mim é uma iniciativa muito importante pois possibilita que pesquisadoers destes países troquem boas práticas, conhecam parceiros de pesquisa em um mesmo campo de atuação etambém planejem ações conjuntas fortalecendo o bloco e a pesquisa científica entre países membros. A reunião presencial potencializa ainda mais possíveis redes e parcerias através da internet uma vez que existe o contato presencial e o ambiente para se conhecer e entender o trabalho e pesquisa realizado pelos pesquisadores destes países.

ANPG: Na sua opinião, qual a importância da iniciativa da ANPG de levar pesquisadores brasileiros para representar o país no Fórum?
P.J.:
Uma iniciativa de grande importância uma vez que garante a participação do país ao mesmo tempo que apoia e media pesquisadores, como no meu caso que residem no nordeste do país a se engajarem e participarem destas ações. Sem este apoio talvez esta informação não circulasse devidamente no Brasil e com isso pesquisas importantes ficassem de fora do Fórum o que prejudicaria a imagem do nosso país como centro de pesquisa e também atrasaria a chegada no país de outras inovações e pesquisadores integrantes dos BRICS através de parcerias que poderão ser costuradas neste encontro.

Da redação

Marcela Tsuboy que irá apresentar o trabalho na área de Medicina
Marcela Tsuboy que irá apresentar o trabalho na área de Medicina

Nome: Marcela Stefanini Ferreira Tsuboy
Área: Medicina
Instituição: UFSCar, campus São Carlos, SP.
Formação: Graduação em Ciências Biológicas (UNESP, campus Assis, SP), Mestre em Genética e Biologia Molecular (UEL, Londrina, PR) e Doutora em Ciências Biológicas (ênfase em Biologia Celular e Molecular; UNESP, campus Rio Claro, SP). Pós- doutorado em andamento na UFSCar sob a supervisão da Profa. Dra. Heloísa Sobreiro Selistre de Araújo e Profa. Dra. Márcia Regina Cominetti.

Desde o final de minha graduação atuo em uma área da Genética chamada Mutagênese. Basicamente, a Mutagênese estuda os danos ao DNA induzidos por agentes químicos, físicos e biológicos e, portanto, está diretamente envolvida com o processo de envelhecimento e no desenvolvimento de doenças como o câncer; além de outras áreas onde a Mutagênese pode ser aplicada. No meu caso, eu uso a Mutagênese e a Biologia Celular/Molecular para estudar o efeito preventivo de plantas medicinais na indução de danos ao DNA e na busca por novas drogas antitumorais.

ANPG: Fale um pouco sobre o que é o projeto que você irá apresentar durante o Fórum.
Marcela Tsuboy: Meu atual projeto tem como objetivo investigar compostos que possam se ligar com uma proteína transmembrana chamada integrina αvβ3 (alfaV beta3). Essa proteína está envolvida nos processos de adesão e migração celular (importantes na progressão do câncer) e é alvo para o desenvolvimento de drogas anti-metastáticas e anti-angiogênicas. Foi feita uma triagem inicial (em colaboração com o Prof. Dr. Marcelo Andrade de Lima, UNIFESP) para investigar essa ligação/interação e um composto foi escolhido para dar continuidade aos testes. O composto chama-se [10]-gingerol e é isolado do gengibre. Este composto está sendo estudado em nosso laboratório há alguns anos e ele tem se mostrado bastante promissor em estudos in vitro e in vivo. Além dos ensaios biológicos de inibição de adesão e migração celular in vitro, estamos realizando, em colaboração com o Prof. Dr. Ronaldo Censi Faria e a Dra Carolina Venturini Uliana, um método para estudar a possível ligação/interação do [10]-gingerol com a integrina αvβ3. Essa técnica usa partículas magnéticas que são cobertas com a integrina αvβ3 e depois são incubadas com os compostos. Para ver se houve ou não a ligação/interação, mede-se o aumento da intensidade de corrente na região de oxidação do composto por voltametria cíclica.

