Termo de cooperação entre comissões da verdade será celebrado nesta terça-feira na UNB

carteira de estudante
Será celebrado nesta terça-feira (06) o termo de cooperação entre as comissões da verdade “Memória e Verdade Anísio Teixeira da Universidade de Brasília” e “Comissão Nacional da Verdade”, às 10 horas, no Memorial Darcy Ribeiro na Universidade de Brasília (UNB).
 
A Universidade de Brasília (UNB) criou a “Comissão da Memória e Verdade Anísio Teixeira da Universidade de Brasília” no mês de Agosto deste ano.  A comissão iniciou seus trabalhos para acompanhar e subsidiar a “Comissão Nacional da Verdade” coordenada pela Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República, pasta conduzida pela Ministra Maria do Rosário.
 
A diretoria da Associação de Pós-Graduandos Ieda Delgado (APG/UnB) é membro da Comissão da Verdade da UnB na condição de observadora e, além disso, dois de seus membros – Diana Melo e Fábio Borges – integram uma equipe de cerca de 60 pessoas, composta, por chamada pública, no último dia 19 de outubro no Salão de Atos da Reitoria. A equipe é coordenada por um grupo transdisciplinar de professores da universidade, a exemplo de Cristiano Paixão, Beatriz Vargas, Luis Humberto, Fernando Paulino, Cláudio Almeida e José Otávio Nogueira Guimarães (coordenador geral). 
 
A equipe tem a tarefa de realizar uma pesquisa da história documental da Universidade de Brasília entre 1964 e 1985 – considerando 4 grandes frentes de trabalho: a) pesquisa em arquivos; b) oitivas (vídeo e áudio); c) frente de comunicação social; e d) acervos novos – que leve à elaboração de um relatório final a ser encaminhado à Comissão Nacional da Verdade até julho de 2014.
 
A Comissão Nacional da Verdade tem prazo até novembro de 2014 para finalizar seu trabalho investigativo. Além de estudantes desaparecidos, dos professores e funcionários demitidos, reforçou a importância dos trabalhos de investigação da CATMV a suspeita retomada de que o professor e ideólogo da Universidade de Brasília, Anísio Teixeira, teria sido assassinado pelo Regime Militar contrariando as informações oficiais de que sua morte se deu após a queda num fosso de elevador na cidade do Rio de Janeiro. A suspeita foi retomada após a inesperada presença do professor João Augusto de Lima Rocha, da UFBA, que nos trouxe informações que podem mudar os rumos da história oficial acerca da morte do fundador, ao lado de Darcy Ribeiro, da Universidade Nova.
 
A Secretaria de Direitos Humanos, segundo Gilney Vianna, vê outro importante motivo para que as comissões da verdade (Nacional e UnB) atuem colaborativamente nessa nova possibilidade investigativa acerca da história da Universidade de Brasília. 

APG Ieda Delgado (UNB)
Memória
 
Seminário História e Memória do Movimento Estudantil na UNB (clique para ampliar) Créditos:Roberto Menezes Goulart
Ieda Santos Delgado é o nome de uma militante estudantil do curso de direito da Universidade de Brasília desaparecida desde 1974. A atual diretoria da APG/UnB, ao decidir ter um nome próprio e que fosse o nome de um dos estudantes da UnB desaparecidos nos anos 70, recebeu a sugestão de que o escolhido fosse o de Ieda Delgado vinda da pós-graduanda em direito Diana Melo, dando visibilidade à temática da luta das mulheres na resistência ao Regime Militar. 
 
Recentemente, durante uma seção de homenagens às famílias dos estudantes desaparecidos, na abertura do seminário sobre “História e Memória do Movimento Estudantil”, nas comemorações dos 50 anos da Universidade de Brasília, organizado pela APG/UnB, oficializou-se o nome dado à Associação, ao nos solidarizarmos com a família de Ieda Santos Delgado. 
 
O Diretório Central dos Estudantes, o DCE/UnB também leva o nome de Honestino Guimarães, outro líder estudantil desaparecido em 10 de outubro de 1973, e que foi estudante no curso de geologia da universidade.  Além de Honestino e Ieda, há também outro estudante do curso de direito desaparecido, Paulo de Tarso Celestino.
 
Atividades
 
Durante reunião realizada em 19 de outubro, a coordenação da Comissão da Memória e Verdade Anísio Teixeira, tomou conhecimento do seminário realizado pela APG/UnB e da coleta de vários depoimentos de ex-alunos da UnB entre 1962 e 2012, particularmente do período entre 1964 e 1985, e solicitou que as fitas ficassem à disposição dos trabalhos da comissão como fonte de pesquisa e informação.
 
A gravação foi feita com apoio da UnB/TV, a rede interna de TV da universidade coordenada pela Neuza Meller. A equipe da TV/UnB foi orientada previamente por um roteiro feito pelo cineasta Mário Ibraim Salimon, quem irá posteriormente dirigir a produção de um documentário para a APG/UnB. 
 
Na última semana de Outubro, dia 27, aconteceu também um seminário sobre gestão da memória na Universidade, organizado por um coletivo de seguimentos da UnB, como a Faculdade de Ciência da Informação, a Biblioteca, a UnB/TV, a CECOM, o Memorial Darcy Ribeiro, dentro das atividades comemorativas dos 50 anos da UnB e da Semana Universitária 2012. 
 
A APG Ieda Delgado participou de uma das mesas-redondas do seminário, propondo debate sobre a preservação da memória estudantil e foi favorável à proposta de uma política especial de preservação e divulgação do PROMEMEU, feita por Edilberto Campos, do Arquivo Público do Distrito Federal, durante o evento. O acervo PROMEMEU reúne a história da resistência estudantil, sua luta de preservação da memória, e compreende um considerável período tempo sob vigência do Regime Militar. Hoje, o PROMEMEU está guardado pelo CEDOC/UnB. O referido arquivo foi organizado na clandestinidade por uma equipe de estudantes de história articulados em vários centros acadêmicos brasileiros, coordenados pelo próprio Edilberto Campos, quando era estudante de história na Universidade de Brasília.
 
Num outro debate do seminário de gestão da memória tivemos a presença de Vivien Fialho Ishaq, do Arquivo Nacional, local para onde foram todos os documentos da inteligência brasileira, marinha, exército e aeronáutica, correspondentes ao período do Regime Militar. Por conta da lei da transparência, até dezembro de 2012, serão mais de 16 milhões de documentos digitalizados e tornados acessíveis via internet, inclusive.
 
De Fábio Borges, presidente da APG Ieda Delgado (Universidade de Brasília)