200 anos de Brasil independente: qual o caminho da reconstrução?

 

Cientistas, reitores e entidades ressaltam a importância  da retomada de investimentos na educação e ciência

“Nós não podemos tratar a situação como se estivéssemos em uma normalidade”, observou Pedro Hallal, epidemiologista e ex reitor da UFPel ( Universidade Federal de Pelotas) na primeira mesa de debates dentro das atividades do 44º CONAP ( Conselho Nacional de Associações de Pós Graduandos), com o tema “Bicentenário de um Brasil Independente: a ciência pela democracia e pela reconstrução nacional”.

Para Hallal existe a urgência em mobilizar para que mais pessoas abandonem a postura de neutralidade e ampliá-la pela defesa da democracia e contra o desmonte.

“4 em cada 5 mortes por Covid-19 poderiam ter sido evitadas. Veja a gravidade desse dado diante da péssima condução contra a pandemia e do negacionismo. O Brasil com o SUS e sua potência para vacinação poderia ter tido uma história muito diferente, senão fosse o projeto em curso. Além de fazer a pesquisa, escrever tese, pesquisadores precisam se posicionar ”, disse.

Retomada urgente de investimentos

A vice-presidente da SBPC (Sociedade Brasileira do Progresso para a Ciência) e professora emérita da UnB (Universidade de Brasília), Fernanda Sobral, trouxe um dado alarmante sobre a defasagem dos valores atuais das bolsas dos pesquisadores. 

“As bolsas de pós-graduação estão 60% abaixo do valor de 2003, data do último reajuste”, disse Sobral, que acrescentou que além da reposição do valor, é preciso pensar em melhores estruturas e condições para a pesquisa também.

 Marcus David, presidente da Andifes, avaliou o marco dos 200 anos de independência como um momento importante de escolhas.

“É preciso decidir se o Brasil quer ser um país desenvolvido e superar desigualdades e para isso precisamos de investimentos robustos na educação e na ciência, ou se irá optar por congelar investimentos nesses áreas, sob a justificativa de não comprometer um ano fiscal, porém comprometendo todo o futuro”, disse David, citando a EC  95, do “Teto de Gastos”.

E alertou: O Congresso tem a oportunidade de repor o orçamento da educação e das agências de fomento no ano que vem com a PEC dos Precatórios, que liberou uma grande verba para o Projeto de Lei Orçamentária de 2022.

“Se os congressistas não votarem pela recomposição será uma opção politica que compromete drasticamente o futuro das universidades e da pesquisa nacional”, acrescentou.

 

Mais contribuições à Mesa:

 

“A questão não é apenas de sobrevivência  das pesquisas, mas sim de um olhar para futuro, de estarmos juntos na refundação do estado brasileiro. Ciência ,Tecnologia e Inovação são partes estratégicas para o desenvolvimento sustentável que está por vir”.

Rui Vicente Opperman, reitor eleito e não empossado da UFRGS

“Em 8 anos a Ciência perdeu mais de R$ 10 bilhões de verba. Os pós-graduandos não precisam de mais resiliência e sim de recursos e recomposição.” 

Bruna Brelaz, presidenta da UNE.

“Não há Brasil que avance quando a educação e a ciência retrocedem. A ANPG constrói uma imensa mobilização pelo nosso futuro ,se colocando na linha de frente da defesa da pesquisa brasileira.

Rozana Barroso, presidenta da UBES

 

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