SBPC defende royalties do petróleo para educação, ciência e tecnologia

carteira de estudante
Helena Nader, presidente da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), expressou posição favorável da entidade à destinação dos royalties do petróleo para a educação. Segundo ela, tais recursos poderiam ser divididos da seguinte forma: 70% no ensino básico, 20% no ensino superior e 10% aplicados em ciência e tecnologia.
 
O posicionamento foi defendido nesta terça-feira (19) em audiência pública sobre a Medida Provisória (MP) 592/2012, que trata das novas regras de distribuição dos royalties do petróleo. Ela destacou que mesmo estando entre as dez maiores economias do mundo, o Brasil apresenta os piores desempenhos em educação entre os países da OCDE. Para ela, dificilmente o Brasil atingirá as metas que estabeleceu para 2015, se não houver investimentos.
 
Helena apresentou os últimos números do PISA (Programa Internacional de Avaliação de Alunos) que mostram que o Brasil melhorou de 2000 a 2009. No entanto, ao se comparar o desempenho brasileiro em leitura, matemática e ciências, com a média mundial ou com a China – primeiro colocado – o Brasil está significativamente abaixo da média dos países do OCDE.
 
Segundo a presidente da SBPC, os dados do ENEM também mostram que a situação nacional é dramática. Em ciências da natureza, por exemplo, a qualidade vem caindo. Na sua avaliação, o Brasil melhorou em relação ao ensino superior. Em 2002, eram 43 universidades federais e, em 2009, 59. Para Helena, a pós-graduação brasileira é um sucesso, referência mundial. "A produção de mestres e doutores é motivo de orgulho, pois hoje países da Europa estão vindo para o Brasil para aprender como o mestrado deu certo", orgulha-se.
 
Ainda de acordo com os dados, a ciência brasileira, apesar de recente, também está indo bem. O Brasil ocupa o 13a posição em produção científica, representando 2,7% da produção mundial. A presidente da SBPC chama a atenção para a importância da ciência na agricultura, que representa quase 10% da produção científica mundial. Em sua avaliação, isto é fruto de investimento em ciência e educação.
 
Outro exemplo apresentado por Helena na audiência foi a área de celulose e papel. De acordo com a professora, devido a investimentos em pesquisas, o Brasil conseguiu produzir papel branco do pinheiro (Pinus spp), feito que ninguém acreditava.
 
Para ela, o país deve investir na economia do conhecimento. "Não é plantando uma árvore que se colhe um computador. Tem que haver investimentos. Tem que aumentar a formação de profissionais nas áreas tecnológicas", opinou.
 
Helena alertou ainda os parlamentares para as consequências que a legislação que está em discussão pode ocasionar ao financiamento da pesquisa, desenvolvimento e inovação. Ela lembrou que o CT Petro (Fundo Setorial do Petróleo tem mantido o Fundo Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (FNDCT), que financia importantes projetos de pesquisa e contribui para a formação de mão-de-obra qualificada em todo o País. "Ao acabar o CT Petro estaremos acabando com quem ajudou a descobrir o petróleo", opinou. Na ocasião, outros participantes também defenderam a destinação integral dos recursos dos royalties para o setor de educação.
 
Fonte: Jornal da Ciência, com a colaboração de Beatriz Bulhões