Os jovens e os espaços de decisões

Por Caiubi Kuhn*
Independente da posição política de cada um, me alegra muito ver que nos últimos anos os assuntos referentes a política nacional estão cada vez mais presente nas conversas entre jovens. O problema é que muitos jovens não acreditam que seja possível mudar a política brasileira. Isso é um sério problema!
No geral a geração que está no poder no Brasil é a mesma que participou do processo de redemocratização do país. E isso não é só nas prefeituras, nas câmaras de vereadores, nas assembleias legislativas e no congresso nacional, esse aparelhamento também ocorre em diversas outras instituições que existem em nossa democracia. O pior é que isso parece que não vai mudar tão cedo, na última reforma política, por exemplo, reduziram o tempo de campanha para 45 dias agora, afetando assim os candidatos novos e sem recursos.
Digo às vezes que a juventude hoje apesar de representar uma grande porcentagem da população ela não tem voz. E pior nem mesmo é escutada ou se quer tem políticas direcionadas para esse público. Os dados relativos a juventude são preocupantes, em Mato Grosso, por exemplo, 69,7% das mortes de jovens, trata-se de morres por mortes violentas, sendo 31% causados no transito, 8,8% suicídios, este caso assim como o das mortes no trânsito é muito preocupante, a cada 10 jovens que morrem 1 é por suicídio e 3 no trânsito. A evidente necessidade de construção de políticas públicas para juventude fica clara quando comparados com os dados da população não jovem em que apenas 9,6% das mortes são violentas.
O acesso à educação infelizmente ainda não está garantido para toda a juventude, segundo o CENSO de 2010 1,8% dos jovens mato-grossense entre 10 a 17 anos de idade são analfabetos.
Segundo a PNAD (2012) realizada pelo IBGE, no Brasil 19% dos jovens de 15 a 29 anos não trabalham nem estudam, 45,2% somente trabalham, 13,6% trabalham e estudam e 21,6% estudam apenas. Conforme a PNAD (2012) dentre os brasileiros que nem estudam e nem trabalham (Geração Nem-Nem) na faixa etária de 15 e 29 anos 70,3% do público é composto por mulheres. Entre 25 a 29 anos os números se ampliam ainda mais, sendo que o público feminino representa 76,9% e entre os jovens de 15 a 17 anos 59,6% da geração “Nem-nem” são mulheres. É preciso entender esse contexto e conseguir criar políticas de inclusão para esse público.
Estes são somente alguns dos desafios que envolvem as políticas para a juventude. Mas quando será que nossos governantes tratarão estes temas como prioridades? Até quando aceitaremos essa verdadeira chacina da juventude? E quando será que nós jovens vamos conseguir ter voz no Brasil. Vamos conseguir ter essa realidade que foi exposta acima modificada valorizando cada vida que esta iniciando, dando oportunidades de desenvolvimento humano e social para cada jovem no Brasil. Quando será que os gestores Brasileiros irão de fato construir e dedicar esforços para as novas gerações?

*Caiubi Kuhn é professor do Instituto de Engenharia da Universidade Federal de Mato Grosso
Diretor de Política Educacional da Associação Nacional de Pós-graduandos.
E-mail: [email protected]

Leia outro artigo de Caiubi:
Acesso ao emprego, um desafio posto para a nossa juventude!
A educação dos jovens e o cenário mundial
A juventude de hoje e o Brasil de 2050! Como será o futuro?

Os artigos publicados não expressam necessariamente a opinião da ANPG e são de total responsabilidade dos autores.