Fundações estaduais de amparo à pesquisa devem ampliar colaboração

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Acordos abrangentes facilitariam o desenvolvimento de projetos envolvendo pesquisadores de diferentes estados, propôs diretor científico da FAPESP no Fórum do Confap

As Fundações Estaduais de Amparo à Pesquisa (FAPs) poderiam fazer acordos abrangentes, reunindo instituições de três ou mais estados, por exemplo, a fim de facilitar e aumentar a cooperação científica entre pesquisadores de diferentes regiões do país.

A proposta foi apresentada por Carlos Henrique de Brito Cruz, diretor científico da FAPESP, nesta quinta-feira (27/08), na abertura do Fórum do Conselho Nacional das FAPs (Confap), em São Paulo.

O encontro, que ocorre até sexta-feira (28/08), na FAPESP, reúne dirigentes das 26 FAPs existentes no país para discutir política científica e tecnológica e ações de incentivo à ciência, tecnologia e inovação nos estados.

Durante o evento, Brito Cruz destacou a necessidade de as FAPs dos 25 estados brasileiros, mais a do Distrito Federal, ampliarem suas colaborações interinstitucionais.

A FAPESP, por exemplo, já possui acordos de cooperação com as FAPs dos Estados do Amazonas (Fapeam), Pernambuco (Facepe), Rio de Janeiro (Faperj), Minas Gerais (Fapemig) e do Maranhão (Fapema).

A ideia, contudo, é ampliar o número de colaborações com as outras FAPs e instituições congêneres, destacou Brito Cruz.

“Acho que estamos olhando bem para a cooperação internacional, mas deixando escorregar oportunidades de colaboração científica dentro do Brasil”, afirmou.

“A FAPESP tem mais convênios e acordos de cooperação com instituições congêneres do exterior do que com as outras FAPs, e não é bom que seja assim”, avaliou.

A sugestão feita por ele para as FAPs aumentarem o nível de colaboração é firmarem acordos a fim de facilitar o desenvolvimento de projetos de pesquisa em conjunto envolvendo pesquisadores de mais de dois estados, por exemplo.

Pelo acordo, um pesquisador do Amazonas poderia se juntar a colegas de outros dois estados, por exemplo, e preparar um projeto de pesquisa conjunta, detalhando a participação de cada um deles.

O projeto seria submetido às FAPs dos estados de cada um dos pesquisadores participantes usando os meios já disponíveis pela instituição para apresentação de propostas de pesquisa.

As FAPs para as quais o projeto foi submetido elegeriam uma delas como agência primária, responsável pela análise do projeto, e decidiriam conjuntamente pela aprovação ou não da proposta de pesquisa, explicou Brito Cruz.

“As FAPs não precisariam ter que reservar recursos para essas propostas e não necessitariam fazer um edital para chamada dos projetos. Os pesquisadores poderiam submeter projetos em cooperação a qualquer momento”, detalhou.

O presidente do Confap, Sergio Luiz Gargioni, disse, durante o encontro, receber a proposta com muito entusiasmo.

“A criação de um programa de cooperação nacional entre as FAPs vai ao encontro de uma das metas para aumentar o impacto da ciência produzida no Brasil que estamos discutindo nessa reunião: a necessidade de aumentar a qualidade das nossas pesquisas”, disse.

“A ideia de envolver diversas FAPs em um acordo de cooperação permitiria aproximar pesquisadores jovens de cientistas mais experientes para a realização de projetos conjuntos, o que refletiria no aumento da qualidade das pesquisas”, estimou.

De acordo com dados apresentados por Brito Cruz, as FAPs são responsáveis por um terço do financiamento à pesquisa feito por agências de fomento governamentais no país.

Em 2012, elas dispenderam o segundo maior volume de recursos para essa finalidade – R$ 1,82 bilhão – entre as agências de fomento à pesquisa governamentais, superando os investimentos feitos pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) – de R$ 1,77 bilhão – e o total de R$ 1,54 bilhão de recursos não reembolsáveis investidos pela Financiadora de Estudos e Projeto (Finep).

“As FAPs são atores muito importantes não só no financiamento à pesquisa no Brasil. Por isso, têm um papel importante se quisermos aumentar o impacto da ciência produzida no país”, avaliou Brito Cruz.

(Elton Alisson/Agência FAPESP)