Manifestação em São Paulo no último dia 20/8 levou mais de 100 mil pessoas às ruas
O dia 20 de agosto de 2015 já vinha sendo conclamado pelos movimentos sociais como o “Dia D”, de defesa da democracia e também da liberdade e dos direitos dos trabalhadores, da juventude e dos estudantes. No fim da tarde de quinta-feira, que entra para a história como uma das maiores manifestações realizadas nos últimos anos no Brasil, uma enorme massa popular e diversa tomou o Largo da Batata, na região oeste da capital paulista, para caminhar juntos por mais avanços e saídas populares para a crise.
O ato começou com um minuto de silêncio lembrando os 18 trabalhadores assassinados em Osasco e Barueri. Depois, mais de 100 mil pessoas marcharam quase 6 quilômetros do largo até ao Masp (Museu de Artes de São Paulo), na Avenida Paulista.
Ao som da bateria, com sorrisos nos rostos e pés firmes no chão, palavras de ordem contra a redução da idade penal e contra os cortes nas áreas da Educação e Ciência, Tecnologia e Inovação, os manifestantes tomaram a avenida Faria Lima, depois adentraram a Rebouças até chegar a uma das principais vias da cidade, a Avenida Paulista, ocupando as duas pistas. Representantes de diversos movimentos sociais, assim como as lideranças das entidades estudantis também participaram da marcha.
A presidenta da Associação Nacional de Pós-Graduandos (ANPG), Tamara Naiz, observa que aconteceram mudanças significativas no país nos últimos anos, porém a entidade reconhece que é preciso avançar ainda mais. “Convocamos os pós-graduandos para participar do ato justamente para não retroceder, e conquistar mais direitos. E essas conquistas e reivindicações só se dão mesmo com mobilizações como essa”, concluiu.
A presidenta da UNE, Carina Vitral, disse que foi questionada diversas vezes onde estava os estudantes que não estavam na passeata do último dia 16. E foi veemente em responder: “não estavam!”
“A juventude e os estudantes têm lado e é do lado do avanço e não retrocesso. Não marchamos com quem pede intervenção militar e sabemos que nossos direitos só avançam se houver democracia. Também devemos lembrar que o governo federal precisa estar mais conectado com o povo, poupando a educação para não prejudicar o acesso da juventude à educação”, afirmou.
Um dia depois da aprovação da redução da maioridade penal na Câmara dos Deputados, a presidenta da UBES, Bárbara Melo, rechaçou a nova jogada do presidente da Câmara, Eduardo Cunha.
“Precisamos de reformas estruturantes para aprofundar a nossa democracia. Estamos defendendo a democracia porque sabemos que em uma ditadura não poderíamos estar aqui, dando a nossa opinião. O filho do rico nunca é preso, o filho do pobre é exterminado na favela, como aconteceu em Osasco e como acontece todos os dias nas favelas. Os ricos devem pagar pela crise, não nós, que construímos esse Brasil todos os dias”, afirmou
Já a presidenta da UEE-SP, Flavia Oliveira, lembra que a defesa da democracia, além de assegurar a participação popular na escolha dos representantes, inclui as reformas estruturais, que diminuem a desigualdade no país. “Que a educação não entre no ajuste fiscal, e sim a taxação das grandes fortunas”, disse.
Bloco do Povo
O coordenador nacional do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST), Guilherme Boulos, iniciou o ato destacando a unidade dos movimentos e a ida do “bloco do povo” para as ruas.
“Estamos aqui para rechaçar a indignação seletiva conservadora, que condena corrupção, porém se alia ao Eduardo Cunha e os ‘panelaços’ que não se comovem com as chacinas da semana passada em Osasco e Barueri. Estamos de forma clara contra as saídas à direita e qualquer saída de ajuste fiscal e de política que prejudiquem os trabalhadores. Hoje o bloco do povo entrou em campo e quer colocar de forma clara a agenda dos de baixo contra a agenda dos de cima. Não vamos sair das ruas enquanto a agenda popular não for ouvida nesses pais.”, afirmou.
Já o presidente nacional da Central Única dos Trabalhadores (CUT), Vagner Freitas, lembrou que a mensagem da manifestação deve ser de defesa as democracia, de construção e crescimento. “Precisamos da agenda popular, do trabalhador, que vai sustentar um governo democrático e não uma política voltada ao mercado, aos bancos, que não possuem compromisso com o povo”, declarou.
José Genivaldo da Silva, dirigente da Federação Única dos Petroleiros (FUP), defendeu o pré sal e seus investimentos sociais, e também foi duro contra as pautas conservadoras, homofóbicas e latifundiárias do Congresso. “Esse ato é uma defesa do Brasil , do povo brasileiro e das políticas de inclusão social”, disse.
Pelo Brasil
Além de São Paulo, manifestantes de outras cidades do país tomaram as ruas em defesa da democracia e contra os ajustes fiscais. Ao todo, foram cerca de 200 mil pessoas, mais de 30 movimentos sociais participaram dos protestos, que foram mais de 40 em todo o país. Representantes da ANPG estiveram presentes nos atos pelo Brasil, ao lado de UNE, MTST e outros movimentos sociais. Somente em São Paulo, mais de 100 mil pessoas marcharam na ocasião. No Rio de Janeiro, cerca de 50 mil foram para as ruas, enquanto em Belo Horizonte e Fortaleza, foram mais de 20 mil.
Da redação com informações da UEE-SP