Pós-Graduandos da USP debatem extensão e a atual crise em horta comunitária

carteira de estudante

horta USP

Na manhã da última sexta-feira (15), pós-graduandos da Universidade de São Paulo (USP) reuniram-se para conversar sobre os problemas da universidade e conhecer um projeto de extensão Criando Terras concebido e conduzido pelos integrantes do Programa de Pós-Graduação em Ciência Ambiental no Instituto de Energia e Ambiente (IEE).

“Perante a greve, estávamos pensando em como poderíamos participar disso de maneira ativa e não convencional. Como esse projeto sofreu corte por conta dessa situação da universidade, achamos que tinha tudo a ver promover a atividade, que, de alguma forma, dialoga com as questões levantadas pela paralisação”, diz Henrique Kefalas, mestrando em Ciência Ambiental e um dos coordenadores do projeto de extensão Criando Terra no IEE.

Os estudantes organizaram um café da manhã comunitário e apresentaram seu projeto de extensão, modalidade que raramente inclui a categoria de pós-graduandos na USP. A estrutura da horta é tradicional, com canteiros de alvenaria retangulares, que foram reaproveitados de uma antiga iniciativa dos funcionários. Mas, a distribuição das diversas espécies vegetais é feita de modo não-convencional, cujos espaços não são regularmente delimitados para cada cultura. “Nós retomamos essa iniciativa dos funcionários e começamos a cultivar a horta com um sistema não tradicional, que envolve permacultura, sustentabilidade, agricultura familiar e urbana”, explica Henrique.

Desse modo, plantas aromáticas – como a hortelã – protegem as vizinhas de insetos, folhas secas – espalhadas por todo solo – servem de adubo e retém a umidade do solo e parte do espaço é coberto com vários centímetros de folhas, palha, galhos e outros materiais orgânicos preparando a terra para o plantio.

Após o financiamento do Criando Terra no IEE ter sido aprovado juridicamente nas instâncias deliberativas da universidade, em julho de 2013, oito estudantes (4 de graduação e 4 de pós-graduação) resolveram tocar o projeto voluntariamente, enquanto esperavam o recurso sair. Não contavam, no entanto, que isso demoraria cerca de um ano para acontecer.

“Nós concorremos e ganhamos um edital de sustentabilidade socioambiental lançado pela SGA (Superintendência de Gestão Ambiental) no ano passado, mas o recurso, que, à princípio, havia sido liberado, foi congelado no começo do ano. Agora, parte da verba foi repassada, pois o instituto entendeu que o projeto era estratégico para fortalecer a pós-graduação em Ciência Ambiental”, explica Henrique.

Segundo Joaquim Alves da Silva Junior, mestrando em Ciência Ambiental e outro coordenador do projeto, com a crise na USP que afetou diversos âmbitos da universidade, o recurso destinado para o edital foi reduzido de R$ 50.000 para R$ 30.000. Este valor só foi liberado para o Instituto agora em junho. Mas, “por questões burocráticas, ainda não conseguimos movimentar esse recurso”, explica Joaquim.

Entre os temas debatidos na atividade de sexta destacam-se a importância da extensão na pós-graduação, a resistência da comunidade acadêmica a essas iniciativas e a necessidade de interação entre os pós-graduandos de toda a universidade para o surgimento de outras iniciativas colaborativas. Após a conversa, os presentes foram convidados a plantar mudas e sementes na horta, colocando em prática o que aprenderam com os responsáveis pelo espaço.

“Foi gratificante realizar essa atividade, pois saimos dos esquemas de assembleia, que, apesar de importantes, acabam não promovendo uma outra metodologia de participação dos alunos de graduação e pós-graduação. Também, foi a primeira vez que conseguimos levar alguém da APG da Capital para conhecer o projeto”, explica Joaquim.

A visita ao programa faz parte das atividades proposta pelos pós-graduandos da USP-Capital durante a greve que se estende por 80 dias.

Da redação com colaboração de Phillipe Pessoa e Mariana Moura