As Tecnologias de Informação e Comunicação o Novo Projeto Nacional de Desenvolvimento: o protagonismo da juventude.
por Thiago Oliveira Custódio*
Acelerar a convergência entre o plano conjuntural e o projeto estratégico foi uma das lições ensinadas por Gramsci à modernidade: “é preciso organizar a vontade coletiva”. De uma auto-estima ininterruptamente castigada pelas moscas bem entendidas em tirania da República das Bananas, o Brasil passou a ser o país do nunca antes na história desse país, e aquele que fora dado como morto mostrou-se forte e puljante, sob égide do epíteto nacional: sou brasileiro e não desisto nunca, a versão popular do verás que um filho teu não foge à luta. E existem alguns instrumentos que podem nos auxiliar os nossos próximos desafios e vitórias.
Quando a democracia de mais de 200 anos ininterruptos de pilhagem, guerra e genocídio em nome do capital, disse aos ex-humilhados dos trópicos, é impossível; quando o braço armado dessa potência revelou sua profunda verossimilhança com os inimigos do passado ao assumir a suástica como método; quando a estúpida ironia em forma de caricatura apoderou-se do tom das notícias do PIG; foi para desgosto de todos esses donos do poder que nosso governo ergueu-se e com ele um povo que não reconhece mais as algemas do passado, afirmando tão alto, por cima do vôo da águia do império, aqui não há desistentes. Foi nesse momento que vencemos, pois ninguém reclama o derrotado, ninguém desenha caricaturas do inexistente, ninguém se arma sem propósito. E hoje, a caricatura reconheceu sua estupidez, e os angustiados só são lembrados pela violência. Sem dúvida, esse é o cenário recorrente, por sinal o que melhor se fixa, dos últimos movimentos da política externa do Governo Lula. E como todas essas questões foram twiitadas, como blogueiros escreveram sobre isso. Nunca antes na história do país a rede foi tão utilizada em defesa do Novo Projeto Nacional de Desenvolvimento, mas ela não é neutra o combate de idéias precisa disputá-la.
Um amigo me ensinou que a política também se faz por sinais, nesse sentido relembro a recente frase do presidente do IPEA, Marcio Pochmann, ao afirmar que “o embate eleitoral que se aproxima será mais ideológico”. Não há dúvidas quanto a isso, seu caráter ideológico, ao contrário dos que pautam falsas alienações, está radicalizado na profunda participação dos movimentos sociais, de mãos dadas e cérebros em ritmo de elaboração comum, sintetizando vozes em plataformas, tal como aconteceu no último Congresso da ANPG, com mais de seiscentos pós-graduandos aprovando a tese Movimento um Passo a Frente.
O País busca um novo marco civilizatório, que já é reconhecido pela sigla NPND, Novo Projeto Nacional de Desenvolvimento, fato notório no CONCLAT. No plano tático a capacidade organizativa do movimento social é surpreendente, e justamente por isso, não será televisionada.
Venho de uma geração posterior à queda do Muro de Berlim, e sinceramente minhas primeiras lembranças são da Copa de 1994, principalmente do golaço do Branco contra a Holanda. Falo de uma geração que viu o esfacelamento da URSS no youtube, que possui facilidade em todos esses instrumentos de Tecnologias de Informação e Comunicação e que justamente por causa dessa interposição é considerada a geração do apático em relação ao fora Collor, geração esta que por sua vez é considerada apática em relação à geração da Ditadura Militar, que foi considerada apática em relação à geração do Petróleo é Nosso, que foi considerada apática em relação à geração abolicionista, cujo exemplo é Castro Alves, patrono da UJS. Sinceramente, quem acompanhou a Movimentação da Campanha do 50% do Fundo Social do Pré-Sal para a Educação, teve uma belíssima lição de dialética, pois com os mesmos instrumentos, até certo ponto vistos negativamente, tecnologias pelas quais vimos a queda do Muro de Berlim, e o esfacelamento da URSS, com esses mesmos instrumentos de Tecnologia da Informação e Comunicação, pressionamos os senhores senadores e mais uma vez ganhamos. Para dizer a verdade é sobre as Tecnologias de Informação e Comunicação que gostaria de dar alguns pitacos.
Nossa geração, sem dúvida, é uma geração de quadros de base e intermediários com ampla capacidade argumentativa, as tecnologias têm temperado o aço. Mas não quero converter e a técnica em chave mágica de nossa redenção, é preciso levar em conta que essencialmente o papel dessas Tecnologias de Informação e Comunicação, mais conhecidas sobre a sigla TIC’s, são definidas socialmente.
A UJS vai garantir o quarto gol na copa, porque os três primeiros serão marcados com nossa mobilização para o 15º Congresso da UJS em Salvador, ao lançar a plataforma UJS na Rede, trata-se de uma avançada plataforma com profunda capacidade de meta programação sincronizada. Estou da falando da plataforma que utilizamos para cadastrar nossos militantes. O que significa é isso, camarada?
