Fato ou Hipótese?

carteira de estudante

Se confirmado o reajuste anunciado novamente pela Capes e CNPq, a pós-graduação brasileira estará dando outro passo importante no combate à desvalorização das bolsas de mestrado e doutorado, aliviando a vida dos pós-graduandos em todo o Brasil. Se cumprido, será o terceiro reajuste concedido nos dois governos do presidente Lula e atenderá, em boa medida, o que está assinalado no Plano Nacional de Pós-Graduação (PNPG 2005/2010) que aponta para a valorização gradativa e permanente das bolsas e auxílios dos pós-graduandos, necessários à sua formação completa e integral. Tal iniciativa, se honrada, merecerá todo o louvor da Associação Nacional de Pós-graduandos (ANPG).

Entretanto, o Sistema Nacional de Pós-graduação deve ser concebido em seu todo. É inconcebível que muitas agências estaduais ainda não tenham se manifestado no sentido de, desde já, garantir a isonomia entre as bolsas, tranqüilizando os milhares de pós-graduandos que são bolsistas de Fundações de Amparo à Pesquisa nos estados. Certamente é de interesse de toda a comunidade científica que as agências federais e ministérios (educação e C&T) promovam iniciativas públicas no sentido de estimular as contrapartidas dos Estados e uma pronta resposta sobre a equiparação dos valores das bolsas.

Outro ponto importante que visa concepção do sistema em sua integralidade diz respeito às bolsas de Iniciação Científica. Hoje, é praticamente impossível verificar qualquer projeto de pesquisa ou departamento tendo seguimento sem a presença dos nossos colegas da graduação inseridos no PIBIC ou nos PET, presentes no dia-a-dia dos trabalhos. Também suas bolsas deveriam ser reajustadas, amparando uma melhor capacitação desses estudantes e valorizando a Iniciação Científica.

Também o diálogo aberto entre o Movimento Nacional de Pós-graduandos, as agências e órgãos de governos federal e estaduais deve ser posto em novo patamar, mais elevado, em consonância com o novo momento político vivido de maior abertura democrática. Muitas reivindicações podem e devem ser contempladas com apenas vontade política e certas inversões de prioridades.

Dessa forma, ações mais pontuais como a retomada da taxa de bancada pela Capes, a dilatação no tempo de titulação com a devida prorrogação das bolsas às mães pós-graduandas, a uniformização no pagamento das bolsas entre outros direitos, devem continuar sendo perseguidos. Nenhum direito a menos.

A concepção de um Sistema Nacional de Ciência e Tecnologia e Educação Superior concatenado aos grandes interesses da Nação só poderá ser perseguido com a valorização permanente daqueles que dedicam suas vidas na edificação da ciência nacional.

São Paulo, 22 de maio de 2008.