O projeto é desenvolvido no Laboratório de Biologia do Envelhecimento (LABEN, depto de Gerontologia) e no Laboratório de Bioquímica e Biologia Molecular (LBBM; depto de Ciências Fisiológicas) da UFSCar, São Carlos, SP.

Título do projeto apresentado no fórum: “Effects of [10]-gingerol on the inhibition of breast tumor cell adhesion and its possible interaction with αvβ3 integrin to reduce metastasis”.
Colaboradores: Dr. Ronaldo Censi Faria e a Dra Carolina Venturini Uliana (Laboratório de Bioanalítica e Eletroanalítica, Departamento de Química, UFSCar, São Carlos, SP). Prof. Dr. Marcelo Andrade de Lima (Departamento de Bioquímica, UNIFESP, São Paulo, SP).

ANPG: Na sua opinião, qual a importância de cooperação científica entre os países dos BRICS e da União Eurosiática?
MT: A cooperação científica e a realização de pesquisa científica e tecnológica é um fator chave para obtenção de competitividade econômico-industrial de um país. Fortalecer essa cooperação e investir na educação científica e tecnológica ajuda na melhoria de padrão de vida social e econômico da população.

ANPG: Na sua opinião, qual a importância da iniciativa da ANPG de levar pesquisadores brasileiros para representar o país no Fórum?
MT: Para os pesquisadores brasileiros esta oportunidade é como um prêmio por toda a dedicação que cada um tem com sua pesquisa. Com certeza isso ajudará a dar maior visibilidade aos estudantes, no intuito de serem reconhecidos cada vez mais como profissionais da Ciência e Tecnologia, e não como meros estudantes de pós-graduação.
As possíveis colaborações que podem ser iniciadas no fórum com certeza trarão bons frutos às universidades onde trabalhamos. Além disso, o intercâmbio científico e cultural é também uma ótima oportunidade de crescimento pessoal, que ajuda a formar profissionais cada vez melhores em sua área de atuação.

Da redação

Thiago Brito, que irá apresentar trabalho na área Energia durante o Fórum
Thiago Brito, que irá apresentar trabalho na área Energia durante o Fórum

Nome: Thiago Luis Felipe Brito
Categoria: Energia
Instituição: Instituto de Energia e Ambiente – Universidade de São Paulo
Formação: Graduação – Relações Internacionais; Mestrado – Energia; Doutorado (em andamento)

ANPG: Fale um pouco sobre o que é o projeto que você irá apresentar durante o Fórum.
Thiago Brito: Meu trabalho é o projeto que desenvolvo em meu doutorado. Como ainda estou no primeiro ano, tenho apenas rascunhos e um pequeno artigo escrito sobre o tema – por isso inscrevi meu trabalho na categoria “Best Innovation Idea”. A pesquisa que desenvolvo é na área de substituição de combustíveis de veículos pesados rodoviários (caminhões), especialmente o óleo diesel por gás natural. Através da revisão bibliográfica que realizo e de conversas com especialistas internacionais na área de transportes e energia, tenho observado que o gás natural é adotado em frotas do mundo inteiro por ser considerado um combustível mais limpo e sustentável. O gás, ao substituir o diesel, tem um potencial de redução de emissões de gases de efeito estufa (especialemente o CO2) e poluentes tóxicos (como o material particulado). Durante o mestrado, estudei a possibilidade de inserir o gás natural na frota de ônibus do transporte público da cidade de São Paulo. Agora no doutorado, buscarei trabalhar com ônibus e caminhões para o transporte rodoviário através de um conceito chamado de Corredores Azuis (Blue Corridors). A cor azul é uma referência à coloração da chama do gás natural. Este conceito trabalha a possibilidade de inserção do gás natural em rotas específicas de maneira mais atrativa economicamente.

