REPÚDIO À NOVA PRESIDÊNCIA DA COMISSÃO DE DIREITOS HUMANOS DA CÂMARA DOS DEPUTADOS

carteira de estudante
Crédtio: Fora do Eixo
Nós, membros da Associação Nacional de Pós-Graduação e filhos da nação brasileira, também somos filhos de Zumbi de Palmares, de Rosa Egipcíaca, de Antônio Conselheiro, de Lampião, de Bertha Becker, de Maria Bonita, de João Sem Terra, de Tiradentes, de Madame Satã, de Dilma Rousseff, de Zilda Arns, de Ney Matogrosso e Rogéria; filhos de Olga Benário, de Ieda Santos Delgado, de Honestino Guimarães, de Pagu, de Maria Quitéria, do cacique Juruna, de Zuzu Angel, de Vladmir Herzog, de Aracy de Carvalho Guimarães Rosa, de Cora Coralina, de Estêvão Redondo e Padre Frutuoso Álvares; filhos do Índio Tibira Tupinambá do Maranhão, dos Emboabas, de Chiquinha Gonzaga, de Roberto Burle Marx, da Irmã Dulce, de Hélio Oiticica, de Rita Lee, de Cazuza, de Renato Russo, de Cássia Eller, de Álvares de Azevedo, de Tarsila do Amaral, de Olavo Bilac, de João do Rio e Mário de Andrade; filhos de Lúcio Cardoso, de Chica da Silva, de Pedro Nava, de Gilberto Freyre, de Dercy Gonçalves, de Caio Fernando de Abreu, Gasparino da Matta, de Elza Soares, do Pastor Pedro Moura, da Gilda, da Brenda Lee, da Maria Úrsula de Abreu Lancastre e Clodovil Hernandes.
 
Nós, membros da Associação Nacional de Pós-Graduação também somos filhos de Aruanda e dos quilombos de Palmares, de Campo Grande, de Ambrósio, de Canudos, do Mangal, do Campinho da Independência, de Brejo dos Crioulos, de Mata do Tição, de Cafundó e do Carucango; filhos de Cruz Sena, de Passar de Pedra, do Baú, do Córrego Mestre, do Córrego São Domingos Maritaca, de Santa Bárbara, de Barra São José do Quilombo, dos Arturos e da Comunidade do Ó; filhos de Tabatinga, de Quenta Sol, de Acapuri de Cima, de Acomã, de Água Limpa, de Água Preta, da Aldeia Gondá, do Alto Rio Gondá, do Alto Tauaracá, de Amambai, de Aminã, de Aningul e Apapeguá; filhos de Apipica, de Arundu-Mirim, de Arariboia, de Arary, de Ava-Canoeiro e Ava-Guarani do Ocoí; filhos de Bacurizinho, de Buritizinho, de Caramuru-paraguassu, de Coroa Vermelha, de Cunhã-Sapucaia, de Guyraroká e Igautemipeguá; filhos da Serra de Carajás, do Quadrilátero Ferrífero, do maciço do Urucum, da Serra do Oriximiná, do Pontal do Paranapanema, do Pinheirinho, do Novo Pinheirinho, do Ferrão I, do Carlos Lamarca, do Curral de Pedra, de Umuarama, de Eldorado dos Carajás, do Paulo Freire, do Milton Santos; filhos dos terreiros do senhor Nicanor, da Cobra Coral, do Canzel de Pai Quintino, do Joanna d’Arc, do Reino de São Jorge, da tenda de Pai Benedito, do Pai José de Aruanda, da Cabana de Pai Joaquim de Loanda, do Oxalá, do Umbanda Rei dos Reis, do Xangô-Agodô e do Caboclo Lírio Branco.
 
Nós, da Associação Nacional de Pós-Graduandos, filhos de tantos negros e ciganos, índios e cristão novos, filhos de quem luta pela terra no campo e na cidade, filhos dos terreiros e de centros espíritas, filhos de mulheres, homens, gays, lésbicas, transexuais, filhos dos encarcerados nas penitenciárias brasileiras ou nas minerações Brasil-afora vivendo em regimes de escravidão, filhos de lavadeiras e quebradeiras de cocos, filhos do garimpo e dos assentamentos, filhos da mãe d’água e da terra, estamos indignados com a eleição do Deputado Marco Feliciano (PSC-SP) para presidente da Comissão de Direitos Humanos e Minorias da Câmara Federal e manifestamos nosso repúdio ao acordo entre as lideranças dos partidos que o elegeram para cuidar dos direitos humanos e civis daqueles contra quem o deputado sempre agiu público e contrariamente. 
 
Denunciamos que o atual acordo reflete – mais do que o bloqueio aos avanços dos direitos humanos de mulheres, LGBT’s, negros, índios e minorias – a manutenção do poder do atraso das oligarquias brasileiras sobre os rumos democráticos do país e impedirá os avanços que estão sendo materializados desde 1985, ano em que reconquistamos o direito à democracia após vinte e um anos mergulhados num regime autoritário e militar de governo instalado no Brasil. Denunciamos que o controle da CDHM pelo Deputado Marco Feliciano e equipe permitirá que os interesses das bancadas ruralista e fundamentalista em favor do agronegócio e da não demarcação das terras indígenas; em favor da manutenção do latifúndio e da exploração do trabalho escravo nos garimpos e minerações; e em favor da criminalização dos povos indígenas, dos descendentes de africanos e LGBT’s sejam alcançados trazendo graves prejuízos à instituição e ampliação dos direitos republicanos e democráticos na sociedade brasileira.
 
A favor de um estado laico, democrático e de direitos estamos em luta e exigimos a renúncia do Deputado Marco Feliciano, bem como exigimos que um novo candidato seja escolhido entre os parlamentares e que se tenha como critério de escolha de candidato para exercer tão importante função de cuidar dos direitos humanos do povo brasileiro a capacidade ética, moral e cognitiva, expressa numa trajetória intelectual, política e curricular ilibada, bem como o comprometimento com a representação dos interesses e anseios de qualquer brasileiro, independente de suas convicções de foro pessoal ou de suas características fenotípicas ou de gênero, convicções políticas ou religiosas.
 
Associação Nacional de Pós-Graduandos