Muito bem, muitos de nós temos Orkut, facebook, twitter e blog’s. Conseguimos, é verdade, linkar esses instrumentos que são na maioria das vezes nossos perfis sociais, isso é meta-programação, um programa que fala ou gerencia outros programas. Já a sincronização é a capacidade subordinar todas essas tecnologias a uma mesma ação, por exemplo, postagem no twitter que aparece imediatamente no blog.
Mas o que isso significa do ponto de vista organizativo? Significa mais agilidade na capacidade de mobilização, comunicação, formação e informação. Em Estados que enfrentam profundas desigualdades regionais, como o meu querido Estado do Pantanal, a Rede UJS é aposta concreta na superação de dificuldades como está.
Essa é a primeira perspectiva que gostaria de apontar, a relação das Tecnologias de Informação e Comunicação com a superestrutura, e sua forte influência como tecnologia no acúmulo de forças no plano tático na construção da contra-hegemonia, reforçando mais uma vez que a técnica não é neutra, seu aspecto ideológico é definido socialmente, e ela está subordinada à luta de classes.
A outra perspectiva em que gostaria de abordar as TIC’s diz respeito à sua alta capacidade de gerar valor tecnológico industrial agregado. Ou seja, a relação das Tecnologias de Informação e Comunicação com Ciência e Tecnologia e o setor produtivo.
O motivo é pretensamente óbvio: o projeto de desenvolvimento nacional deverá absorver as tecnologias de informação e comunicação ao setor produtivo para garantir agilidade ao processo de industrialização, seja por incorporação de hardware ou software.
Essa afirmação não é blefe, a média das 59 empresas líderes em TIC’s no país (não quer dizer que são sangue puro tupiniquim) revela uma absurda capacidade de gerar valor tecnológico e industrial agregado. O investimento dessas empresas em TIC’s, na ordem de 2,3 bilhões gerou uma receita final de 260 bilhões. Em outras palavras, essa terceira revolução industrial com certeza garantiu sobrevida à composição orgânica do capital, e sinceramente, não quero nem imaginar a mais valia relativa no setor.
A realidade nacional apresenta dificuldades que precisam ser superadas. O câmbio e o imposto sobre a entrada de capital estrangeiro no setor afastam as TIC’s do projeto de desenvolvimento nacional, até certo ponto, reforçando a tese de que o Brasil cresce com processo de desindustrialização. No saldo de comércio exterior as TIC’s caíram 30% entre 2003 e 2006 devido ao aumento de importações.
Essa afirmação é justificada pela composição do setor: 47,8% em 2006, do valor gerado em TIC’s são provenientes de conglomerados em Telecomunicação internacionais e profundamente radicalizados no capital financeiro internacional. A distribuição da produção das TIC’s em relação aos setores estratégicos é a seguinte: 74,4% nos serviços, 23,0% na indústria e 2,6% no comércio. Vale notar que o valor gerado no setor bateu a casa dos 80 bilhões em 2006, ou seja, expressão numérica cinco vezes maior, para ser modesto, que o dispêndio em ciência e tecnologia do MCT no mesmo ano.
O Novo Projeto Nacional de Desenvolvimento deve entender as TIC’s como setor estratégico em Ciência em Tecnologia 1) pela alta capacidade em gerar valor tecnológico agregado; 2) pela relação das TIC’s com a superestrutura. Uma política de transferência de tecnologias que não combata o capital financeiro internacional com um Estado forte e centralizador estaria fortemente fadado ao fracasso. Nesse sentido é preciso convergir uma política financeira e de ciência e tecnologia com fortes raízes no setor produtivo, para garantir esse sucesso.
Quando as TIC’s colocam em jogo a disputa entre pós-graduação e mercado, o Estado é novamente derrotado, o salário médio do setor TIC é em 2006 é de 2200 R$ e sobe para 3000 R$ se limitado à subárea de Telecomunicações, contra os franciscanos 1800 R$ da bolsa de doutorado de hoje, quatro anos depois do levantamento do IBGE.
Para concluir essa primeira investida sobre o papel das Tecnologias de Informação e Comunicação é importante relembrar que essas tecnologias estão presentes na nossa vida política e o avanço de nossa capacidade organizativa pode ser definido com o sentido social com que nos apoderamos desses instrumentos. Mais do que isso, precisamos definir um papel para as TIC’s no Novo Projeto Nacional de Desenvolvimento. As TIC’s já são parte integrante de nossa subjetividade está na hora de operá-la do ponto de vista da organização político, nisso a UJS vêm mostrando que é craque. Precisamos ir para o ataque sem esquecer que nossa defesa está no setor produtivo. E está na hora do país parar de jogar na retranca no que diz respeito ao seu processo de industrialização.
*Thiago Oliveira Custódio é Diretor de Tecnologias da Informação e Comunicação da ANPG, mestrando em educação pela UFMS e blogueiro: www.camaradapuff.blogspot.com