ANPG: Na sua opinião, qual a importância de cooperação científica entre os países dos BRICS e da União Euroasiática?
TB: A união entre pesquisadores de países emergentes é essencial, no meu entender, para que a ciência destes países possa crescer e atrair investimentos. Atualmente somente revistas e periódicos científicos hospedados nas universidade dos países mais ricos possuem visibilidade. Uma união entre membros dos BRICS poderia, por exemplo, produzir uma publicação, com o mesmo rigor científico, mas em que o acesso fosse menos restrito.
A participação no 1º Fórum de Inovação da Juventude dos BRICS e da União Eurasiática mostra-se especialmente interessante para pesquisadores brasileiros, cujas universidades estão sofrendo com os cortes de verbas esse ano. O fórum visa promover a aproximação entre o pesquisador e o investidor, podendo assim representar um caminho alternativo àqueles que são afetados pelos cortes.

ANPG: Na sua opinião, qual a importância da iniciativa da ANPG de levar pesquisadores brasileiros para representar o país no Fórum?
TB: No Brasil, como ainda não há o reconhecimento da profissão de cientista/pesquisador, é importante que instituições como a ANPG tomem a iniciativa de participar de ambientes que possam alavancar e dar visibilidade às ideias e ao conhecimento que está sendo desenvolvido no país. Agradeço ao convite para compor esta delegação e à liderança da ANPG neste processo, nas figuras de Thomas e Tamara.

Da redação

Campinas, 21 de setembro de 2015

Caras Professoras, Caros Professores,

Como doutorando em Filosofia na UNICAMP prestes a ser desligado do curso, apresento esta carta aberta na tentativa de chamar o Departamento para um diálogo entre pesquisadores, de igual para igual, dado nosso interesse comum em produzir Filosofia.

Ingressei no doutorado em 2011, na linha de pesquisa de Lógica, e tranquei o curso em 2013, por perceber que meu interesse acadêmico havia mudado para a linha de Pensamento Ético-Político. Desde que retornei à atividade no doutorado, em 2014, tento conciliar meus interesses acadêmicos com as pesquisas em curso no Departamento. Infelizmente percebi que as pesquisas não contemplavam o único requisito básico que eu, enquanto filósofo negro, propunha para meu trabalho: pesquisar um tema que contribuísse para a luta anti-racista. Em meados do segundo semestre de 2014, ao mesmo tempo em que buscava uma proposta de trabalho conciliatória, me pus a pesquisar autonomamente sobre éticas e identidades, tendo como referência principal um filósofo africano, o ganês Kwame Appiah, atualmente professor de Filosofia na prestigiada New York University.

Além de estudante, sou também funcionário da UNICAMP, e faço parte da direção do Sindicato dos Trabalhadores da UNICAMP. Denunciei um caso de conflito trabalhista com características de assédio moral que me atinge há mais de um ano, e que lamentavelmente conta com participação ativa de pelo menos três docentes do Departamento de Filosofia. Tal conflito foi denunciado ao Ministério Público do Trabalho e está sendo judicializado na Justiça do Trabalho. Dois docentes do Departamento de Filosofia envolvidos no conflito supramencionado participaram de uma tentativa de me expulsar do doutorado no início de 2015, tentativa esta que só foi interrompida após ser retirada da pauta da Congregação por unanimidade, tendo ficado explícito seu aspecto não acadêmico. Foi devido a esta retirada de pauta que o Departamento tomou a iniciativa de me propor a apresentação de um texto que seria avaliado e a partir do qual se definiria se algum docente do Departamento iria atuar na orientação de meu trabalho. Entreguei o texto no prazo, e o parecer aprovado pelo Departamento diz que o tema que eu abordo é um relevante problema de ética aplicada. O parecer afirma ainda que apresento resultados novos, com densidade filosófica. E após apontar alguns pontos que devem ser aprofundados no trabalho, o parecer menciona que meu trabalho não tem a maturidade que se deveria esperar de um trabalho de quatro anos, que o Departamento não possui em seu quadro docente pessoas adequadamente especializadas para orientar meu trabalho e consequentemente devo ser expulso do doutorado.

Das três críticas apresentadas, entendo que apenas a primeira, referente à necessidade de explorar melhor alguns pontos, está bem fundamentada. Certamente aceito esta crítica, que será útil na continuidade do trabalho. As duas outras críticas são graves equívocos, como exponho a seguir.

