Conferência fecha 1º dia do 23º CNPG

carteira de estudante

 

Marcio Pochmann e Ildeu de Castro Moreira ressaltaram a urgência de reformas no ensino superior e na pesquisa.

Quais são hoje os nossos desafios no Brasil? Foi a pergunta, que é o tema central do 23º Congresso da ANPG, que norteou as colocações dos dois convidados da entidade para conduzir a Conferência "Desafios Brasileiros: a ciência como questão nacional", atividade que fechou a programação do primeiro dia do congresso e lotou o auditório da Unifesp, Leitão da Cunha.

Dois nomes de peso mesa conduziram a conferência e nortearam os rumos do debate: Marcio Pochmann, presidente do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA) e Ildeu de Castro Moreira, representante do Ministério da Ciência Tecnologia e Inovação (MCTI).

Segundo Pochmann, o atual modelo de ensino prioriza a fragmentação do conhecimento, o que “é cada vez mais alienante e dificulta o conhecimento de um todo”. Além disso, para o pesquisador, as condições para os estudantes são precárias. “A maior parte dos jovens que estudam no Brasil trabalha pelo menos oito horas por dia. Uma pesquisa feita pelos institutos de ensino pressupõe que os estudantes leem menos de cinco livros por ano. Educação não é uma fábrica de salsicha, precisa de cuidado”, protestou Pochmann, muito aplaudido pelos estudantes presentes.

A partir da explanação de Pochmann, ficou claro que é urgente a criação de um novo modelo de ensino no país, um modelo que atenda às mazelas sociais e que dialogue com o futuro do país. Tudo isso é possível de se alcançar com mais investimentos no setor, como o próprio Ildeu de Castro Moreira, do Ministério da Ciência Tecnologia e Inovação (MCTI), avaliou.

“Para que o país se desenvolva, é fundamental que os pós-graduandos se envolvam com atividades que vão além de suas pesquisas e que também tenham a preocupação com a divulgação científica e diversas outras formas de inovações sociais. E isso não depende do seu orientador”, brincou Moreira.

Além disso, o representante do Ministério enfatizou a importância da organização dos estudantes de pós-graduação e relembrou a época em que participou do movimento de pós-graduandos sob a égide da ditadura militar no país. "A Associação de Pós Graduandos marcou minha vida, espero que marque a de vocês”, finalizou.

Patricia Blumberg, de São Paulo.