ANPG discute o perfil e o futuro dos pós-graduandos

carteira de estudante

mesa gabrielle e debora foghel

Na segunda- feira (17), aconteceu, na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), o simpósio entitulado “O Pós-Graudando e a produção de conhecimento científico no Brasil”. O evento fez parte das comemorações de 70 anos do Instituto de Biofísica Carlos Chagas Filho (IBCCF), da própria Universidade e foi promovido pelo Programa de Biofísica Ambiental, localizada no Centro de Ciências da Saúde, na Ilha do Fundão. O objetivo do encontro foi discutir o papel do conjunto de pós-graduandos no desenvolvimento científico e tecnológico do Brasil.

A Prof. Débora Foguel, do Instituto de Bioquímica Médica Leopoldo De Meis e uma das convidadas do Simpósio, apresentou os resultados de sua pesquisa “Avaliação do perfil de Pós-graduando da UFRJ: Novos desafios para a Pós-graduação?”, que buscou traçar o perfil socioeconômico, acadêmico e profissional dos pós-graduandos da Universidade. Segundo os dados levantados pela Professora, a maior parte dos intercâmbistas da pós-graduação na instituição são provenientes de outros países da América Latina e mais de 70% é do próprio Rio de Janeiro. Além disso, por volta de 55% dos alunos de pós da UFRJ são oriundos da educação privada, não pública, o que prova o perfil elitista dos PGs. Segundo Débora, mais da metade dos pós-graduandos entrevistados acredita que é possível fazer pós e trabalhar concomitantemente.

A Secretária Geral da ANPG, Gabrielle Paulanti, também participou do simpósio, com o tema Documento de diretos e deveres dos Pós-graduandos: De onde veio? Onde estamos? Para onde queremos ir?”, e falou sobre o perfil dos pós-graduandos no Brasil, das questões sobre assistência estudantil e de todos os pontos da Campanha por Mais Direitos, além de dados da GEOCAPES, que mostra grande concentração de cursos e verbas de pós-graduação no Sudeste, o que demonstra enorme falta de simetria com relação ao resto do país.

O documento de Direitos e Deveres dos Pós-Graduandos, elaborado por pós-graduandos do Brasil inteiro e referendado no último Congresso da ANPG, também foi apresentado. “Continuaremos refinando o documento no CONAP desse ano”, disse Gabrielle.

“O debate foi muito importante e o questionário da Professora Débora ajudou a esclarecer muitas coisas. Tal pesquisa deveria ser feita em nível nacional, pois, mesmo que tenha sido feito somente baseado na Universidade Federal do Rio de Janeiro, trouxe dados reveladores e vários indicativos do elitismo da pós-graduação, além de mostrar que boa parte do pós-graduandos trabalham além das suas pesquisas. Esse tipo de estudo é importante para termos noção de como está a situação dos pós-graduandos, para que possamos avançar nas nossas pautas e poder propor melhores soluções para a pós-graduação no Brasil”, completou.

O simpósio teve como objetivo discutir a pós-graduação, a partir da perspectiva do pós-graduando, como elemento central na produção do conhecimento e no avanço da ciência brasileira, uma vez que a maior parte dos trabalhos científicos e publicações brasileiras é realizada ou passa pelas mãos de pós-graduandos e pós-doutorandos. “O simpósio foi fundamentado por dados publicados pela CAPES e por outros consultores internacionais, mostrando que a pós-graduaçao brasileira vem crescendo de maneira importante, variando de duas a três vezes o número de publicações e de formação de doutores e mestres em relação a outras épocas. Isso mostra que, sem dúvida, o pós-graduando é uma força motriz importante na produção de conhecimento e avanço da ciência brasileira. O objetivo é justamente mobilizar os pós-graduandos a discutirem seu papel, além da discussão do seu objeto de pesquisa, já que esquecemos muitas vezes de discutir o cenário em que se insere a produção da nossa pesquisa”, disse Felippe Mousovich, representante discente do programa de fisiologia e um dos responsáveis pela atividade.

As atividades em comemoração dos 70 anos do Instituto continuarão durante todo o semestre. A cada mês, um programa do IBCC estará responsável por um calendário de programação. Em agosto, o programa de biofísica e de fisiologia estão responsáveis pela programação, que acontece toda semana, sempre a partir das 12 horas, no Auditório Hertha Meyer, do IBCC.

Mais informações podem ser encontradas no site: http://www.biof.ufrj.br/pt-br/noticia-completa/1193

Da redação