O primeiro equívoco é óbvio, e trata-se de esperar que um trabalho que efetivamente tinha cerca de um ano (pois foi iniciado no segundo semestre de 2014) a maturidade de um trabalho de quatro anos (ou seja, uma tese de doutorado já pronta para ser defendida). Sabemos que um trabalho acadêmico não nasce pronto: este precisa ser construído, e o tempo é elemento fundamental. Muitos trabalhos de doutorado com um ano, ou seja, na mesma fase em que se encontra a minha pesquisa, sequer apresentam uma problemática bem definida. O meu trabalho, como reconhecido pelo Departamento, não só apresenta temática relevante como já traz também resultados com densidade filosófica. A argumentação do Departamento desconsidera, ainda, que o tempo que tenho para poder finalizar o doutorado é suficiente para concluir o trabalho de forma satisfatória.

O segundo equívoco está presente na alegação de falta de corpo docente qualificado. É lamentável que o Departamento não tenha atentado que tal justificativa apenas o desabona: uma Universidade, ao se deparar com um campo de conhecimento reconhecidamente relevante, tem o dever de promover as condições necessárias para fomentar a pesquisa, e não simplesmente utilizar de sua inaptidão para se manter no desconhecimento. O estudo do tema e do autor que proponho cresce em várias partes do mundo, e infelizmente o mesmo não se pode dizer da UNICAMP. Minha pesquisa representa uma oportunidade para que nossa Universidade se insira em uma temática de pesquisa que se faz presente em grandes universidades. O argumento da falta de qualificação apenas seria digno de consideração se fosse usado no sentido de possibilitar um alargamento dos horizontes do Departamento. Além disto, a postura adotada gera um círculo vicioso (ausência de qualificação impede o estudo, que por sua vez impede a qualificação de novos quadros), que não é compatível com a postura de um dos melhores departamentos de Filosofia do Brasil.

O próprio Departamento atesta que eu, sozinho, pesquisando de maneira independente, fui capaz de produzir resultados relevantes em área na qual o Departamento é deficiente. Assim, convido os docentes a uma revisão conjunta de atitude, e a dar um passo na direção da efetiva construção do conhecimento: eu, enquanto pesquisador, tenho contato com docentes de outras universidades do Brasil que trabalham com filosofia africana, e que podem contribuir com minha pesquisa, e estão dispostos a atuar como co-orientadores. Estou certo de que podemos construir uma cooperação exitosa, e ficarei extremamente satisfeito em poder fazer a ponte entre os dois grupos. Para isto, preciso que o Departamento reveja sua decisão, e que me permita continuar estudando. Afinal, é apenas isto o que venho requerendo há algum tempo: o simples direito de continuar estudando na universidade pública onde fiz graduação, mestrado e na qual fui selecionado para o programa de doutorado.

É oportuno lembrar que o Departamento não tem a prerrogativa de ignorar a legislação brasileira. Neste sentido, é inconcebível que a Lei 10.639/2003 continue a ser desrespeitada, o que torna meu desligamento do doutorado ainda mais grave: a tentativa de retirar o Departamento de uma situação conflituosa perante a lei resultou não em cooperação, mas em expulsão. Tal medida em uma sociedade marcada pelo racismo, tanto pessoal quanto institucional, se torna ainda mais preocupante.

Por fim, ressalto que estamos em um momento em que a academia brasileira se preocupa em aumentar o contato entre áreas e instituições, como testemunham o incentivo da CAPES à articulação entre programas de pós-graduação e a estratégia 14.10 do Plano Nacional de Educação. Deste modo, penso que minha continuidade no doutorado trará vários benefícios para o Departamento, uma vez que aumentará sua visibilidade e fará crescer os contatos acadêmicos com outros programas de pós-graduação do país e até mesmo do exterior. Convido, então, o Departamento de Filosofia a dar um passo em direção ao alargamento de seu horizonte de pesquisas. Solicito que sejam tomadas as providências burocráticas necessárias para garantir que poderei continuar fazendo minha pesquisa. Estou certo de que todos teremos ganhos com tal atitude: eu, por continuar pesquisando; o Departamento, pelos motivos arrolados acima; e a Filosofia, que é o fator que nos une e que deve ser o objeto central de nossas preocupações e decisões.

