ANPG luta pela normalização do pagamento das bolsas da FAPEMIG

carteira de estudante

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A situação das pós-graduandas e pós-graduandos do Estado de Minas Gerais é uma das mais precárias do país no momento. Atrasos no pagamento das bolsas são recorrentes desde outubro de 2016. Este é o segundo grande atraso em 2018 – as bolsas de maio ainda não foram pagas.
“Nós não temos perspectiva de recebimento das bolsas de maio (que deveriam ter sido pagas em junho) e, agora, nem das de junho, pois o pagamento deve ser realizado até o 5º dia útil do mês subsequente e ainda não houve o repasse do governo de Minas. Sabemos que a Fapemig está à disposição para nos ajudar, mas falta capacidade financeira para solucionar o problema, já que a agência depende do repasse do governo estadual”, explica Thiago Dias, presidente da APG Milton Campos. Ele complementa: “A crise fiscal enfrentada em Minas é um reflexo da política recessiva imposta pelo Governo Federal e tem gerado uma grande perda arrecadatória aos Estados, adicione isso a um contexto de total desmonte da Ciência, Tecnologia devido aos cortes sofridos em 2016, 2017 e neste ano”.
Thiago também explica que o pagamento da bolsa para as pós-graduandas e os pós-graduandos é essencial para a própria subsistência dos estudantes. “O pagamento é revertido para as contas do dia-a-dia como aluguel, água e luz, além de transporte e alimentação. Sem a bolsa a situação se torna caótica. Tudo isso sem entrar na questão dos valores que são extremamente baixos e já estão há anos sem nenhum reajuste (a bolsa do mestrado é de R$ 1.500 e as de doutorado R$ 2.200)”, contextualiza o representante.
De acordo com Thiago, hoje, 02 de julho, a Fapemig confirmou um repasse parcial do governo estadual. “Mas algumas gestoras já informaram que com esta verba só serão pagas as bolsas de iniciação científica da graduação”, explica.
A luta é constante
A ANPG luta para que, além do pagamento normalizado das bolsas, aconteça uma valorização da pesquisa. “Todos os pesquisadores precisam ser valorizados e terem condições dignas para trabalharem. É preciso lembrar que a nossa condição é híbrida, pois, ao mesmo tempo em que, somos estudantes, somos também trabalhadores da ciência e mesmo assim não temos direitos trabalhistas e nem previdenciários. Todos os bolsistas assumem o compromisso de se dedicarem exclusivamente às atividades de pesquisa, por isso a bolsa é a nossa única fonte de subsistência”, completa.
O presidente da APG também conta que a ANPG tem um diálogo muito aberto com a Fapemig. “Desde o começo do ano instalamos um grupo de trabalho com a Fapemig para buscar o fomento da Ciência, Tecnologia e Inovação em Minas Gerais, pois sabemos que a melhor saída para a crise é o investimento nessas áreas”.
Além do grupo, a ANPG conseguiu elevar a prioridade dada pelo governo ao pagamento dos bolsistas. “Hoje sabemos que os bolsistas são pagos depois dos funcionários públicos e aposentados. Ainda não é o ideal, pois o pesquisador deveria ser encarado pelo governo estadual com prioridade máxima, visto que suas pesquisas são essenciais e contribuem para o próprio desenvolvimento do país”, explica Thiago.
Pauta discutida no 26° Congresso Nacional de Pós-Graduandos
A grave crise em Minas Gerais também foi debatida durante o 26° Congresso Nacional dos Pós-Graduandos, que aconteceu em Brasília entre os dias 29 e 1° de julho. Dos debates sobre o assunto também foi aprovada uma moção proposta por Thiago.
Leia a seguir:
Pela valorização da pesquisa mineira
Nós, pesquisadores mineiros, acreditamos que o investimento em ciência, tecnologia e inovação é a principal forma de tirar o Estado da crise econômica desencadeada pelos governos Aécio-Anastásia. Sendo assim, declaramos o nosso apoio aos bolsistas FAPEMIG, que mesmo diante dos constantes atrasos nos pagamentos das bolsas, o que muitas vezes afeta suas necessidades básicas, se mantêm firmes em busca de saídas/alternativas para o andamento de suas pesquisas. E convocanos as APG’s, representações discentes e pesquisadores em geral a se somarem às iniciativas e mobilizações em defesa da produção científica, do financiamento da pesquisa em Minas e pela valorização dos pesquisadores.
Moção proposta por Thiago Dias (Faculdade de Direito Milton Campos), assinada por outros dez pós-graduandos do Estado de Minas Gerais, aprovada na plenária final do 26º Congresso Nacional de Pós-Graduandos, no dia 1º de julho de 2018.