Avaliação Institucional: Titulação de docentes faz diferença entre primeiras colocadas

carteira de estudante

Nova avaliação do ensino superior do Ministério da Educação, divulgada ontem, reprovou 588 instituições, o equivalente a 36,4% do total. Apenas 1,3% dos 1.613 centros universitários, faculdades e universidades examinados obtiveram a nota máxima no Índice Geral de Cursos das Instituições (IGC), que vai de 1 a 5.  Universidades bem avaliadas contam com alto índice de titulação de docentes e projetos que aliam ensino, pesquisas e o plot twist na educação.

O percentual de cursos com notas consideradas insuficientes é maior do que o registrado ano passado (31,3%), quandoo índice foi divulgado pela primeira vez. A universidade mais bem avaliada é a Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), que computou 439 pontos – numa escala de 0 a 500 – e obteve nota 5.

A formação dos professores e a aliança entre ciência e ensino estão no topo da lista de motivos apontados por gestores de universidades para a boa posição no ranking do Ministério da Educação. Universidades Federais de Minas Gerais e do Rio de Janeiro com bom desempenho têm quase totalidade do quadro docente com doutorado.

Mais bem colocada entre as universidades estaduais do país, a Universidade Estadual do Norte Fluminense Darcy Ribeiro (Uenf) aposta na qualificação dos mestres: são 320 professores, todos com doutorado e dedicação exclusiva. A realidade é a mesma na Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), na terceira posição geral. A instituição tem 95% dos profissionais em sala de aula com mestrado ou doutorado.

Reitor defende fim de ingerências políticas

A UFMG já é a segunda do país em patentes científicas (280 registros), atrás apenas da Unicamp. O empenho é semelhante na Uenf – 14ª no ranking geral do MEC. “A ciência é o pilar da gente. Formamos pesquisadores”, ressalta o reitor, Almy Junior Cordeiro de Carvalho, que defende maior autonomia para as universidades. O reitor defende que a autonomia é urgente para que as universidades fiquem menos expostas aos humores dos governos: “quando se muda de governo ou quando se entra em crise, a universidade entra no pacote geral. O Brasil interrompe uma pesquisa como se para a construção de uma ponte”.

O pró-reitor de Graduação da UFMG, Mauro Mendes Braga, diz que, ao todo, são 1.158 bolsistas de iniciação científica, fora os que se engajam em projetos dessa natureza sem receber. É o caso de Raquel Cristina Teixeira Freitas, de 21 anos, que, no 6º período de psicologia, trabalha em duas pesquisas sobre hiperatividade e desenvolvimento da leitura infantil.

“Isso permite ao estudante se aprofundar nos temas de seu interesse e o ajuda na preparação para o mestrado”, argumenta Raquel, ponderando que muitas falhas escapam aos índices do MEC. “Neste semestre, não tenho professor para uma das disciplinas. E as carteiras da faculdade estão caindo aos pedaços”, completa. O pró-reitor de Planejamento, José Nagib Árabe, alega que, a despeito dos problemas, a realidade é melhor do que há uma década.

Fora a UFMG, figuram entre as dez melhores do país outras três instituições mineiras: as universidades federais de Lavras (Ufla), do Triângulo Mineiro (UFTM) e de Viçosa (UFV). Elas são, respectivamente, quarta, sexta e sétima no ranking do MEC. Despontam os cursos voltados para a produção agrária.

Em Lavras, se destacam os cursos de Medicina Veterinária, Zootecnia e Agronomia.”Quase todos os professores são mestres ou doutores. São geradores e não meros repetidores de conhecimento. Têm dedicação exclusiva, o que favorece atividades de extensão”, explica o pró-reitor de Graduação, João Chrysóstomo de Resende Júnior.

A UFRJ, melhor colocada na lista do MEC no Rio, e a Universidade Santa Úrsula, a pior de todo o país, não se manifestaram sobre o resultado.

Com Jornal da Ciência e jornal O Globo, 1/9