Saudações filosóficas,

Teófilo Reis

O NCN – Núcleo de Consciência Negra da UNICAMP manifesta publicamente seu repúdio à atitude do Departamento de Filosofia da UNICAMP de desrespeitar resolução da Congregação do IFCH – Instituto de Filosofia e Ciências Humanas e se negar a adotar cotas étnico-raciais em seu processo seletivo para a pós-graduação. Em 11 de março de 2015 a Congregação do IFCH aprovou a adoção de cotas em todos os programas de pós-graduação do Instituto. A partir de tal aprovação cada um dos programas deveria se organizar para adotar cotas nos editais de mestrado e doutorado que selecionariam alunos para ingresso em 2016. Contrariando o que fora estabelecido, o Departamento de Filosofia decidiu não adotar cotas. Como se o fato em si já não fosse suficientemente descabido, a justificativa apresentada apenas demonstrou o entendimento superficial e distorcido que o Departamento tem acerca da questão racial no Brasil. Ao argumentar que pouco mais de 25% do corpo discente da pós-graduação em Filosofia é composta por pessoas negras ou indígenas e que portanto as cotas são desnecessárias, o Departamento de Filosofia dá uma aula de como conduzir um questão séria de forma medíocre. No Estado de São Paulo, 35% da população se declara negra. Em nível nacional, o percentual ultrapassa 52%. Mesmo diante de tais informações básicas, o Departamento se vê no direito de nivelar por baixo a participação de negras e negros na pós-graduação em Filosofia. A mensagem que o Departamento efetivamente transmite é a seguinte: 25% do espaço para negras e negros já está bom demais! Ora, isso é completamente inaceitável, ainda mais em se tratando de uma Universidade pública, sustentada pelos impostos que, devido ao caráter regressivo de nosso sistema tributário, atingem principalmente a população mais pobre – em sua maioria, negras e negros.

O Departamento perdeu uma chance de demonstrar com medidas práticas seu interesse em promover justiça social. Em vez de ter a chance de se tornar um modelo para outros programas de pós-graduação, o Departamento optou por se juntar ao que há de mais conservador e atrasado na sociedade. Nós, do NCN, lamentamos profundamente a decisão do Departamento, e expressamos nosso repúdio à decisão deste grupo de estudiosos e estudiosas que, do alto de seu conhecimento, parece não ser capaz de enxergar a realidade brasileira, e toma medidas que nada mais fazem senão contribuir para a perpetuação do racismo. Exigimos a imediata revogação do edital de seleção publicado há duas semanas, e a publicação de um novo edital contemplando as cotas. Esperamos que o Departamento de Filosofia entenda que há apenas duas possibilidades: ou a Universidade assume verdadeiramente seu caráter público ou ela seguirá sendo um espaço racista e opressor que não dialoga com a sociedade.

Ocupe_Brasilia_Meme

A ANPG convida o conjunto dos pós-graduandos brasileiros para ocupar Brasília entre os dias 10 e 12 de agosto. O objetivo é pressionar o governo pela reversão dos cortes nas áreas de Educação e Ciência e Tecnologia, em especial, cortes significativos nas verbas de custeio da Capes e paralização da concessão de novas bolsas em algumas modalidades.

Reunida em São Carlos, durante a 67a reunião anual da SBPC, a diretoria da entidade deliberou a convocação de um conjunto de atividades e mobilizações contra os cortes nessas áreas. Entre elas já está marcada audiência pública da comissão de educação da câmara federal que contará com a presença dos ministérios da Educação e da Ciência, Tecnologia e Inovação para debater “A importância da pós-graduação e os direitos dos pós-graduandos”. Além da audiência pública, a entidade está requerendo reuniões com todas as autoridades do setor, na tentativa de restabelecer o fluxo financeiro para os programas de pós-graduação.

