Entidades convocam Dia Nacional de Luta contra Reorganização das Escolas

carteira de estudante

Manifestantes ocupam mais de 70 escolas no Estado. ANPG pretende doar aulas e oficinas para os estudantes

Meme Ocupação

Foi marcado para hoje o Dia Nacional Contra a Reorganização das Escolas. A iniciativa, aprovada no 41º Congresso da União Brasileira dos Estudantes Secundaristas (Conubes), pretende paralisar as escolas e promover debates sobre a valorização da educação pública. A reorganização escolar, promovida pelo governador do estado de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), prevê o fechamento de, pelo menos, 93 escolas e a separação por ciclos de outras centenas. Além do ato, haverá uma reunião de conciliação promovida pelo Tribunal de Justiça sobre o projeto.

Escolas ameaçadas são aquelas consideradas estaduais, e estão ocupadas desde a semana passada. Os estudantes acampados pedem que suas respectivas instituições continuem abertas e que não sejam remanejados. Segundo o Sindicato dos Professores do Ensino Oficial do Estado de São Paulo (Apeoesp), já são 74 escolas ocupadas pelos estudantes, familiares e professores, no movimento denominado “A Escola é Nossa”. A rede estadual de ensino de São Paulo conta atualmente com 3,8 milhões de alunos, 224 mil docentes, distribuídos em 5.147 escolas.

A União Brasileira dos Estudantes Secundaristas (UBES), a União Nacional dos Estudantes (UNE) e a União Paulista dos Estudantes Secundaristas (UPES-SP), juntamente aos estudantes da capital paulista, convocam discentes, pais e docentes para ocuparem suas escolas em todo o Brasil, em solidariedade à luta dos paulistanos e paulistas contra a precarização do ensino e em defesa da escola pública de qualidade. Os atos podem ser feitos nas ruas ou nas unidades de ensino.

Ainda segundo a Apeosp, o Governo Estadual encaminhou, em audiência ainda acontecendo, uma proposta para que os manifestantes desocupassem as escolas em até 48 horas e, após, a Secretaria de Educação encaminharia uma nova proposta de reorganização para as diretorias de ensino, porém, nada foi acordado até o fechamento desta matéria.

Porque a ANPG apoia a luta dos estudantes primários e secundaristas?

A ANPG apoia a luta de tais discentes pois considera a ação do governo do estado de São Paulo como um atentado à educação pública de qualidade, bem como aos direitos dos estudantes e professores. Familiares de idades diferentes podem ser separados, gerando, inclusive, ônus para pais, mães e responsáveis, que poderão precisar arcar com transporte para as filhas e filhos. Além disso, a “reorganização” demitirá centenas de professores da rede estadual, lotará salas de aula já cheias – algumas já chegam a ter 60 alunos, com a manobra de Alckmin, esse número aumentará ainda mais -, o que causa maior dificuldade de os docentes atenderem de maneira mais individualizada alunas e alunos, especialmente aqueles com maiores dificuldades, deixando os professores e professoras com uma carga muito maior do que pode ser levada quanto a questão se trata de alfabetização e educação.

A Associação Nacional de Pós-Graduandos vai levantar uma rede de professores e pós-graduandos para doarem aulas e oficinas para os estudantes que estão nas ocupações.

Entenda a “reorganização”

A reorganização foi anunciada no final de setembro e está prevista para entrar em vigor já em 2016. A medida consiste no fechamento de 94 escolas no Estado e a transformação de outras em colégios de ciclo único, que consiste em apenas uma das etapas de ensino, sendo:

Fundamental 1 – 1º ao 5º ano

Fundamental 2 – 6º ao 9º ano

Ensino médio

Tal reestruturação resultará na transferência de 311 mil alunos. A perspectiva da Apeoesp é que mais de um milhão de estudantes sejam diretamente atingidos pela medida, que provocará superlotação nas salas de aula, a transferência de alunos e alunas para colégios mais distantes de suas residências e a extinção do ensino médio noturno.

As quase cem escolas que serão fechadas serão disponibilizadas para outros fins educacionais, segundo o governo do Estado, sendo que 66 já têm uso definido, podendo abrigar Fatecs, Etecs, creches ou escolas municipais. As 28 restantes ainda não têm destino certo.

Da redação com informações da Apeoesp, Rede Brasil Atual, CTB e G1