24º CNPG: Paineis simultâneos ocorrem na tarde desta quinta-feira (1º)

carteira de estudante

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Nesta quinta-feira (1º), dia de abertura do 24º Congresso Nacional de Pós-Graduandos, foi realizada, pela manhã, a mesa sobre o tema central do evento “A Valorização da Ciência e dos Pesquisadores”, com a presença do reitor da UFRJ, professor Carlos Levi. O reitor substituiu o Ministro da Ciência, Tecnologia e Inovação, Clelio Campolina, que não pôde comparecer ao evento (conforme previsto) e também não enviou um representante, em seu lugar.
Após o almoço, foram iniciados os Paineis Simultâneos, um conjunto de debates com convidados que abordaram temas relevantes para a pós-graduação.
Veja o que foi discutido nos paineis de quinta-feira (1º):

“Educação Básica: formação para o trabalho e para a vida”

Para falar sobre esse assunto foram convidados a presidenta da União Brasileira de Estudantes Secundaristas (UBES), Bárbara Melo, e o coordenador do Fórum de Educação Básica da ANPG, Fábio Paiva.

Fábio destacou os inúmeros trabalhos de pós-graduação que produzem conhecimento e material que podem ser aproveitados na educação básica. Ele destacou também a necessidade de mão de obra técnica no setor.
A presidenta da UBES lembrou que a discussão de educação básica casa muito bem com a ANPG porque está ligada diretamente à formação dos professores. “Será que no ensino fundamental aprende-se tudo o que é realmente fundamental na vida?”, questionou. Para Bárbara é preciso um ensino fundamental que pense o ensino de forma integral, com diretrizes que ensinem a nossa própria cultura e a reflita sobre a sociedade.
“A UBES quer uma reformulação da educação básica, com ensino interdisciplinar, com a escola sendo um ambiente democrático onde os alunos escolham seus diretores, com um ensino técnico de acordo com a vocação da sua região, e sem deixar de lado a formação humana”, afirmou.
“Democracia e participação: Reforma Política no Brasil”

Para falar sobre este tema, as convidadas foram a presidenta da União Nacional dos Estudantes (UNE), Virgínia Barros, e representante da Secretaria Operativa Nacional do Plebiscito pela Constituinte, Maria Emília Boito.
Para Maria Emília as manifestações de junho evidenciaram uma crise de representação política e por isso é necessário “devolver a palavra ao povo”. Ela explicou a proposta do Plebiscito por uma Constituinte Exclusiva e Soberana: uma campanha de mobilização para a reforma política. “Exclusiva porque as pessoas só serão eleitas para esse fim, e soberana porque não será subordinada a nenhum poder”, explicou.
A UNE também faz parte do projeto do plebiscito, organizado pelos movimentos sociais. O plebiscito é uma consulta pública que será realizada em setembro, questionando as pessoas se elas são a favor dessa Constituinte. “O grande trunfo dessa iniciativa é que representa uma reforma política protagonizada pelo povo”, destacou Virginia. O Plebiscito não tem valor legal, mas vai mobilizar a sociedade para discutir uma das reformas estruturais mais importantes para o país.

“Integração Científica e Tecnologia na América Latina”

O painel, mediado por Mateus Fiorentini, Secretário Executivo da OCLAE, contou com a presença de Álvaro Maglia, Secretário Executivo da AUGM, Jayme Benvenuto Lima Junior, Pró-reitor de pesquisa e pós-graduação da UNILA, Dario Maiorana, reitor da Universidade Nacional de Rosário (Argentina) e Felix Nieto, reitor da Universidade Nacional de San Luis (Argentina).

Benvenuto apresentou um panorama geral sobre a UNILA, Universidade da América Latina, fundada em 2010, em Foz do Iguaçu (PR). Com a meta de reunir estudantes brasileiros e de outros países da América Latina, a UNILA tem como base, principalmente, a unificação cultural entre os países latino-americanos. Uma das ações nesse sentido é o uso do portunhol, utilizado de forma proposital na universidade.
Depois da fala de Benvenuto, Dario Maiorana explanou sobre sua experiência à frente da reitoria da UNR e enfatizou a importância de mobilização da sociedade como um todo para exigir mudanças que melhorem a vida das pessoas. “É muito importante que os acadêmicos e as organizações da sociedade civil exijam de seus governos políticas para melhorar as condições de vida e os direitos do cidadão.”
Ao final do painel, houve a participação intensa dos presentes. Foi questionado, dentre outros assuntos, a questão de se criar uma cultura comum entre o Brasil e os países da América Latina.

“Avaliação da pós-graduação: eficiência e limites do sistema”

O painel contou com a participação de Livio Amaral, Diretor de Avaliação da Capes, e Julio Vellozo, doutorando em História Social na USP e representante da ANPG no Conselho Técnico Científico da Capes, e abordou principalmente a questão de como se dá a avaliação dos cursos de pós-graduação.

Livio falou a respeito da estruturação histórica da pós-graduação brasileira. “A partir da década de 80, as universidades federais passaram a exigir pessoas portadoras dos méritos: mestres e doutores. Quem são essas pessoas? São aqueles que passam por um sistema de avaliação em cursos de pós-graduação avaliados pela Capes”, disse Livio.

Em seguida, o diretor explicou que um curso de pós-graduação recém criado precisa ser aprovado pela agência. Esses cursos deverão ser avaliados pela Capes e podem receber notas de 1 a 7. Cursos de notas 1 e 2 são desativados. Os cursos que recebem as demais notas são registrados e avaliados periodicamente.

“Hoje, são 5.600 cursos de pós-graduação no país. Para dar conta de avaliar todos, a Capes trabalha com consultores que são professores de universidades”, explica Livio.
“Formação na Pós-Graduação em Saúde”
O painel contou com a presença de Luis Eugenio Portela, Presidente da ABRASCO, Ivone Evangelista Cabral, Coordenadora da Comissão Intersetorial de Recursos Humanos do CNS, e Alcindo Ferla, Coordenador Nacional da Rede Unida.
O debate abordou a necessidade da criação de marcos regulatórios para a formação em saúde e o diálogo entre as áreas de saúde e educação.
“Como promover autonomia universitária na formação em saúde?”, questionou Ivone, que criticou cursos 100% à distância na área de enfermagem, por exemplo, onde deveriam ser obrigatoriamente presenciais, em sua opinião.

Por Natasha Ramos e Cristiane Tada, do Rio de Janeiro