Os cortes estão impactando de forma diferente cada universidade no Brasil. Em alguns lugares, a própria Reitoria ou pró-reitoria tem estimulado o movimento. Segundo Isac Medeiros, presidente do FOPROP (Fórum de pró-reitores de pós-graduação e pesquisa), “inicialmente o Foprop reconhece a necessidade de ajuste fiscal para buscar o equilíbrio nas contas públicas. No entanto, preocupam os cortes nas verbas de custeio da pós-graduação, os quais inviabilizam o próprio funcionamento das rotinas dos cursos de pós-graduação, como a realização de bancas de qualificação e de defesa, aquisição de insumos para a pesquisa, funcionamento de laboratórios, manutenção de equipamentos, participação de docentes e discentes em eventos científicos, coleta de dados, apoio à publicação de artigos científicos, entre outros. Desta forma, o Foprop se manifestou (através de Nota Pública) contrário aos cortes impostos pelo MEC que impactam negativamente no financiamento da pós-graduação brasileira e considerou imprescindível a recomposição do orçamento da CAPES, visando à sustentabilidade da pós-graduação. Afinal, se o país hoje é reconhecido mundialmente pela sua capacitação científica e tecnológica, deve muito ao papel que a CAPES tem cumprido ao longo de seus 60 anos de existência. Deixar de apoiar a agência pode trazer prejuízos para a comunidade científica do país, o que pode afetar todo o sistema nacional de pós-graduação, notadamente reconhecido como um dos mais bem sucedidos projetos educacionais do país”.

Na UFBA, por exemplo, a pós-graduação também foi atingida por atrasos da FAPESB e os pós-graduandos tem se organizado para combater os cortes.

Ocupe Brasília terá acampamento
Além de buscar reuniões, a ANPG está organizando um acampamento em frente o MEC, como forma de pressionar seus dirigentes a cumprirem os compromissos assumidos, como o grupo de trabalho sobre direitos.

Para Tamara Naiz, Presidenta da entidade, “esse grupo de trabalho é importante para avançarmos em curto e médio prazo na pauta de direitos para os pós-graduandos, definida pelo congresso da ANPG”.

Sobre o conjunto de atividades em Brasília, Tamara diz que o acampamento e as manifestações que devem acontecer durante a próxima terça-feira (11), “é um grito de apelo da pós- graduação brasileira contra os cortes orçamentários e contra a interrupção do ciclo virtuoso de crescimento que a pós-graduação brasileira vivenciou nos últimos anos”.

Na terça-feira (11), também será realizada audiência pública no auditório do Congresso Nacional para debater os desafios encontrados pelos estudantes de pós-graduação, e a importância da qualificação oferecida pelos cursos (Saiba mais aqui).

Veja a Convocatória Oficial do Dia Nacional de Mobilização da Pós-Graduação

Da redação

 

A crise econômica e a redução da arrecadação do ICMS em São Paulo ameaçam os orçamentos das universidades estaduais paulistas e ameaçam a qualidade de ensino e pesquisa, que garantem a reputação dessas instituições. O movimento de Pós-Graduandos, estudantes, professores e funcionários pressionam os deputados para ampliar o percentual de repasse financeiro do Estado para as Universidades.
Na terça-feira (23), durante audiência pública na Assembléia Legislativa, as IES puderam mostrar para os deputados os problemas que a interrupção do financiamento traz para o progresso do Brasil. “Na USP, uma série de laboratórios estão com risco de fechamento por conta do repasse”, afirma Mariana Moura, coordenadora da APG-USP Capital e que esteve presente na audiência, “Se o repasse não for aumentado, algumas linhas de pesquisa terão de ser fechadas”, completa. Além das entidades de pós-graduandos, estão na luta também entidades de professores, funcionários e de estudantes de graduação.
A expansão das universidades estaduais nos últimos anos foi fundamental para que acontecesse uma diversificação nas linhas de pesquisa de tais instituições, “é fundamental que os deputados entendam que a redução do repasse, em função da crise econômica, trará prejuízos insuperáveis para a pesquisa em São Paulo e no país”, continua Mariana. O aumento do repasse é uma unanimidade nas três universidades estaduais paulistas mais o Centro Paula Souza, responsável pelas Fatecs e Etecs do Estado. “Quem perde com isso é o desenvolvimento científico e tecnológico e o avanço e progresso do nosso país e do nosso Estado”, finaliza Mariana.
As estaduais paulistas ficarão mobilizadas até amanhã (30), data provável para a votação da LDO na Assembléia Legislativa de São Paulo.
Veja o que já publicamos a respeito
Da Redação

