Ministério da justiça indeniza os seis estudantes julgados pela Caravana da Anistia

carteira de estudante

Seis estudantes do período da ditadura militar que foram perseguidos e torturados pelo regime foram julgados, em sessão especial da Comissão de Anistia que aconteceu nesta quinta-feira (15), no terreno da UNE e da UBES, na Praia do Flamengo, zona sul do Rio. Todos serão indenizados pelo governo federal.

A sessão fez parte da Caravana da Anistia, ação do Ministério da Justiça, que tem o objetivo de reparar, financeiramente, as vítimas de perseguição política da ditadura militar. A medida visa agilizar os processos que correm hoje no Ministério da Justiça, segundo a comissão.

Dione Damasceno foi a primeira a ser julgada na sessão. Ela foi torturada, submetida a choques elétricos e forçada a se exilar na Alemanha, segundo a comissão. Por unanimidade, a comissão lhe concedeu indenização em parcela única e seis anos de contagem de aposentadoria no INSS, pelo tempo que, ela ficou no exílio.

"O mais importante nisso tudo é termos reconhecido que nossos sacrifícios valeram a pena", disse Edson Menezes da Silva, que vai receber indenização mensais permanentes. Ele também terá direito a contagem de tempo de aposentadoria de cinco anos e de voltar a exercer o cargo de economista na Universidade Federal da Bahia, que, segundo ele, foi obrigado a deixar por causa da perseguição política.

Uma das indenizações foi concedida ao Celso Pohlmann Livi, viúvo de Solange Lourenço Gomes, que se suicidou, segundo o processo da comissão, por causa das torturas sofridas quando foi presa pelo regime militar. "Ela hoje seria uma médica pediátrica com 20 anos de mercado de trabalho", disse Pohlmann, durante a sessão.

Ana Maria Santos Rocha terá o direito de receber parcelas mensais permanentes e a indenização, além de cinco anos para contagem da aposentadoria. Já Olívia Rangel Joffily terá reparação mensal e sete anos para aposentadoria, além do direito de voltar a cursar Ciências Sociais na Unicamp. Ela afirmou, no processo, que teve que abandonar a faculdade por causa das perseguições de agentes da ditadura.

Mário Magalhães Lobo Viana receberá indenização em parcela única, além de seis anos de contagem para aposentadoria.

O presidente da Comissão de Anistia, Paulo Abrão, disse que a sessão foi histórica por ter sido realizada no terreno da antiga sede da UNE, que foi incendiada durante a ditadura militar. "Esse local simboliza a repressão da ditadura, e o evento de hoje substancia a volta do Estado, mas com outro propósito".

Abrão pediu desculpas oficiais aos seis julgados e reconheceu todos como anistiados políticos.

Na foto acima estão, da esquerda para a direita, Dione Damasceno, Olívia Rangel Joffily, Ana Maria Santos Rocha e Edson Menezes da Silva. Celso Pohlmann Livi, preferiu não se sentar ao lado dos anistiandos, por estar representando sua esposa falecida, essa sim vitima da violência da ditadura militar, e Mário Magalhães Lobo Viana, não compareceu ao julgamento.

Da redação
Com Folha Online