Programas de rádio ajudam jovens a aprender sobre ciência

carteira de estudante
O uso de recursos tecnológicos e de entretenimento também pode ser um enorme aliado para motivar jovens nos estudos, principalmente aqueles que vivem em áreas mais pobres, como favelas da região metropolitana do Rio – onde o índice de evasão escolar é maior. O projeto Difusão e popularização da ciência e tecnologia através de mídias digitais contextualizadas para a inclusão sócio-produtiva de adolescentes pobres da Região Metropolitana do Rio de Janeiro, coordenado pela professora Gilda Helena Bernardino de Campos, da Coordenação Central de Educação à Distância (CCEAD), da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio), criou, há cerca de dois anos, uma série de programas de rádio que abordam temas na área de ciência e tecnologia, comuns ao cotidiano destes jovens, como a questão do lixo urbano, poluição atmosférica, alimentos mais saudáveis, reciclagem de embalagens e conservação de alimentos, entre outros.
 
Reunido em uma rede social na internet, voltada para uso exclusivo de professores, esse material vem sendo disponibilizado nos telefones celulares de adolescentes que fazem parte dos Cursos Comunitários Pré-Técnicos (CCPTs). Aulas preparatórias gratuitas para escolas técnicas e profissionalizantes, esses cursos em geral são ministrados por professores voluntários, em espaços cedidos por instituições religiosas ou associações de moradores das comunidades. A iniciativa conta com auxílio da FAPERJ através do edital Apoio à Difusão e Popularização da Ciência no Estado do Rio de Janeiro.
 
Gilda ressalta que, como esses cursos acontecem aos finais de semana, é extremamente importante usar metodologias de ensino que motivem os alunos a participar. "Na CCEAD, já disponibilizamos vídeos e matérias voltados para a temática de C&T, mas ainda não tínhamos desenvolvido um modo de torná-los mais atraentes para difundi-los em espaços comunitários", explica. Foi então que, em conjunto com o professor José Carmelo, do Departamento de Educação da PUC, conhecido por sua experiência com CCPTs, e com a pedagoga Cileia Fioroti, da mesma universidade e que também já vem trabalhando com classes comunitárias, ao lado de Carmelo, o projeto foi elaborado. "Cileia passou a me ajudar fazendo contato com as equipes nas favelas", acrescenta.
 
Batizado de Almanaque Sonoro de C&T, o site, que funciona como uma rede social de acesso exclusivo para professores, foi elaborado pelo designer do CCEAD Claudio Perpétuo. Ali estão disponibilizados os programas de rádio, com cinco minutos de duração cada,que  são apresentados nos CCPTs das favelas de Vila Kennedy e Sulacap, Zona Oeste do Rio, e na favela Perfeita Alegria, em Nilópolis, município da Baixada Fluminense. Na universidade, Gilda prepara os professores voluntários que aplicarão o método nas comunidades. Durante as aulas, o site é exibido e um dos programas é apresentado para que os alunos possam ouvir e debater. O arquivo do programa também é disponibilizado nos celulares dos alunos para que, durante a semana eles possam escutar outras vezes seu conteúdo. "Na semana seguinte, debatemos o assunto e propormos trabalhos em grupo, em geral, fazendo com que eles produzam pequenos vídeos sobre o que escutaram. O material produzido por cada turma é disponibilizado na internet para que os professores dos CCPTs possam discutir e trocar informações", explica Gilda. "No site, que funciona como uma rede social, ainda há espaço para blogs, material disponível para professores, além de fotos, notícias sobre eventos e chats para professores", acrescenta.
 
Segundo Gilda, um dos pontos mais importantes dos CCPTs é complementar os estudos desses jovens. Segundo dados do Ministério da Educação, apenas 2% dos jovens moradores de favelas da região metropolitana do Rio têm acesso ao ensino médio (antigo segundo grau). "Metade dos que concluem o ensino fundamental domina apenas conteúdos curriculares de matemática e português correspondentes apenas ao quarto ano. Nosso projeto tem funcionado como um grande aliado para facilitar o ensino de ciência entre este jovens e contribuir para a diminuição da evasão escolar", conclui.
 
Fonte: Jornal da Ciência