IMG-20150309-WA0025

Em resposta à grave situação em curso no país, na qual a Direita e a grande mídia orquestram uma atitude golpista que ataca a Democracia e ameaça o maior patrimônio do povo brasileiro, a Petrobrás, a ANPG se integra aos movimentos sociais, juntamente com as outras entidades estudantis, UNE e UBES, na luta pela defesa da Democracia, da Petrobrás, da Reforma Política e dos Direitos da Classe Trabalhadora.

“No próximo dia 13, há uma ampla convocação dos movimentos sociais para resistir ao plano de ajustes colocado em curso pelo Ministro Joaquim Levy, que retira direitos. Pautamos também a necessidade de defender a Petrobras (a empresa que mais realiza investimentos no Brasil, com destaque na área de inovação e tecnologia) sem, no entanto, negar a corrupção, mas, ao contrário, pedindo que os responsáveis sejam punidos de acordo com a lei. Não ignoramos que a raiz de todos esses processos de corrupção é o sistema político baseado no financiamento privado de campanha, por isso os movimentos sociais no dia 13 dizem que a saída é uma verdadeira reforma política”, diz Luís Gabriel Menten Mendoza, diretor de Relações Internacionais da ANPG.

Por isso, a ANPG convoca o movimento nacional de pós-graduandos e a sociedade a participar dos atos no dia 13 de março, sexta-feira, que acontecerão em por todo o país.

Em São Paulo a concentração será às 16h na Avenida Paulista, 901 (em frente à Petrobrás) e caminhada até a Praça da República.Confira as cidades, locais e horários aqui. 

A ANPG também assina o Manifesto dos Movimentos Sociais sobre o Dia 13 de Março:

Um dos maiores desafios dos movimentos sindical e social hoje é defender, de forma unificada e organizada, o projeto de desenvolvimento econômico com distribuição de renda, justiça e inclusão social. É defender uma Nação mais justa para todos.

Defender os Direitos da Classe Trabalhadora

A agenda dos trabalhadores que queremos ver implementada no Brasil é a agenda do desenvolvimento, com geração de emprego e renda.

Governo nenhum pode mexer nos direitos da classe trabalhadora. Quem ousou duvidar da nossa capacidade de organização e mobilização já viu do que somos capazes.

Defender os trabalhadores é lutar contra medidas de ajuste fiscal que prejudicam a classe trabalhadora.

As MPs 664 e 665, que restringem o acesso ao seguro desemprego, ao abono salarial, pensão por morte e auxílio-doença, são ataques a direitos duramente conquistados pela classe trabalhadora.

Se o governo quer combater fraudes, deve aprimorar a fiscalização; se quer combater a alta taxa de rotatividade, que taxe as empresas onde os índices de demissão imotivada são mais altos do que as empresas do setor, e que ratifique a Convenção 158 da OIT.

Lutaremos também contra o PL 4330, que da maneira como está imposto libera a terceirização ilimitada para as empresas, aumentando osubemprego, reduzindo os salários e colocando em risco a vida dos/as trabalhadores/as.

Defender a Petrobrás

Defender a Petrobrás é defender a empresa que mais investe no Brasil – mais de R$ 300 milhões por dia – e que representa 13% do PIB Nacional. É defender mais e melhores empregos e avanços tecnológicos. É defender uma Nação mais justa e igualitária.

Defender a Petrobrás é defender um projeto de desenvolvimento do Brasil, com mais investimentos em saúde, educação, geração de empregos, investimentos em tecnologia e formação profissional.

