Reunião da Diretoria Plena da ANPG reúne APGs de todas as regiões do país

carteira de estudante
Foto: Natasha Ramos/ANPG
Fotos: Natasha Ramos/ANPG

A diretoria plena da Associação Nacional de Pós-Graduandos se reuniu, nos dias 15 e 16 de novembro, para deliberar sobre o planejamento da gestão, as campanhas e atividades prioritárias da entidade. O evento, que foi aberto ao público e realizado no Sindicato dos Engenheiros do Estado De São Paulo (SEESP), na capital paulista, contou com a presença de 21 diretores da ANPG (68% da diretoria), além de estudantes de pós-graduação, e membros de APGs e comissões pró-APG de todas as regiões do país.

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O encontro foi iniciado com a mesa sobre “Conjuntura pós-eleições 2014: Desafios e perspectivas para os movimentos sociais no próximo período”, que teve como palestrantes Júlio Turra, dirigente da Executiva da Central Única dos Trabalhadores (CUT); Paulo Tauyr, arquiteto, militante do Transporte Justo e do PSOL São Carlos; e Euzébio Jorge, do CONJUVE (Conselho de Juventude) e do CEMJ (Centro de Estudos da Memória da Juventude).

O debate girou em torno das manifestações da direita e da esquerda que, pós-eleições, continuam a tomar as ruas, principalmente, de São Paulo. “Vamos entrar em um período de turbulência intensa, pois o chamado ‘terceiro turno’ já está acontecendo. Hoje (sábado, 15), vai ter uma manifestação da direita na Avenida Paulista, mas tenho certeza que não reunirá tantas pessoas quanto no ato da esquerda, realizado na última quinta-feira (13) [que reuniu cerca de 15 mil pessoas]. No entanto, certamente, terá mais repercussão da mídia do que nós tivemos”, comentou Turra, durante o evento.

O dirigente da CUT comentou ainda sobre a polêmica que a imprensa tem gerado sobre a Reforma Política, assunto em pauta desde o dia 26 de outubro: “A presidenta Dilma apenas comentou em certa ocasião, na emissora de TV Band: ‘Plebiscito ou referendo, essas são duas formas de consulta popular e ambas deságuam na Constituinte’, e a mídia, baseando-se nesta declaração, transformou o assunto em polêmica entre plebiscito ou referendo.”

Paulo Tauyr comentou o fato de diversos setores da esquerda unirem esforços para que a presidenta Dilma fosse reeleita, frente ao sentimento anti-PT. Este sentimento, segundo ele, vem da classe média alta e, aos poucos, contamina a classe média e a classe trabalhadora ou nova classe média. “O problema é que esse sentimento acaba influenciando e/ou criando um sentimento anti-esquerda mais amplo”, diz Tauyr.

Sobre a reforma política, ele pondera, afirmando que essa não pode ser encarada como a solução para todos os problemas, pois, “o que vai pesar na balança mesmo é a luta fora do parlamento, as lutas sociais”. Ainda sobre esse assunto, Tauyr diz que, neste cenário de instabilidade política em que setores conservadores começam a lutar por uma ideologia orientada à direita, é preciso que a esquerda adote um discurso e uma prática que busquem conquistar mais pessoas.

“Essa última eleição nos deu sinalizações importantes, não apenas para os brasileiros, como para o restante do mundo”, afirmou Euzébio Jorge em sua fala. “Ficou evidente a posição de cada governo diante da disputa eleitoral: uma disputa clássica entre direita e esquerda”, acrescentou. Euzébio ainda comentou sobre o comportamento enviesado da grande mídia, que fazia uma clara campanha pró-PSDB. “Conseguimos derrotar a mídia, num cenário favorável a ela. A ações nas redes sociais e nas ruas garantiram a vitória da esquerda”, comentou.

Para finalizar, ele propôs algumas reflexões: “Depois do comportamento da grande mídia, em especial da revista Veja, na reta final do processo eleitoral, é preciso que o Estado pare de financiar essa mídia golpista”, disse. A outra questão levantada por Euzébio foi a necessidade de que, além da reforma política, seja feita uma reforma curricular. “Precisamos formar o povo, contextualizando os conflitos enfrentados no nosso país nos últimos anos. Será que essa universidade que temos hoje funciona? É a universidade de que precisamos?”.

