A Defesa do SUS é o centro do debate da Conferência Livre de Saúde

carteira de estudante

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Aprimoramento e defesa do SUS é questão de militância intensa entre os participantes e debatedores

Na manhã dessa quarta-feira (15), a tenda da ANPG, montada na Universidade Federal de São Carlos, ficou tomada por profissionais, estudantes, pós-graduandos e especialistas de entidades ligadas à saúde para participar da Conferência Livre De Juventude Preparatória para a 15ª Conferência Nacional de Saúde.

Tamara Naiz, presidenta da ANPG, abriu o evento falando da iniciativa para tratar do tema central da conversa, cujo tema foi “A Juventude por Mudanças na Saúde do Brasil para cuidar bem das pessoas”, dentro do 4º Salão Nacional de Divulgação, já que a saúde passa por diversas cadeias e é um claro indicativo de desenvolvimento e promoção da igualdade no país.

Tamara Saúde

“Dentro do tema, é essencial também abordar o SUS, e as particularidades que envolvem o sistema e suas transformações para atender as necessidades da população, e enfim ampliar o acesso à saúde”, afirmou a presidenta.

Dalmare Sá, diretor de saúde da ANPG e membro do Conselho Nacional de Saúde, que mediou a Conferência, falou também do papel do debate de congregar diversos movimentos de juventude, com diversidade na representação.

Dalmare - Saúde

Com a presença de jovens negros, movimento LGBT (Lésbicas, Gays, Bissexuais e Trans) e de religiões de matrizes africanas, em que muitas vezes não são incluídas as particularidades dos seus atendimentos, a pauta prioritária do debate e intervenções foi a defesa da saúde pública e o seu pleno acesso.

“O espaço é fundamental para propor mobilizar, articular uma organização e levar esse direito fundamental da população para forças políticas progressistas, e que haja ações efetivas para um modelo público que atenda a população amplamente”, declarou.

O diretor lembrou que, como a Conferência faz parte de um evento de uma entidade representativa de estudantes, com a presença de pós-graduandos, graduandos e secundaristas, também foi tratado a formação do profissional de saúde, em todos os níveis, para então chegar a um sistema realmente eficaz.

“Boa parte dessa formação não se faz apenas na universidade, na academia, e sim promovendo vivências. Lembrando que quando falamos de sucateamento no sistema público de saúde, são afetados os usuários e profissionais.Portanto, cabe a nós, profissionais de saúde, refazer as lutas pelo SUS”, disse o diretor de saúde, lembrando também da fiscalização da Lei Complementar nº 141, que garante valores mínimos para serem utilizados em serviços públicos de saúde que promovam a igualdade.

Michely Ribeiro, representante da Lai Lai Apejo, uma rede nacional para a saúde da população negra e AIDS e que compõe o Conselho Nacional de Saúde, iniciou sua fala questionando os participantes se há credulidade na efetivação no direito humano à saúde.

Michely Saúde

A partir daí, ela elencou que é preciso, antes de tudo, elucidar o processo sócio-histórico da sociedade brasileira e perceber que ele provoca impactos diretos nos indicados de saúde pública.

“Identificamos que as populações com maiores desvantagens e violações aos direitos humanos, são aquelas que possuem indicadores desfavoráveis em relação à saúde. Para isso, pensamos em medidas para a inclusão e promover não apenas a equidade, mas políticas para igualdade”, avalia Michely.

Reformas Essenciais

Para reverter os aspectos negativos e desiguais na saúde, ou em qualquer acesso a direitos básicos, deve-se pensar em uma democracia e políticas públicas.

Marcelo Arias, diretor de Comunicação da ANPG e membro do Conselho Nacional de Juventude, ampliou esse debate indo direto ao ponto inicial da questão, que é de onde sairiam as transformações para a sociedade brasileira: as reformas sociais e estruturais.

Marcelo Saúde

O diretor de Comunicação citou a reforma agrária, na comunicação, a tributária que envolve a taxação das grandes fortunas–, no sistema de saneamento e energia e principalmente, a reforma política, que muda as estruturas da representação no Congresso Nacional e que levaria ao fim do financiamento privado de campanhas, e consequentemente, combateria a corrupção.

“Com essas reformas, podemos refletir o quanto não haveria mais de recursos para universalizar a saúde e alterações que colocariam na frente a questão do acesso público a esse direito básico”, complementou.

Euzébio Jorge, presidente do CEMJ (Centro de Estudos e Memória da Juventude), ressaltou que a reforma que promova outras bases de transformação é a solução para concretizar os avanços ocorridos no país nos últimos 12 anos e que levaram a mais acesso à educação e aumento de renda, e que ofereceram um desenvolvimento material. Para ele, chegar perto de alcançar condições financeiras, não resolve os problemas do país.

Euzébio Saúde

“É preciso pensar agora no desenvolvimento que elimine preconceitos e desigualdades, que ofereça, portanto, ganhos imateriais. Há estudos que indicam que a constância em uma situação de pleno emprego, reduz em grandes escalas problemas estruturais do mercado de trabalho, como rotatividade e preconceito”, afirmou Euzébio.

“Porém, recentemente, com os ajustes fiscais, há um claro retrocesso, portanto esse é o momento de reflexão para os rumos que o país deve tomar daqui em diante, já que há falência nesse sistema”, ponderou ele.

Carta de Ações
Na parte da tarde, os participantes da Conferência se dividiram em Grupos de Trabalho, que envolviam eixos de debates sobre direito e garantia à saúde pública, financiamento público e privado, sistemas de gestão em unidades de saúde e processo de valorização e formação dos profissionais.

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A partir das mais de duas horas de deliberação, foi aprovada uma carta de reivindicações, propostas e apontamentos com subsídios tanto para a próxima Conferência de Saúde da ANPG como para a 3ª Conferência Nacional de Juventude.

Por Sara Puerta, de São Carlos