Pós-graduandos discutem o impacto social da ciência no 25º CNPG

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Foto: Guilherme Bergamini

Qual é o papel do cientista na sociedade? Diante da recente extinção do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação pelo governo interino, essa é uma indagação importante, que foi debatida intensamente no sábado (11), no 25º Congresso Nacional de Pós-graduandos.
A conversa sobre esse tema, realizada na Universidade Federal de Minas Gerais, em Belo Horizonte, contou com a professora Elisangela Lizardo, do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de São Paulo (IFECTSP) e André Viana, professor da área de inovação e competitividade da Universidade Federal da Bahia (UFBA).
De forma interativa, Elisangela levou o público a questionar o impacto social de suas próprias pesquisas. O que o estudo, por exemplo, da plurinacionalidade em países da América Latina traz para a sociedade brasileira? “Somos chamados a todo momento para dizer qual é a relevância do nosso tema”, mostrou.
Ao longo da explanação, os pós-graduandos discutiram o fato de que, muitas vezes, só o impacto social ligado à economia ou que resulta em um produto para o mercado é o que ganha os holofotes. Mas afinal, é apenas por isso que a ciência se torna um fator de desenvolvimento de um país? O que faz o número de titulados influenciar na riqueza de uma nação?
Dos participantes do debate vieram as mais diversas respostas: a qualificação do doutorando para intervir na estrutura nacional, à não dependência tecnológica de outros países, o empoderamento e autonomia da população para compreender e transformar a sociedade.
“O cidadão mais formado presta mais atenção. Cobra mais. Ele exige, não pede, o espaço na sociedade. Inclusive nas esferas de governo. Então, ele fiscaliza mais, cobra mais”, avaliou Najó Glória, doutoranda na Universidade Federal de Sergipe.
Foi este o ponto de reflexão que levou a professora Elisangela a uma ponderação: Para ela, um povo que lê mais é menos subalterno, mais consciente. “Consegue compreender a importância das políticas públicas”, ressaltou.
Porém, ela ressaltou que, infelizmente, não é esse o elemento de grande interesse do Estado na ciência. Não é o seu principal objetivo. “O foco quando se fala em inovação é a capacidade de acumular riqueza”, observou.
A percepção da própria ciência como algo distante, endeusado, foi um dos fatores apontados como o grande responsável por essa valoração restrita. Nem toda pesquisa gera um produto final visível. Alguns estudos têm papel indireto sobre a população. “É necessário que a ciência consiga mudar a sua percepção na sociedade”, defendeu o professor André Viana, da UFBA.
Essa realidade se relaciona, de certa forma, a ausência da ciência no ensino básico. Às pessoas não é dito que não existem verdades absolutas e que o conhecimento não foi apenas revelado. “Elas não conseguem entender que a nossa vida é permeada de política e ciência. E que política é ciência”, disse Elisangela.
Shirley Pacelli, de Belo Horizonte