Diretores da ANPG e põs-graduandos repercutem o que foi dito durante o debate. Foto: Natasha Ramos/ANPG
Diretores da ANPG e pós-graduandos repercutem o que foi dito durante o debate.

Em defesa da ciência e dos pesquisadores

O planejamento da gestão 2014-2016 da ANPG teve como norte a Campanha por mais Direitos para as Pós-Graduandas e para os Pós-Graduandos. Esta campanha se baseia no Documento de Direitos e Deveres dos pós-graduandos, aprovado no 24º Congresso da entidade.

Diretora de Comunicação, Gabrielle Paulanti, e  Tesoureiro da ANPG, Igor Dias, expõem o trabalho realizado até então e as metas desta gestão, em suas respectivas pastas.
Diretora de Comunicação e Tesoureiro da ANPG, Gabrielle Paulanti e Igor Dias, expõem o trabalho realizado até então e as metas desta gestão em suas respectivas pastas

“A reunião teve um saldo positivo, teve participação da maioria da diretoria da ANPG e APGs de todas as regiões do país. Aprovamos um planejamento que coloca no centro da política da entidade a defesa da ciência e dos pesquisadores. Tendo isso como eixo, vamos lutar por mais direitos para os pós-graduandos, melhores condições de pesquisa e mais financiamento para Ciência e Tecnologia no país”, diz Tamara Naiz, presidenta da ANPG.

“Durante a reunião, aprovamos um calendário de atividades e campanhas que a ANPG vai realizar nos próximos dois anos, como o Seminário Nacional de Assistência Estudantil, o Seminário Nacional sobre Internacionalização da Ciência Brasileira, além de um Salão Nacional de Divulgação Científica, que vai discutir financiamento da Ciência e Tecnologia no país, a criação de um Conselho Nacional de Associação de Pós-Graduandos, a caravana à Brasília para lutar por mais direitos, dentre outras ações. Todas essas atividades e campanhas que foram aprovadas estão a serviço desse planejamento que está a serviço do que foi decidido no 24º CNPG, por mais direitos e melhores condições de pesquisa para os pós-graduandos brasileiros”, acrescenta Tamara.

Diretores regionais discorrem sobre suas respectivas pastas.
Diretores regionais discorrem sobre suas respectivas pastas

APGs expoem informativos de suas atividades durante a reunião
APGs expoem informativos de suas atividades durante a reunião

Público durante Reunião da Diretoria Plena da ANPG.
Público durante Reunião da Diretoria Plena da ANPG.

O planejamento da gestão visa ainda fortalecer a atuação da ANPG em defesa da pesquisa e do pesquisador com vistas à ampliação de direitos e melhores condições de pesquisa para os pós-graduandos brasileiros, a partir do diálogo permanente entre o movimento nacional de pós-graduandos e a rede de interlocução.

“O planejamento que foi aprovado vai conseguir avançar em várias pautas que hoje são necessidades dos pós-graduandos no Brasil. Entre elas, uma que é muito importante a meu ver é a assistência estudantil, que já vem sendo trabalhada há algum tempo, mas que acredito que essa gestão tem a possibilidade de consolidar isso e tornar a assistência estudantil uma realidade para todos os pós-graduandos do país”, comentou Caiubi Kuhn, da APG da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), que assumiu a diretoria de Políticas Educacionais da ANPG, no lugar de Luiz Gustavo de Souza Lima Junior.

Os objetivos dessa gestão são ainda: Ampliar a influência social da Associação Nacional de Pós-Graduandos no cenário científico, político e acadêmico como uma entidade de opinião; e Consolidar a atuação da ANPG no movimento de pós-graduandos, integrando e estimulando o crescimento das organizações locais e regionais.

“Essa reunião mostrou um amadurecimento da entidade, com pautas cada vez mais bem definidas. Estamos conseguindo definir um calendário de lutas pela assistência estudantil e por direitos mais avançados, do que apenas o aumento de bolsas”, comenta Luiz Fernando Ramos Lemos, da UNICAMP e Diretor de Instituições Estaduais da ANPG.

Da redação