Revolta estudantil causa onda de manifestações e reverte calote nas bolsas

Era final de expediente na quinta-feira e quase todo o país já vivia a tensão as quartas de final da Copa do Mundo quando o ministro da Educação, Victor Godoy, usou sua conta no Twitter para anunciar a liberação das verbas do MEC e garantir o pagamento de todos os bolsistas da Capes e residentes. Mais cedo, 50 milhões já haviam sido desbloqueados para honrar as bolsas da Educação básica.

Terminava assim uma semana de intensa mobilização de pós-graduandos e pesquisadores que contagiou o país e impôs um duro revés ao governo Bolsonaro, que, nos seus estertores, anunciou um profundo corte de recursos que resultaria em calote noa pagamentos de mais de 200 mil estudantes de todo o país.

Tão logo foi anunciada a medida, a ANPG, em conjunto com a UNE e a UBES, anunciou uma paralisação nacional nas universidades. Rapidamente, atos começaram a ser realizados em dezenas de instituições de ensino e repercutiu até em protestos realizados no exterior.

Nas redes sociais, uma avalanche de postagens levou a tag #PagueMinhaBolsa, em Tuitaço convocado pela ANPG, aos assuntos mais comentados da plataforma durante dois dias, tendo chega do quarto assunto mais comentado do país.

Em paralelo à pressão política nas ruas e nas redes, o movimento estudantil abria uma frente de luta jurídica que viria a ser um xeque-mate no governo. Na quarta-feira, foi impetrado no Supremo Tribunal Federal um mandado de segurança contra Bolsonaro, pedindo a imediata reversão do bloqueio de verbas ordenado pelo decreto 11.269/2022, considerado ilegal por ferir direito adquirido dos bolsistas.

O relator, ministro Dias Toffolli, deu 72 horas para que o governo explicasse o calote, o que foi lido como uma tendência de que o Supremo acataria a demanda dos estudantes.

Com a pressão política aumentando e sob ameaça de derrota jurídica, o governo foi forçado a se mexer.

Para Vinicius Soares, presidente da ANPG, Bolsonaro subestimou a capacidade de mobilização dos estudantes e foi obrigado a recuar. “O presidente é inimigo da Ciência e queria dar seu último golpe antes de sair. Mas ele não contava com nossa reação, que foi imediata, em várias frentes e ganhou ampla simpatia da sociedade, que valoriza os jovens cientistas”.

 

r CONFIRA ONDE OCORRERAM ATOS #PAGUEMINHABOLSA