NOTA EM SOLIDARIEDADE À MANUELA D’ÁVILA

São Paulo, 15 de junho de 2021
A Associação Nacional de Pós-Graduandos vem por meio desta nota expressar apoio e solidariedade à Manuela D’Ávila. Ela que é ex deputada federal pelo RS, e foi recentemente da base de representação da ANPG, vem sendo vítima junto com sua família, mais uma vez, de ataques e agressões de grupos neofascistas, facções essas que no governo federal têm encontrado espaço para expelir e ostentar todo o ódio e violência contra grupos minoritários. Dessa vez, além das constantes ameaças de morte que Manuela vem sendo vítima, sua filha de cinco anos é ameaçada de estupro em grupos reacionários.
Sabe-se que a violência de gênero é estrutural seja na sociedade, na política ou em quaisquer espaços públicos, os quais as mulheres historicamente foram excluídas. Além disso, em contexto de crise do sistema econômico, de cortes orçamentários em políticas que atingem principalmente as mulheres – relacionadas a saúde, educação, assistência social – a tendência é que os ataques de gênero se ampliem, afinal, o lugar da mulher no trabalho doméstico e do cuidado, deve ser reforçado e visibilizado para a manutenção da exploração de classe.
Os crimes de ódio que Manuela têm enfrentado são, portanto, resultado dessa onda reacionária que ganha lugar em um país que vê suas desigualdades se aprofundarem ainda mais e que ao longo de grande parte de sua história, não buscou superar o racismo e o patriarcado. Na pós-graduação, estas estruturas são reproduzidas e manifestam-se de diversas formas, como por exemplo, no sentimento de impostora das pesquisadoras, pelas dificuldades de conciliação das atividades de cuidado com as exigências de produtividade e também por situações lamentáveis de assédio sexual e moral.
Por tudo isso, a ANPG, que tem grande parte de sua história liderada por mulheres, tem reivindicado incessantemente políticas nacionais que promovam a igualdade de gênero e raça nos programas de pós-graduação, ampliando a diversidade dos pesquisadores, com a garantia de condições adequadas de acesso à permanência. Como também, pleiteia a criação de dispositivos eficazes de controle para a punição dos assediadores e proteção a todas as vítimas de violência de gênero em nossas instituições.
Nesta conjuntura tenebrosa, devemos estar fortes para repudiar e combater toda a manifestação de violência e opressão com os instrumentos democráticos que construímos por muita luta popular. Por isso, exigimos a mais rápida apuração e responsabilização dos criminosos envolvidos. Seguiremos organizados, por justiça a Manuela e sua família, e com todo o povo brasileiro, para destruir as estruturas de opressão que violentam e matam as mulheres diariamente em nosso país. Manuela, estamos com você.

Associação Nacional de Pós-Graduandos