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A Associação Nacional de Pós-Graduandos (ANPG) participou, no dia 19 de fevereiro, em Brasília, da primeira reunião do Conselho Superior da CAPES em 2019. Na ocasião, em que quatro conselheiros foram empossados e teve as presenças dos ministros Marcos Pontes (MCTIC) e Ricardo Vélez (Educação), o novo presidente Anderson Ribeiro Correia apresentou como metas de sua gestão a aproximação com o setor privado, a integração do trabalho das agências de pesquisa e maior correspondência entre os investimentos e os resultados avaliados.

Flávia Calé, presidenta da ANPG, resgatou a história da CAPES como instituição de fomento fundamental ao Sistema Nacional de Ciência e Tecnologia, sem o qual torna-se débil qualquer projeto de desenvolvimento do país. “Para pavimentar os caminhos de inserção soberana do Brasil no cenário econômico mundo, combater as desigualdades estruturais do país e assegurar o desenvolvimento econômico e social, é preciso desenvolver a ciência nacional e preservar suas instituições”, argumentou.

Defendendo a valorização da pesquisa, Flávia apontou que 90% da produção científica brasileira se deve aos estudantes de pós-graduação, embora estes sejam cada vez mais impactados pela falta de investimentos à altura das necessidades e com o não reajuste de bolsas de estudos desde 2013. “Apenas com a correção inflacionária, as bolsas de mestrado e doutorado, que hoje valem 1500 e 2200 reais, chegariam a 2063 e 3026 reais”.

A presidenta ainda lembrou que pós-graduandos enfrentam o obstáculo da falta de direitos estudantis e trabalhistas, como décimo terceiro e férias, mesmo sendo profissionais de caráter híbrido – estudante e trabalhador da pesquisa. Além disso, os pós-graduandos atrasam, em média, seis anos a entrada no mercado de trabalho formal e têm dificuldades para encontrar vagas compatíveis com as especialidades de suas formações. “Esse cenário, muitas vezes, desestimula a ciência como alternativa de carreira para os jovens, acarretando em desperdício de capital humano e na “fuga de cérebros” para outras nações”.

Ao lado da campanha de valorização e reajuste das bolsas, Flávia Calé apresentou que a ANPG terá como uma das principais pautas de sua gestão a aprovação da destinação de 25% dos recursos do Fundo Social do Pré-Sal para o investimento em ciência e tecnologia, dando nova perspectiva orçamentária ao MCTIC e elevando o setor à condição de política estratégica de Estado. “A enorme riqueza representada pelo pré-sal só é conhecida e existe tecnologia para sua exploração graças ao desenvolvimento científico e à pesquisa dedicada. Portanto, dinheiro para pesquisa não é gasto. Ao contrário, é investimento que dá retorno”.

REUNIÃO CAPESPosse dos novos integrantes do Conselho Superior da CAPES. (Foto: Haydée Vieira - CCS/CAPES)

Saindo à frente das agências nacionais CAPES e CNPq, que estão desde maio de 2013 sem reajustar as bolsas de pesquisa, foi anunciado ontem (1º) pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP) a nova tabela de valores das bolsas.

Os reajustes, de 3,97%, para pagamentos a serem efetuados a partir de 1º de abril, vão de R$22,20 (Bolsas de  Iniciação Científica) a R$234,60 (Pós-Doutorado).

tabela reajuste de bolsas

“Os reajustes são modestos e muito aquém do que os pós-graduandos precisam. No entanto, reconhecemos que há uma política de reajuste anual implementada pela FAPESP, ao contrário da política nacional. É exatamente isso que a ANPG vem pautando com a CAPES e o CNPQ: reajustes periódicos. Os valores praticados pela agências (R$1500 mestrado/R$2200 doutorado) estão defasados em mais de 50%, considerando a inflação acumulada do período. Além disso, nossa defesa é também pela ampliação do número de bolsas”, disse Luana Bonone, presidenta da ANPG.

A tabela completa de bolsas com os novos valores está disponível aqui.

Da Redação com informações da FAPESP