Por Theófilo Rodrigues
A sociedade brasileira corre o risco de perder seu principal centro de produção científica: o Instituto Universitário de Pesquisas do Rio de Janeiro- Iuperj. Responsável pelos melhores cursos de pós-graduação na área de ciências sociais do país, o Iuperj hoje corre o risco de fechar suas portas por absoluta falta de recursos.
Fundado em 25 de setembro de 1969, o Iuperj tem uma importante galeria de serviços prestados ao país. Lá se foram 40 anos de produção científica do mais alto nível, além da formação de professores/pesquisadores que hoje atuam nas principais instituições de ensino superior do Brasil.
O Instituto publica regularmente, desde 1966, DADOS – Revista de Ciências Sociais, revista acadêmica reconhecida internacionalmente. Publica, portanto, desde antes de sua fundação enquanto programa de pós-graduação, a principal revista de ciências sociais do Brasil.
Em recente cerimônia de posse da atual Diretoria do Iuperj, o presidente da Finep, professor Luís Fernandes, deixou claro o reconhecimento público do Ministério da Ciência e Tecnologia para com o Iuperj. Segundo Fernandes, esse reconhecimento se dá graças ao “papel único e insubstituível que o Iuperj tem no desenvolvimento não só das ciências sociais, mas do pensamento que subsidia a formulação de políticas publicas no país. Esse reconhecimento parte da excelência do trabalho de formação e pesquisa que é realizado no Iuperj”.
Vale lembrar que o próprio Luís Fernandes é cria da casa, tendo realizado seu mestrado e doutorado em ciência política no Iuperj. Figura pública reconhecida no meio acadêmico e na sociedade, Fernandes já ocupou a Secretaria-Executiva do MCT e a Diretoria Científica da FAPERJ.
Mas assim como Fernandes, podemos encontrar sem esforço dezenas de outros importantes quadros intelectuais formados pelo Iuperj e que hoje ajudam a transformar o Brasil em destacados cargos públicos e privados.
Infelizmente, esse importante centro de excelência da produção científica brasileira se encontra ameaçado. Segundo o Diretor-Executivo do instituto, professor Jairo Nicolau, os professores e funcionários já estão há seis meses sem receber.
Apesar de sua fundamental relevância pública, o Iuperj é vinculado a Universidade Candido Mendes (particular) que se encontra numa situação financeira gravíssima com dívidas de aproximadamente R$ 300 milhões.
Uma alternativa sempre lembrada é ser incorporada a uma universidade pública, ou seja, sua estatização. Solução ideal, se levarmos em consideração que hoje o Iuperj possui o único curso de doutorado em Ciência Política do Rio de Janeiro. Infelizmente, essa possibilidade é deixada de lado devido à ligação histórica do professor Cândido Mendes com o Instituto. Outra possibilidade mais plausível é a criação de uma Organização Social (OS) como forma de captar recursos públicos.
Enquanto nenhuma das duas alternativas se materializa, observamos de longe o triste estado em que se encontra a maior casa de produção científica do país. Aguardamos, esperançosos, por uma decisão sensata do poder público e da direção da Universidade Candido Mendes. Não deixem o Iuperj morrer. Salvem o Iuperj!
Para saber mais sobre o Iuperj, visite www.Iuperj.br
Theófilo Rodrigues é mestrando no Programa de Pós-Graduação em Ciência Política da Universidade Federal Fluminense – UFF.