#SOSCIÊNCIA – Como conter a diáspora brasileira

Estudante sorrindo em sala de aula com lápis em mãos.

Nos últimos anos, o termo SOS Ciência ganhou o debate público, as ruas e as redes sociais. O 28º Congresso da ANPG, reuniu neste terceiro dia de congresso, 25.07, um olhar sobre a conjuntura da pesquisa e da ciência nacional, com o viés dos desafios aos pesquisadores brasileiros.

 O debate aconteceu em meio ao primeiro dia da 74ª Reunião da SBPC.

Luana Bonone, mestranda da UFRJ e ex-presidente da ANPG, explanou sobre o fenômeno “Fuga de Cérebros”, em que os pesquisadores deixam o país, e apresentou dados da nota técnica elaborada pela entidade em conjunto com o CEMJ (entro de Estudos e Memória da Juventude), trazendo um painel do cenário atual da ciência brasileira e também 25 recomendações para conter a emigração.

“Estamos iniciando o processo de elaboração do próximo Plano Nacional de Pós-Graduação e a nota também apresenta um balanço dos últimos apontando caminhos essenciais para resolver os desafios atuais”.

Acesse a nota aqui 

Luana também citou o desmonte da pesquisa na Unisinos,  que encerrou 12 programas de pós-graduação e demitiu professores na última semana.

“Não se trata de uma universidade pública, mas reflete muito a conjuntura de desvalorização da pesquisa brasileira. A Unisinos é uma instituição conceituada e muito importante para a região”.

Jaqueline Godoy, vice-presidente da Sociedade Brasileira de Matemática, aprofundou o debate sobre a diáspora brasileira, trazendo um dado alarmante e que contextualiza a necessidade de um pesquisador emigrar.

“ Entre a titulação  de um pesquisador e o emprego no Brasil podem levar cerca de 10 anos, de acordo com estudos, o que explica a necessidade de buscar oportunidades em outros países”, diz.

Além disso, relacionou o aumento do PIB nacional com a empregabilidade dos pesquisadores, demonstrando o compromisso com o desenvolvimento nacional

Para refletir e criar políticas públicas estratégicas,  Jaqueline está recebendo dados dos pesquisadores. Para saber mais sobre o levantamento, acesse o perfil no instagram: @p_cientista_br 

Amanda Guedes, mestranda na UFPR, defendeu uma ciência brasileira democratizada, com mais negros, indígenas e mulheres.

“Não podemos esquecer do recorte de gênero, de raça e social quando falamos em fortalecer a pesquisa no Brasil. Só assim poderemos ter redução de desigualdades”.

 

Reajuste de bolsas

Vinicius Soares, eleito presidente da ANPG para a gestão 2022-2024, apresentou dados sobre a defasagem no valor das bolsas de pesquisadores.

“Apesar de alguns aumentos pontuais, desde 1995 não houve uma recomposição das perdas pela inflação. O valor está cerca de 505% defasado, o que é inaceitável”.

Para garantir a robustez dos investimentos em ciência, Vinicius alertou sobre a importância de recomposição dos recursos do FNDTC e a destinação do fundo do Pré-Sal para a pesquisa.

O reajuste das bolsas é uma das principais bandeiras de luta para o próximo período.