Bienal debate comunicação, educação e meio ambiente no projeto de reconstrução nacional

Neste dia 04/02, a 13ª Bienal dos Estudantes voltou seus olhares para os temas relacionados à comunicação, educação e meio ambiente, no contexto do projeto de reconstrução do país.

No período da manhã, ocorreu a mesa “Os rios e as redes que conectam o povo: a comunicação como fundamento da consolidação das novas formas de resistência”, que contou com exposições do deputado André Janones, do historiador Jones Manoel, da jornalista Monyse Ravena, Renan Cadais, da secretaria de Direitos Humanos do Espírito Santo, e Renata Mielli, jornalista e representante do Fórum Nacional pela Democratização da Comunicação.

Os palestrantes concordaram que enfrentar a indústria de distribuição de fakenews nas redes sociais é uma questão central para a manutenção das democracias, pois a extrema-direita tem usado esse expediente em escala global para dividir e polarizar as sociedades. “A gente precisa discutir um endurecimento das penas para quem ataca a democracia, as instituições, para quem espalha fakenews, e a gente precisa promover uma regulação da discussão acerca da utilização das redes sociais. Não dá para continuar sendo terra de ninguém”, apontou o deputado André Janones.

No debate “Educação: o rio que conduz ao novo Brasil”, que teve participação dos deputados Orlando Silva e Prof. Josemar e da secretária de Educação Superior, Denise Pires, o centro da discussão foi a necessidade de resgatar o papel do MEC na formulação de políticas públicas e reverter o desmonte a que foi submetido na gestão Bolsonaro.

Orlando destacou a importância de se combinar unidade e luta nesse novo período, defendendo a democracia e as instituições, mas lutando e pressionando o governo federal para a obtenção conquistas e sua garantia através de leis. “Quando fico observando o tratamento que os bolsistas tiveram no Brasil, o tratamento da política de assistência estudantil que o país teve, me levar a crer que o caminho que nós devemos perseguir é ter na lei o direito dos estudantes. Tem que ter uma política de valorização dos bolsistas que garanta regularmente a correção, o aumento, das bolsas. Para ter lei, não existe esperar pelo governo. Tem que fazer mobilização para conquistar a lei”, afirmou.

Vinicius Soares, presidente da ANPG, destacou que a situação a que estão submetidos os pós-graduandos, após 10 anos sem correção nos valores das bolsas, é tão alarmante que deveria ser também considerada como forma de combate à pobreza. “É imediato que o governo federal possa reajustas as bolsas. Não podemos esperar mais! Isso deveria entrar no pacote de combate à fome, porque essas bolsas sustentam famílias inteiras e milhares de pós-graduandas que são mães-solo nesse país”, alertou, convocando a união de todos os mestrandos e doutorandos na Campanha Nacional pelo Reajuste das Bolsas feita pela entidade.

No turno da tarde, a Bienal recebeu Marina Silva, ministra do Meio Ambiente do governo Lula, que participou do debate “Desses rios nasce um Brasil: perspectivas sustentáveis para o desenvolvimento nacional” junto com a ex-deputada Vivi Reis e outros convidados.

Marina chamou a atenção dos participantes para o atual modelo insustentável de desenvolvimento na atual fase do capitalismo, pois é baseado em consumo desenfreado e incompatível com a manutenção de um planeta saudável. “Eu costumo dizer que a sustentabilidade não é apenas uma maneira de fazer, não é apenas produzir energia limpa e agricultura sustentável ou distribuir melhor as riquezas. A sustentabilidade é também uma maneira de fazer, mas sobretudo uma maneira de ser, um ideal de vida, uma visão de mundo”.

A ministra relacionou o verdadeiro sentimento patriótico é ter respeito com os recursos naturais brasileiros, apontando que soberania nacional e meio ambiente são questões indissociáveis. “Passamos por uma fase em que as pessoas diziam que ser patriota era repetir chavões autoritários e fascistas. Nós estamos dizendo que ser patriota é ter senso de responsabilidade. A soberania da Amazônia não é ameaçada pelos indígenas e nem pela comunidade científica ou pelas ONGs corretas. Ela é ameaçada por quem destrói a floresta, agride os povos indígenas, tira ouro e deixa mercúrio. É uma ameaça à segurança do Brasil achar que pode destruir a maior floresta tropical do mundo”, concluiu.