Corte no orçamento para a pós-graduação pode comprometer pesquisa brasileira

carteira de estudante

Uma audiência pública na Comissão de Educação da Câmara dos Deputados, realizada nesta terça-feira (4), debateu o corte de recursos para a pós-graduação no país. A Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), principal agência de financiamento de bolsas de pesquisa, vem perdendo recursos nos últimos anos. Em 2015, a Capes tinha orçamento de R$ 9,5 bilhões, mas recebeu no ano passado menos de R$ 5 bilhões. E o orçamento deste e do próximo ano estão congelados no mesmo valor.
A presidente da Associação Nacional de Pós-graduação e Pesquisa em Educação, Andréa Gouveia, disse que o corte compromete a qualidade da pesquisa brasileira.
“Isso fere de morte a possibilidade da manutenção da qualidade dos programas de pós-graduação. As bolsas são efetivamente bolsas de mestrandos e doutorandos. A qualidade da pesquisa exige dedicação – muitas vezes dedicação de tempo integral – e a impossibilidade de você ampliar o valor das bolsas unitárias, mas também o contingente de sujeitos que podem ter bolsas, isso compromete a qualidade o desenvolvimento da pesquisa”, disse.
Já a presidente da Associação Nacional dos Pós-graduandos, Flávia Calé, falou da fuga de cérebros do país.
“A consequência disso é você ter pós-graduandos desestimulados, a desistência da procura pela carreira científica, é você ter o aumento da depressão na pós-graduação, é você ter a fuga de cérebros, os graduandos pesquisadores pós-doc saindo do país para conseguir ter uma carreira científica. Então isso tudo é muito triste, porque você está vendo o futuro do Brasil sendo desperdiçado”, observou.

Congelamento
Mas, para os debatedores, o simples congelamento de recursos representa uma corte. E, segundo o deputado Zeca Dirceu (PT-PR), as consequências podem ser graves para o país. “Desestrutura dentro das universidades uma série de estudos de pesquisas, de trabalho de extensão, que não estão conclusos, ainda estão em andamento”, disse.
Além de aumento no número de bolsas ofertadas, os pesquisadores defendem uma política de reajuste no valor pago aos estudantes, que está congelado desde 2013.
Fonte: Agência Câmara Notícias
Veja o depoimento de Flávia Calé aqui