Brasil apresenta propostas de ciência e tecnologia ao Mercosul

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Na presidência rotativa do Mercosul, o Brasil apresentou suas propostas de ciência e tecnologia (C&T) aos demais países do bloco nesta segunda-feira (1º), no Palácio Itamaraty, em Brasília. A primeira reunião do grupo de trabalho sobre o tema envolveu biotecnologia, nanotecnologia, conexão de redes, prevenção de desastres naturais, manejo da água e tecnologia da informação e da comunicação (TIC).
 
Caso aceitas de forma consensual por argentinos, uruguaios e venezuelanos, as sugestões serão levadas pela presidente Dilma Rousseff ao encontro semestral da cúpula do Mercosul, previsto para 7 de dezembro, em Brasília.
 
"O tema C&T se torna cada vez mais importante para nossos países", disse o secretário de Desenvolvimento Tecnológico e Inovação do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), Alvaro Prata. "Há decisões que precisamos tomar de acordo com nosso próprio interesse, mas temos muitos objetivos comuns. Devemos, então, convergir com nossas ações e usar de maneira efetiva todos os instrumentos que temos à disposição do bloco."
 
Segundo o chefe do Departamento do Mercosul no Ministério das Relações Exteriores, Reinaldo Salgado, embora os países do bloco reconheçam a importância do tema, o tratamento como prioridade é recente: "Isso começou a mudar no primeiro semestre deste ano, com a presidência pro tempore da Argentina, que apresentou várias propostas na área de ciência e tecnologia."
 
Propostas 
 
O secretário de Políticas e Programas de Pesquisa e Desenvolvimento do MCTI, Carlos Nobre, propôs quatro ideias relacionadas ao meio ambiente. Uma delas coloca o Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden) a serviço do Mercosul. "Em função de o Brasil ter investido muito na criação dessa moderna estrutura, o Cemaden funcionaria como um nó, uma rede voltada para estudos dos aspectos físicos e de vulnerabilidade social e também ambiental", explicou Nobre.
 
Na mesma linha, ele sugeriu o aproveitamento de uma iniciativa uruguaia na área de mudanças climáticas. "Já houve uma primeira discussão, no ano passado", lembrou Nobre. "O Saras [South American Institute for Resilience and Sustainability Studies] seria financiado pelo Focem [Fundo para a Convergência Estrutural e Fortalecimento Institucional do Mercosul] e sua instalação física, na cidade de Maldonado, seria interligada a outras regiões."
 
A terceira ideia contemplaria uma visão integrada para a conservação e o uso sustentável dos biomas compartilhados pelos países. "Nesse instituto, o foco seria muito grande na proteção das áreas úmidas, para definir políticas de gestão internacional", destacou o secretário. O quarto ponto da parceria fortaleceria a cooperação técnico-científica das atividades na Antártica.
 
Outra instituição ligada ao MCTI recomendada como infraestrutura para o bloco de países é o Centro Nacional de Pesquisa em Energia e Materiais (CNPEM). "Em Campinas, temos equipamentos realmente importantes para as áreas de biotecnologia e nanotecnologia", disse o coordenador-geral de Serviços Tecnológicos do ministério, Jorge Mario Campagnolo. "Esse centro é aberto à comunidade científica, tecnológica e empresarial e, se ampliado, pode atender à demanda do Mercosul. Os recursos seriam da parte do Focem que cabe ao Brasil."
 
A diretora do Departamento de Políticas e Programas Temáticos do MCTI, Mercedes Bustamante, destacou os serviços prestados pelo Centro Brasileiro-Argentino de Biotecnologia (CBAB). "A biotecnologia talvez seja a área onde há a cooperação mais longa e bem sucedida, por meio do CBAB, que tem se expandido para outros países sul-americanos", afirmou. "Qualquer proposta de centro deve ser pensada no âmbito dessa cooperação, sob o risco de a gente não aproveitar esse acúmulo de experiências, sobretudo em intercâmbio."
 
Redes 
 
Elo necessário para as outras propostas, a integração das redes de pesquisa do bloco ganhou apoio unânime na reunião. A apresentação coube ao diretor geral da Rede Nacional de Ensino e Pesquisa (RNP), Nelson Simões. "Os países com crescimento importante na área de ciência e tecnologia têm se preocupado em assegurar o que chamamos hoje de e-ciência, que, no fundo, é a junção de grupos, laboratórios, equipamentos e pessoas, independente da localização", disse. "Especialistas falam que as redes de pesquisa vão ser elementos fundamentais da competitividade e do desenvolvimento de um país."
 
Do MCTI, também participaram da reunião a chefe da Assessoria de Assuntos Internacionais, embaixadora Carmen Moura, que reiterou a intenção brasileira de reativar o Programa Sul-Americano de Apoio às Atividades de Cooperação em C&T (Prosul), e a coordenadora de Gestão Tecnológica, Eliana Emediato, responsável nacional pela Comissão de Apoio ao Desenvolvimento Científico e Tecnológico da Reunião Especializada em C&T do Mercosul (Recyt).
 
Fonte: Ascom do MCTI