É preciso repensar a avaliação da pós-graduação brasileira

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O resultado da avaliação do Sistema Nacional de Pós-Graduação no quadriênio 2012-2016 será publicado no final deste ano 

“Falar da avaliação da CAPES é falar de um tema extremamente importante para a pós-graduação brasileira”, afirmou Geraldo Nunes Sobrinho, representante da CAPES, durante debate no 5º Salão Nacional de Divulgação Científica, realizado nesta terça-feira (18), na UFMG.

A avaliação da CAPES dos programas de pós-graduação brasileiros é muito importante, pois determina a excelência dos cursos, que serve de referência para as agências realizarem o fomento, além de interferir na distribuição das bolsas e diagnosticar as assimetrias regionais.

“É óbvio que o princípio do mérito deve ser sempre considerado em qualquer processo de avaliação. Mas, é possível se colocar outros critérios além do mérito na avaliação?”, questiona o professor Geraldo.

Segundo Joviles Vitório Trevisol, representante do FOPROP e também presente à mesa, houve um aumento na oferta de cursos de pós-graduação nos últimos anos. Em 2017, estão sendo avaliados aproximadamente 4.200 programas no quadriênio 2012-2016. No entanto, como ela é feita hoje, a avaliação dá sinais de esgotamento. “É preciso repensar e avaliar a própria avaliação”.

“O atual sistema de avaliação é extremamente quantitativo e pouco qualitativo”, pontua Cristiano Junta, vice-presidente da ANPG. “No meu entendimento, isso gera uma distorção na avaliação, e um dos reflexos disso é que acaba sendo mais importante publicar uma pesquisa, qualquer que ela seja, do que o conteúdo da pesquisa em si”.

O peso da avaliação centrada na quantidade, diz Joviles, estimula os programas a uma prática produtivista exagerada que, na maior parte das vezes, resulta na produção de baixa qualidade e impacto. “Não só de paper devem existir os programas de pós-graduação. É preciso avaliar o impacto social dos programas de pós-graduação”.

A avaliação, acrescenta Hercília Mello, doutoranda da UFPE e representante da ANPG no CTC da CAPES, deve servir para orientar as instituições, os pró-reitores e o Estado, e não ser uma avaliação punitiva.

Um dos caminhos apontados foi uma maior participação da comunidade acadêmica no processo de avaliação. “As instituições precisam (re)assumir o planejamento de pós-graduação. Elas precisam ter um Plano Institucional de Desenvolvimento e Avaliação da Pós-Graduação. Não delegar tudo para a CAPES”, conclui o pró-reitor.

O 5º Salão Nacional de Divulgação Científica segue com atividades até sábado (20), e acontece dentro da 69ª Reunião Anual da SBPC, em Belo Horizonte.

Texto: Natasha Ramos