Defender a Petrobrás é defender ativos estratégicos para o Brasil. É defender um patrimônio que pertence a todos os brasileiros e a todas as brasileiras. É defender nosso maior instrumento de implantação de políticas públicas que beneficiam toda a sociedade.

Defender a Petrobrás é, também, defender a punição de funcionários de alto escalão envolvidos em atos de corrupção. Exigimos que todos os denunciados sejam investigados e, comprovados os crimes, sejam punidos com os rigores da lei. Tanto os corruptores, como os corruptos. A bandeira contra a corrupção é dos movimentos social e sindical. Nós nunca tivemos medo da verdade.

Defender a Petrobrás é não permitir que as empresas nacionais sejam inviabilizadas para dar lugar a empresas estrangeiras. Essas empresas brasileiras detêm tecnologia de ponta empregada na construção das maiores obras no Brasil e no exterior.

Defender a Democracia – Defender Reforma Política

Fomos às ruas para acabar com a ditadura militar e conquistar a redemocratização do País. Democracia pressupõe o direito e o respeito às decisões do povo, em especial, as dos resultados eleitorais. A Constituição deve ser respeitada.

Precisamos aperfeiçoar a nossa democracia, valorizando a participação do povo e tirando a influência do poder econômico sobre nosso processo eleitoral.

Para combater a corrupção entre dirigentes empresariais e políticos, temos de fazer a Reforma Política e acabar de uma vez por todas com o financiamento empresarial das campanhas eleitorais. A democracia deve representar o Povo. Não cabe às grandes empresas e as corporações aliciar candidatos e políticos para que sirvam como representantes de seus interesses empresariais em detrimento das necessidades do povo.

No dia 13 de março vamos mobilizar e organizar nossas bases, garantir a nossa agenda e mostrar a força dos movimentos sindical e social. Só assim conseguiremos colocar o Brasil na rota de crescimento econômico com inclusão social, ampliação de direitos e aprofundamento de nossa democracia.

Estamos em alerta, mobilizados e organizados, prontos para ir às ruas de todo o país defender a democracia e os interesses da classe trabalhadora e da sociedade sempre que afrontarem a liberdade e atacarem os direitos dos/as trabalhadores/as.

Não aceitaremos retrocesso!

CUT – Central Única dos Trabalhadores

FUP – Federação Única dos Petroleiros

CTB – Central dos Trabalhadores do Brasil

UGT – União Geral dos Trabalhadores

NCST – Nova Central Sindical dos Trabalhadores

CSB – Central dos Sindicatos Brasileiros

UNE – União Nacional dos Estudantes

MST – Movimento dos Trabalhadores Sem Terra

CMP – Central dos Movimentos Populares

MAB – Movimento de Atingidos por Barragem

LEVANTE Popular da Juventude

FAF – Federação dos Trabalhadores na Agricultura Familiar

MNPR – Movimento Nacional das Populações de Rua

FDE – Fora do Eixo MÍDIA Ninja

MMM – Marcha Mundial das Mulheres

ANPG – Associação Nacional de Pós-Graduandos

Por Mario Benedetti
Defender a alegria como uma trincheira
defendê-la do escândalo e da rotina
da miséria e dos miseráveis
das ausências transitórias
e das definitivas
defender a alegria por princípio
defendê-la do pasmo e dos pesadelos
assim dos neutrais e dos neutrões
das infâmias doces
e dos graves diagnósticos
defender a alegria como bandeira
defendê-la do raio e da melancolia
dos ingênuos e também dos canalhas
da retórica e das paragens cardíacas
das endemias e das academias
defender a alegria como um destino
defendê-la do fogo e dos bombeiros
dos suicidas e homicidas
do descanso e do cansaço
e da obrigação de estar alegre
defender a alegria como uma certeza
defendê-la do óxido e da ronha
da famigerada patina do tempo
do relento e do oportunismo
ou dos proxenetas do riso
defender a alegria como um direito
defendê-la de Deus e do Inverno
das maiúsculas e da morte
dos apelidos e dos lamentos
do azar
e também da alegria