100 anos do 8 de março: ainda há muito o que conquistar!

carteira de estudante




 


Para comemorar o Dia Internacional da Mulher e avançar nos direitos das mulheres pesquisadoras, a ANPG participará de atividades no dia 8 de março. No Rio, o Ato será na Cinelândia. Em São Paulo, na Praça da Matriarca, ambos a partir das 10 horas da manhã. 

 

Em 1910, durante o II Congresso de Mulheres Socialistas em Paris, que reunia grandes pesquisadoras marxistas da época, Clara Zetkin, professora formada e escritora, apresentou sua proposta pela realização de um dia de luta internacional da mulher para reivindicar melhores condições trabalhistas para as operárias e defesa dos direitos políticos das mulheres. A proposta foi aprovada por aclamação. A consagração do direito de manifestação pública veio com apoio internacional, em 1975, quando a Organização das Nações Unidas (ONU) instituiu oficialmente a data como o Dia Internacional da Mulher.

 

Há cem anos a luta de mulheres guerreiras garantiu a conquista de muitos direitos a todas. Nas décadas de 1920 e 1930, Bertha Lutz, zoóloga, foi uma das pioneiras na luta pelos direitos das mulheres no Brasil. Nascida em São Paulo, é a responsável pela aprovação da legislação que outorgou o direito das mulheres votarem e serem votadas (1932).

 

Bertha ingressou por concurso público como bióloga no Museu Nacional, sendo assim a segunda mulher a ingressar no serviço público brasileiro. Criou a Liga para a Emancipação Intelectual da Mulher (1919), que foi o embrião da Federação Brasileira pelo Progresso Feminino, a FBPF. Foi também eleita como suplente à Deputada Federal em outubro de 1934, assumindo o cargo em decorrência da morte do titular em julho de 1936.

 

No exercício parlamentar defendeu mudanças na legislação referente ao trabalho da mulher e do menor, a isenção do serviço militar, a licença de 3 meses para a gestante e a redução da jornada de trabalho, então de 13 horas. É reconhecida como a maior líder na luta pelos direitos políticos das mulheres brasileiras.

 

De lá pra cá, muitas vitórias foram conquistadas, contudo, ainda temos muito a fazer. Na área científica o desafio das mulheres é ainda maior.

 

Em setembro de 2003, ao empossar o novo Conselho Nacional de Ciência e Tecnologia, em Brasília, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva classificou-o de "clube do Bolinha", por ter uma única mulher – Wrana Maria Panizzi, reitora da Universidade Federal do Rio Grande do Sul – entre os seus 24 integrantes.

 

Na verdade, elas existem e até são em maior número na maioria das áreas do conhecimento. Mas, como entraram mais recentemente nesse universo, são minoria entre os pesquisadores mais titulados e, portanto, recebem menos recursos para bolsas e auxílios que exigem maior experiência e títulos.

 

São ainda quase invisíveis em cargos de direção de centros e institutos de pesquisa ou de gestão de política científica e tecnológica. A Academia Brasileira de Ciências, por exemplo, tem cerca de 10% de mulheres em seus quadros. Pouco, mas mais que nos Estados Unidos, onde a presença feminina está em torno de 7,5%.

      

Para comemorar o Dia Internacional da Mulher e estimular o debate e a realização de mais atividades com esta temática  as mulheres voltam a ocupar as ruas. Atividades em várias cidades do Brasil estão programadas para ocorrer. Em São Paulo, o ato será na Praça da Matriarca (rebatismo simbólico da Praça do Patriarca, feito pelo movimento de mulheres há dois anos), a partir das 10 horas da manhã, para comemorar o já conquistado nesta história de mobilização coletiva, mas também mostrar que a luta por autonomia, igualdade e direitos segue atual e necessária.

Bandeiras históricas como a socialização do trabalho doméstico, salário igual para trabalho igual, o combate à violência, a reivindicação de creches para todas as crianças e o direito ao aborto continuam na ordem do dia do movimento.

A ANPG se solidariza com a luta de todas as mulheres e convida a todos(as) a participarem das atividades em suas cidades. Nestes 100 anos de 8 de Março, ainda temos muito por que lutar! Junte-se a nós na luta pela democratização da ciência, pela ampliação dos recursos do MEC e do MCT e pela licença maternidade para todas as bolsistas. Sua participação é muito importante!